Pesquisar neste blogue comdeuseaverdadedeorobo

sábado, 7 de abril de 2018

O instinto de Lula. Por Moisés Mendes


getula
Sem autorização, mas por excelência, reproduzo o texto do jornalista gaúcho Moisés Mendes, em seu Facebbok:
“A decisão que Lula tomar amanhã ou depois será bem tomada. Tão bem tomada quanto a de hoje, quando mandou um recado a Sergio Moro. Não marque hora para me prender, nem tente me seduzir com celas especiais.
Pois deixem que Lula continue sendo conduzido por sua intuição. Não caiam numa armadilha ingênua e egoísta proposta pela direita e aceita por parte da esquerda.
É a armadilha quase infantil de que a prioridade agora, se Lula for preso, e mesmo que não seja, é buscar uma alternativa à sua candidatura.
É ingênua porque nada se ganha apressando uma definição sobre frentes e candidaturas herdeiras de Lula. Ganha-se o quê?
Alguém imagina Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos sendo indicados, em meio à consternação, como sucessores de Lula? E saindo em disparada para saber quem chega na frente? Não sairiam. Os dois são solidários a Lula porque dependem dele.
E o debate sobre alternativas é egoísta e quase neoliberal porque, em nome da ideia utilitária da viabilização de uma frente ou de um nome, há muita gente disposta a abandonar Lula e sua resistência.
Abandonar o poder simbólico e real de um Lula lutando contra Sergio Moro, o Supremo de Jucá, o Quadrilhão, o pato da Fiesp e a imprensa é desprezar o que as esquerdas têm hoje de mais valioso.
Lula carrega as esquerdas nas costas. Hoje, o mundo ficou sabendo mais uma vez que é assim. Mas parte das esquerdas prega que se abandone Lula para cuidar da funcionalidade da vida no paraíso da próxima eleição.
Abreviar o processo é ofender a trajetória de Lula e sua capacidade única de afrontar o golpe e denunciá-lo também para os que nos olham de longe. Lula resiste mais do que todos nós. Muito mais. Ele pôs o dedo na cara dos que o perseguem e nos perseguem.
Mas alguns querem se livrar de Lula em nome de candidaturas estepes? Aquietem-se com seus planos B. Procurem pensar, tentem, mas não pensem em voz alta. Respeitem Lula.”
Moisés tem toda razão. Os líderes, nestes momentos, precisam sentir a voz muda de seu melhor companheiro, aquele que não o abandona e o que menos dele quer: o sentimento profundo das massas humanas, que não aparece nas tevês, nas páginas dos jornais e, quase nunca, nas estruturas políticas.
  •  
  •  

Lula chora e grava áudio para vídeo que será divulgado após prisão


'Não tenho medo do que vem no futuro', diz Lula no vídeo

Lula chora e grava áudio para vídeo que será divulgado após prisão
Notícias ao Minuto Brasil
HÁ 25 MINS POR ESTADAO CONTEUDO
POLÍTICA PT
Oex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou a locução para um vídeo de animação produzido pelo PT para ser divulgado depois que o petista estiver preso. Segundo pessoas que acompanharam a gravação, os trabalhos foram interrompidos diversas vezes. A cada frase a voz de Lula ficava embargada. Conforme as informações, em ao menos uma dessas vezes ele chorou.
Quem presenciou a cena atribuiu o choro ao tom emotivo da animação na qual Lula, em primeira pessoa, conta sua história desde a fuga da fome em Pernambuco em um caminhão pau-de-arara ao lado da mãe, dona Lindu, e cinco irmãos, até a trajetória como líder sindical, a fundação do PT e a chegada à Presidência da República. "Não tenho medo do que vem no futuro", diz Lula no vídeo.
Várias pessoas que estavam na sala de gravação também foram aos prantos junto com o ex-presidente. Diversos parentes de Lula estiveram na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP) na sexta-feira (6), onde ele está. Entre eles, os irmãos Frei Chico, Vavá (em uma cadeira de rodas em razão de uma perna amputada em decorrência de diabetes) e Maria. Os filhos Fábio Lula e Lurian também estavam com o pai e passaram a madrugada dormindo com ele. Com informações do Estadão Conteúdo.

O fim do primeiro ato


lulalivrefogo
Daqui a pouco, após a missa que lembrará os 68 anos de nascimento de Marisa Letícia, provavelmente Lula irá ao encontro de seus captores da Polícia Federal.
Será o fim do longo primeiro ato da tragédia brasileira, inciada em 2013 e que ganhou personagem central no ano seguinte, quando Sérgio Moro começou a sua caminhada desde as sombras em que montou, com a ajuda de seu velho delator Alberto Yousseff, a Operação Lava Jato e galgou o estrelato nacional, sob as luzes e os salões da mídia.
Em quatro anos, apenas, curto tempo para tragédias políticas, transformamo-nos de um país de exalava esperança e auto-estima em outro, que exala ódios e prazeres mórbicos, quase que numa catarse daqueles famosos “instintos mais primitivos”
Nada mais retratador desta regressão à incivilidade que a “cervejada” grátis  promovida ontem diante de um bordel paulistano, para comemorar a prisão de Lula, devidamente ilustrada pela imagem dos “coronéis” que o mandaram à cadeia, claro que ambos puros como congregados marianos.
Ocorre que, agora recolhido à prisão, Lula é o “morto que segue vivo” e, por um lugar que não buscou, mas o obrigaram a estar, veste os trajes do martírio.
Lula, que se tornou forte com aquilo que Leonardo Boff definia como um dos sacramento da vida – a alegria, a festa, onde os homens dizem sim a todas as coisas – por simbolizar desejos e esperanças, foi transformado naquele que encarna as dores e frustrações de uma população sempre – e cada vez mais – marginalizada e espoliada.
“Promoveram-no” de santo a mártir.
Começa, agora, com esta carga simbólica e com data marcada – 7 de outubro, o dia das eleições – para seu ponto dramático, o segundo ato da tragédia brasileira, a narrativa de um país que “quase” se descobriu um só, até ser revelado que, de fato, são dois. Porque assim o querem suas camadas dominantes, incapazes de vê-lo como um corpo único e gigantesco.
Preferem fruir das ricas migalhas que nosso atraso lhes dá, atrás das grades, cercas e vidros blindados e escurecidos, para que não lhes vejam e contam que as forças represssivas da polícia, do judiciário e – por que não? – dos militares para que o insustentável se sustente.

Lula recebe apoio de artistas ao vivo e nas redes sociais


Maria Gadú, Tulipa, Leci Brandão, Fióti e Thaíde estão entre os artistas que cantarão na missa em homenagem a Marisa Letícia, neste sábado

Lula recebe apoio de artistas ao vivo e nas redes sociais
Notícias ao Minuto Brasil
HÁ 56 MINS POR NOTÍCIAS AO MINUTO
CULTURA VEJA
Aiminente prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, provavelmente neste sábado (7), tem mobilizado a classe artística de todo país. Chico César, Johnny Hooker, Maria Gadú, Tulipa Ruiz, Karina Buhr, Otto, Gregório Duvivier foram alguns do que usaram as redes sociais para manifestar apoio ao petista.
"Não é um homem, é uma missão de força revolucionária", escreveu Johnny Hooker no perfil pessoal, como John Donovan. Parceira musical do pernambucano na música "Flutua", a paulistana Liniker publicou uma foto com a legenda: "Força, Lula".
"Vim trazer meu abraço ao maior líder vivo da América Latina, ao melhor presidente que este país já teve, a meu comandante e amigo", escreveu Chico César no Instagram. A cantora e compositora Karina Buhr publicou uma foto do ex-presidente, que hoje tem 72 anos, mais jovem, em um cenário rural, com um passarinho em uma das mãos.
Notícias ao Minuto
"Uma sensação de tristeza grande no corpo. Algo de forte em mim tá junto com esse cara e faz tempo. Apesar de tantos e significativos pesares. Fui em muitos comícios de Lula (lá no âmago da primeira candidatura) não esquecerei jamais daquilo tudo e do tanto em que se tornou e da importância pra gente como país, como democracia", escreveu.
O pernambucano Otto avisou: "O meu amor e admiração por LULA só crescem mais agora! E já era imenso ! Se isto é um fenômeno eu não sei . Isso é gratidão e amor". O ator e escritor Gregório Duvivier escolheu o sarcasmo ao publicar uma foto em que o presidente Michel Temer aparece ao lado do juiz federal Sérgio Moro, do senador Aécio Neves, dividindo água: "e a gente vive junto/ e a gente se dá bem/ não desejamos mal a quase ninguém".
Maria Gadú, Tulipa, Leci Brandão, Fióti e Thaíde estão entre os artistas confirmados para cantar na missa em homenagem a Marisa Letícia a ser celebrada neste sábado (7), no Sindicato dos Metalúrgicos, do ABC Paulista, onde Lula está. A ex-primeira-dama, que faleceu em fevereiro do ano passado por complicações de um AVC, faria 68 anos neste sábado. 

ROSA WEBER SE CONSOLIDA COMO INCÓGNITA



Nelson Jr./SCO/STF
247 – Da coluna de Mônica Bergamo:
“A ministra Rosa Weber já não é considerada voto certo pela mudança na regra que autoriza a prisão depois de condenação em segunda instância, o que poderia livrar, no futuro, o ex-presidente Lula do cárcere.
Magistrados tanto a favor quanto contrários à alteração fizeram uma releitura do voto da ministra no habeas corus de Lula e entenderam que ela deu várias pistas de que pode votar para negar qualquer nova alteração na jurisprudência - ainda que já tenha se posicionado no passado contrária a ela.
Leia mais aqui.

Manuel Castells: “Não há justiça no Brasil”


  | 
O sociólogo espanhol Manuel Castells divulgou uma nota criticando a decisão do juiz Sergio Moro de ordenar a prisão de Lula e em solidariedade ao ex-presidente brasileiro.
A nota critica o sistema judicial brasileira e diz que não há justiça no país. Confira a íntegra da nota:
“Queridos amigos e companheiros Tarso (Genro) e Vinicius (Wu), em um dia triste, trágico, para o Brasil e para o mundo quero expressar minha total solidariedade. Não há justiça, a justiça do Brasil é o mais corrupto e, por isso, todo o sistema é corrupto. O presidente Lula foi e é a esperança de um povo. Estou convosco na luta para restabelecer a justiça sem a qual tampouco pode haver democracia. Meu abraço solidário e minha disponibilidade para o que eu possa fazer”.

Julgamento de Lula no STF é o caso Dred Scott brasileiro

Redação Pragmatismo
POLÍTICA06/APR/2018 ÀS 14:58COMENTÁRIOS

Constitucionalista analisa como o STF encontrou seu caso Dred Scott, um julgamento que a Suprema Corte norte-americana enfrentou em meados do século 19, e que até hoje envergonha a casa

Julgamento de Lula no STF caso Dred Scott
Luis Nassif, Jornal GGN
Um dos grandes constitucionalistas brasileiros, dotado de ampla liberdade intelectual, o jurista Lênio Streck analisa o julgamento do habeas corpus de Lula pelo Supremo Tribunal Federal. Considera que o STF encontrou seu caso Dred Scott, um julgamento que a Suprema Corte norte-americana enfrentou em meados do século 19, e que até hoje envergonha a casa.
Considera que a decisão marcou o primeiro dia do resto das nossas vidas, onde o desafio maior será juntar os cacos do direito.
A entrevista foi concedida na 5ª feira à noite, depois do anúncio da ordem de prisão de Lula pelo juiz Sérgio Moro.
O que achou da decisão de Sérgio Moro de ordenar a prisão de Lula. Não havia recursos ainda?
Lênio Streck – Claro que sim. Mas não surpreende sabendo de onde vem. É de onde a Constituição não tem lugar. Um habeas corpus não concedido, eivado de contradições, tendo ainda embargos declaratórios, principalmente em uma questão que é bizarra. Você tem declaradamente 6 votos pela admissão da presunção da inocência conforme a Constituição, com duas variações, que são as posições dos Ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli para a questão do STJ. Mas a soma deles, com a Ministra Rosa Weber, dá 6. Ou seja, maioria.
Mas a Ministra acabou, de uma forma muito estranha e bizarra, dizendo que a posição dela, com relação à presunção, é positiva, mas, ao mesmo tempo, em relação ao habeas corpus ela estranhamente se coloca contra.
Ela diz que é pela questão da colegialidade. Isso é uma invenção da Casa dos Lordes, da Inglaterra, que já em 1966 sacou esse negócio. Se seguir à risca, nunca mudará as leis. O próprio Ministro Ricardo Lewandowski disse isso. Se seguir à risca a tese da Ministra, todo mundo vai continuar tendo a mesma posição. Não tem nenhum sentido.
Os Ministros, na sua grande maioria, disseram que estavam votando a tese, portanto estavam votando uma espécie de condição principal. O Ministro Barroso chegou a dizer que nem estava examinando o habeas corpus, porque estava votando só a tese. O Ministro Fux também disse. Então como aceitar o voto da Ministra Weber, que é a única que não vota na tese, mas vota contra o habeas corpus? Essa é a contradição sanável por embargos de declaração. Obviamente não transitou em julgado, não podia ser cumprido. Portanto, o pedido da prisão é inconstitucional.
Alguns advogados dizem que a defesa de Lula teria que ter impetrado paralelamente um HC no STJ. Poderiam?
Agora cabe, em face da violação do habeas corpus, que comporta embargos declaratórios e, portanto, não poderia cumprir imediatamente a decisão. Veja bem, o HC foi negado. Quando se nega o HC, ela não pode ser cumprida antes dos embargos declaratórios. Cabe HC e cabe pedido de liminar em relação às ADCs (Ação Direta de Constitucionalidade), que Kakay pediu. (As ADCs discutem a constitucionalidade da prisão após sentença em segunda instância).
Se Rosa Weber cumprir sua palavra, e ela disse a todo momento que é favorável à tese da OAB (que apresentou uma das ADCs), por que então o presidente e qualquer outro réu tem que ir para a prisão esperando uma decisão que já se sabe qual é?
Quais as consequências dessa decisão para o Estado de Direito?
Hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas nas quais a moral venceu o direito, o voluntarismo venceu a Constituição. Hoje começamos a contagem regressiva e levaremos muitos anos para juntar os cacos.
Nos Estados Unidos, em 1857, houve o famoso caso Dred Scott, no qual a Supremo Corte negou a Dred, que era escravo, a condição de entrar em juízo, porque não era pessoa. Até hoje a Suprema Corte se envergonha dessa decisão.
Estou pensando se este caso não é o nosso caso Dred Scott, pelas circunstâncias, pela questão bizarra. Se Ministros disseram que estavam votando a tese, por que é que é a Ministra Rosa Weber levantou essa coisa da colegialidade?
Garantias fundamentais a gente reconhece nos direitos do inimigo. Mas não resisto a um comentário, ironia da história. Dos 6 votos que hoje são favoráveis à salvação do presidente, 3 não foram votados por Dilma e Lula: Celso de Mello, o decano, Gilmar Mendes, Marco Aurélio de Mello, que acabaram votando pela tese mais clara do mundo: onde está escrito xis, leia-se xis. Na clareza da lei, cessa a interpretação.
Em direito a coisa funciona assim: se tenho um dispositivo que diz xis, para eu não cumprir xis, eu tenho que dizer que essa norma não vale. O Supremo não diz que não vale e, na sua maioria, não cumpriu.
A gente vê abusos de toda ordem em procuradores, juízes, delegados. Qual vai ser o impacto dessa decisão na estrutura do Judiciário.
Como dizia Nelson Rodrigues, tudo isso que está acontecendo é fruto de muito trabalho e esforço. Durante anos, a comunidade jurídica não se importou com o direito. Os concursos públicos passaram a ser preenchidos por pessoas despreparadas, se formando em torno de cursinhos, em uma estrutura meramente técnica, muito mais em decisões dos tribunais, dando pouca bola para a doutrina. Aí se criou um círculo vicioso. Os cursinhos perguntam coisas que os tribunais decidem, e os tribunais perguntam nos concursos o que os cursinhos ensinam. Criamos uma geração que não valoriza a Constituição e a doutrina. Apenas segue uma coisa tardia no Brasil, que chamamos de realismo tardio. Você não confia mais no direito, na Constituição, mas apenas naquilo que os juízes dizem. Criamos um pequeno estamento, isso dito pelo próprio Ministro Gilmar Mendes, que faz com que o direito dependa de opiniões pessoais.
Vimos que, no comando de uma maioria, o Supremo pode reescrever a Constituição. Como enfrentar essa subversão?
É o problema do ativismo judicial, que venho denunciando há mais de 20 anos. Os próprios governos de esquerda se preocuparam pouco com o direito, deixando um pouco de lado essa discussão. Não se regulamentou a questão dos cursinhos de preparação, as faculdades de direito. Não se trabalhou o reforço de uma forte doutrina que tratasse a democracia brasileira, confiando na velha tese de que o direito é o que os tribunais querem que seja.
Hoje em dia, o direito brasileiro só falava em inglês, em common law, em colegialidade, como se um país de Terceiro Mundo, que precisa do Parlamento, fosse confiar mais na Inglaterra.
Nós estamos admitindo que o Supremo Tribunal reescreva a Constituição. E pior, colaboramos com isso, com as súmulas vinculantes. A soma disso tudo é uma tempestade perfeita.
Nessa balbúrdia, qual o futuro da democracia?
Vejo com muita preocupação. As democracias só sobrevivem quando direito e Constituição têm grau de autonomia. A grande conquista do Segundo pós-guerra para cá, foi mostrar que a democracia só se faz a partir do direito. A política tem que pagar pedágio para o direito.
Agora, se o direito paga pedágio para a política e para a moral, não é mais direito. Nos pós-guerra, o direito viu que fracassou. Qual a saída? Uma Constituição que fosse forte e fosse cumprida. Quando tem crise, como na Espanha e em Portugal, quase um ano sem governo, ninguém pensou em mudar a Constituição, porque sabem que a política paga pedágio para a Constituição.
A crise das constituições é tipicamente brasileira?
É mais acentuada em países como nosso, pelo dualismo metodológico. No século 19 se falava que as Constituições eram folhas de papel. Havia uma realidade social e podia se substituir as leis pela realidade social. Eram outros tempos. Hoje, em países como nosso, uma visão da realidade social para substituir a Constituição é uma temeridade. E aí viramos uma espécie de democracia plebiscitária e um judiciário plebiscitário. Quando um Ministro do Supremo diz “eu tenho que atender o anseio popular”, eu digo “alto lá! Como você afere isso? Tem uma pesquisa?”. E se tivesse a pesquisa, paradoxalmente o Judiciário não precisaria existir. Se o anseio popular vale mais que a Constituição, caio num paradoxo. Se pudesse comprovar esse tal de anseio popular, o Judiciário seria inútil.
Porque no Brasil há mudança de perfil tão grande de pessoas que mudam suas convicções depois que se tornam Ministros?
Eu diria que, nessas contas de débito e crédito, a comunidade jurídica está em insolvência epistêmica. Fracassamos, porque não conseguimos dizer uma coisa mínima: Constituição é remédio contra maioria; Supremo Tribunal não pode atender o reclamo das ruas; entre o clamor das ruas e da Constituição, vale o ronco da Constituição.
Nenhuma democracia no mundo se fortaleceu com questões sazonais. Primeiro, porque a opinião pública é opinião publicada. Depois, porque é sazonal. Vou dar um exemplo, vou ser cruel. Você lembra como o Ministro Celso de Mello no mensalão? O que ele disse sobre quadrilhas, bandoleiros? Todos disseram, olha que absurdo! Passado um tempo, o Ministro deu ontem um voto belo. Eu não sei daqui a dois meses, como ele atuará. Em uma democracia, o direito só se sustenta com certo grau de ortodoxia. Tem limites para as interpretações.
No meu programa Direito e Literatura, discutimos a superinterpretação. Pode discutir de Capitu traiu ou não Bentinho. A única coisa que não pode escrever é que Capitu era um travesti.
Uma pessoa carregando um porco nas costas, se colocar cinco pessoas, cada qual vai ter sua interpretação. Mas não pode dizer que é uma ovelha
Como se faz direito no Brasil? Como o personagem Humpty Dumpty, que diz à Alice, eu dou às palavras o sentido que eu quero. Diz para ela, porque você só faz aniversário uma vez por ano? E ela, porque é assim. E ele, você pode fazer 364 desaniversários e ganhar 364 presentes. Ela diz “não pode ser assim“. E ele: “pode, porque eu dou às palavras o sentido que eu quero“.
Com essa liberdade interpretativa, não há mais fatos, há apenas relatos. O que é a prova hoje no processo penal brasileiro, uma espécie de processo penal 3.0, com direção hidráulica? Prova tem que ser provada. E hoje, como diz o Dallagnol, eu tenho convicção. É nesse sentido a prova é só uma crença, uma convicção na cabeça de quem acusa.
O Direito abriu mão dos conceitos
Qual o impacto da desorganização mercado de opinião, com as redes sociais, mais o fundamentalismo religioso?
O exemplo é o Dallagnol, que mistura religião com Estado e com direito. Ele não sabe que Estado não se mete com religião, nem religião com Estado. Aquilo que Dallagnol e outros propõem, é a mesma coisa que se dizer que a sociedade exige que se faça isso. Ou seja, as opiniões morais valem mais que o direito. O custo da democracia é você, mesmo contra sua vontade, preservar o direito do inimigo. Senão, tem efeito bumerangue. Um querido amigo, jurista alemão, diz: Cuidado, os textos jurídicos podem revidar, podem bater de volta.
No Brasil, cada vez que se descumpre a Constituição, ele pode de volta e bater. Pau que bate em Francisco bate em Chico. Qualquer homem de bem, qualquer pessoa sem antecedentes, agora, condenada em segundo grau, começa a cumprir a pena. Onde? Em presídios que o próprio Supremo declarou como masmorras medievais.
Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook

Justiça terá que 'entregar' outra cabeça após prisão de Lula


Próximos da linha de tiro depois da prisão de Lula seriam o presidente Michel Temer, que deixa o cargo em dezembro deste ano, e o senador Aécio Neves

Justiça terá que 'entregar' outra cabeça após prisão de Lula
Notícias ao Minuto Brasil
HÁ 2 MINS POR NOTÍCIAS AO MINUTO
POLÍTICA PRESSÃO
Opresidente Michel Temer e o senador Aécio Neves podem ser os próximos alvos do Judiciário após a prisão de Lula. Pelo menos é esta a sensação que corre no universo político brasileiro, segundo informações da colunista Monica Bergamo, da Folha de São Paulo. Nos bastidores políticos, corre a notícia de que a Justiça pode ser pressionada a 'entregar' outra cabeça, tão coroada quanto a do ex-presidente e também envolvida em processos.

A ordem de prisão do líder petista foi determinada em tempo recorde pelo juiz federal Sérgio Moro na última quinta-feira (5)
 um dia após a decisão deliberada pelo Supremo Tribunal Federal, que por um placar de 6x5 negou o recurso de habeas corpus solicitado pela defesa de Lula, abrindo caminhos para a sua prisão após condenação em segunda instância. 
Logo, os próximos da linha de tiro depois da prisão de Lula seriam o presidente Michel Temer, que deixa o cargo em dezembro deste ano, e o senador Aécio Neves, ambos envolvidos em acusações fruto de desdobramentos da Operação Lava Jato.

Sancionada lei contra abuso sexual de crianças e jovens atletas

  O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que estabelece diretrizes para prevenir e combater abusos sexuais co...