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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Polícia é política e a política virou caso policial


fornazari
O Estadão dá  chamada de capa para um delegado da Polícia Federal que diz ser nas redes sociais ser  “hora de serem investigados, processados e presos os outros líderes de viés ideológico diverso, que se beneficiaram dos mesmos esquemas ilícitos que sempre existiram no Brasil (Temer, Alckmin, Aécio etc).”
É verdade que o tal Milton Fornazari Júnior diz, também, que se não o fizerem, a prisão do ex-presidente”poderá entrar para a História como uma perseguição política”.
O Doutor Fornazari é um exemplo da deformação que vive esta país.
Não apenas porque “Temer, Alckmin e Aécio”, como diz ele são investigados em inquéritos-tartaruga, enquanto o caso de Lula foi conduzido com velocidade inédita (e métodos absurdos), como também porque é algo inadmissível que um delegado de polícia deite falação sobre quem deve ser “investigado, processado e preso” na República.
Criou-se, no Brasil, um estado policial, dirigido por um “partido da polícia” – cujo Comitê Central é integrado por procuradores e juízes ávidos de notoriedade e poder. Sem voto, naturalmente.
O Estado brasileiro foi capturado por esta organização, que decide quem e como pode atuar na esfera político-eleitoral, com processos tratados de forma seletiva e diferenciada no tempo segundo seus interesses.
Lamento informar às ilusões policialescas do Dr. Fornazari que ele verá, sim, a prisão de Lula entrar para a história como um caso de perseguição política a quem representava uma possibilidade – e pelas pesquisas, quase uma certeza – de poder legítimo, respaldado pelo voto.
Seus outros alvos, se forem punidos, só o serão depois de terem atestada nas urnas a sua inutilidade eleitoral. Aí, sim, poderão ser descartados, como foi Eduardo Cunha depois de ser mantido na presidência da Câmara até fazer o serviço sujo do impeachment.
Celso Rocha de Barros, hoje, na Folha, diz que “a turma do “A Lei é para Todos” está desde 2016 tentando nos convencer que prender Cunha, Temer ou Aécio quando se tornarem irrelevantes não fará diferença”.
O partido da polícia sabe jogar o jogo da estratégia.


Romanelli: Deixo nesta segunda-feira a liderança do governo do Paraná


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O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) comunica que deixará nesta segunda-feira (9) a liderança do governo na Assembleia Legislativa do Paraná. Ele faz um balanço de sua atuação em 3 anos e meio no cargo. “O governo está devendo 8,53% aos servidores”, reconhece.
Da grave crise financeira, a um Paraná equilibrado
por Luiz Claudio Romanelli*
“Não adianta dizer: “Estamos fazendo o melhor que podemos. Temos que conseguir o que quer que seja necessário”. (Winston Churchill)
Depois de três anos e três meses no exercício do cargo, deixo nesta segunda-feira a liderança do governo na Assembleia Legislativa. Foi um período de muito trabalho e também de muitas dificuldades, de desgastes. Mas se foi um período de embates duros e de discussões acaloradas com a oposição foi também um tempo de muito dialogo, de respeito.
Felizmente, pude concluir essa tarefa e creio que cumpri uma missão árdua. Após esse período de trabalho, o deputado Pedro Lupion assume a responsabilidade de liderar a bancada de apoio ao governo, certamente com menos turbulências e com as principais questões do Estado resolvidas e as finanças equilibradas.
Gostaria de agradecer a todos os deputados da base de apoio, pela lealdade, companheirismo e cordialidade e pelo apoio incontestável nas votações mais polêmicas. Igualmente, agradeço aos deputados do bloco independente e os de oposição, com quem mantive uma relação de respeito e de dialogo.
Creio que se há uma palavra que define o período em que exerci a liderança, essa palavra é dialogo. Eu sempre acreditei na Democracia. Entendo que temos que radicalizar a democracia. A democracia é o único caminho. E quem crê na democracia, tem que praticar o diálogo de forma inesgotável e incansável. Eu o fiz e posso dizer que graças a essa capacidade, tenho o respeito dos parlamentares e das entidades de classe dos servidores. Sempre acreditei que liderar é construir consensos. Dei o meu melhor para dialogar e construir consensos.
Nesses três anos, aprovamos medidas importantes para o Estado, algumas impopulares mas extremamente necessárias para assegurar a governabilidade. O maior exemplo foi o programa de ajuste fiscal que fizemos em 2015.
Naquele momento, o Estado enfrentou uma crise financeira devido à redução da atividade econômica e a consequente queda de arrecadação no ano de 2014 e início de 2015.
Vale a pena relembrar o que estava acontecendo no Paraná ao longo dos últimos anos. As despesas cresciam em ritmo superior ao das receitas, gerando déficits orçamentários crescentes e aumento no endividamento. Um dos motivos era a subtributação. As alíquotas do ICMS aplicáveis às operações internas, por exemplo, eram 33% inferiores às praticadas pelos demais Estados, e a alíquota do IPVA era 30% menor.
Além disso, as despesas com pessoal aumentavam, em termos reais, ano a ano, seja por pressões corporativas para ampliação dos benefícios existentes ou concessão de novas vantagens, seja por dispositivos pré-existentes que geravam o crescimento vegetativo da folha de pagamento, com ampliação dos gastos com pessoal ativo, aposentados e pensionistas. Acrescenta-se a isso o excesso de vinculação das receitas (com educação, saúde, precatórios, Pasep e outros poderes), que tornava ainda mais difícil o cenário. A cada R$ 100 arrecadados, apenas R$ 30 ficam livres no caso da receita do ICMS, ou R$ 20, em se tratando do IPVA.
Diante deste quadro, o governo teve a coragem e o discernimento para adotar medidas para controlar gastos e fazer os ajustes para o equilíbrio das contas- a um custo político altíssimo. Foi feita a equalização das alíquotas internas do ICMS e do IPVA, equiparando-as às dos demais Estados. Foi instituída a cobrança de contribuição previdenciária de aposentados e pensionistas, como já era feito em todo o país. Os benefícios fiscais concedidos foram revisados, de forma a adequá-los à atual realidade econômica. Houve a implantação do Programa Nota Paraná, que aumentou a arrecadação no varejo em cerca de 15,4%, e do Programa de Parcelamento Incentivado, que resultou em R$ 1,7 bilhão em dívidas parceladas, além de pagamento em parcela única de outros R$ 187 milhões.
Em outra frente, para reduzir despesas, houve um contingenciamento inicial de R$ 10,8 bilhões do orçamento, como medida preventiva à efetiva realização das receitas previstas – no fim de 2015, o montante contingenciado foi de R$ 1,7 bilhão. Com a renegociação de contratos, foi registrada economia de R$ 170 milhões. Foi vedada admissão ou contratação de pessoal, bem como a concessão de horas-extras.
A despesa com servidores ativos, inativos e pensionistas que representava, em 2014, 65,4% da Receita Corrente Líquida, foi reduzida para 60,7% em 2016.13.443 cargos foram extintos.
Com o ajuste, a despesa corrente foi reduzida em R$ 2,2 bilhões já em 2015.
O Paraná aumentou em 107% os investimentos em 2016. O Estado aplicou R$ 5,8 bilhões em investimentos naquele ano, ante R$ 2,8 bilhões em 2015. Em 2017, foram disponibilizados R$ 7,8 bilhões. Os investimentos previstos para 2018 alcançam o valor de R$ 8,4 bilhões.
Houve redução de 69,24% do nível de endividamento líquido do Estado. Em 2010 estava em 90,87% e, em outubro de 2017, caiu para 27,95% da receita corrente líquida.
O tempo mostrou que as ações propostas eram absolutamente necessárias para o futuro do Estado e não para o futuro do governo. O tempo provou que o governador Beto Richa estava certo quando tomou uma atitude para o incremento de receita, redução de despesas e da inadimplência e o combate à sonegação.
Deixo a liderança do governo com a certeza de que o Paraná é hoje um estado muito melhor. Claro que continuarei a contribuir com o sucesso da administração da governadora Cida Borghetti, desejando a ela que tenha muitas felicidades para que possa, sempre, fazer um governo voltando ao interesse do povo.
Há grandes desafios a enfrentar e julgo que o maior deles é racionalizar o uso do dinheiro público. O Paraná tem hoje uma situação fiscal muito diferenciada. Tanto que é possível, sim, ao novo governo – e esse governo não fez talvez por uma questão ética – discutir com os servidores a implantação da data base. Já há margem orçamentária e excesso de arrecadação para poder discutir uma implantação – mesmo que parcelada – da data base.
O governo está devendo 8,53% aos servidores. Entendo que esse percentual terá que ser pago parceladamente.
Nesses três anos e três meses na liderança que agora se encerram, gostaria de destacar o secretario que também deixa o governo e retorna aos quadros da Receita Federal que é o secretário da Fazenda Mauro Ricardo Costa. Ele trouxe ao Paraná uma cultura nova em relação à questão da gestão austera, baseada em resultados e, mais do que tudo, uma cultura nova da racionalização do dinheiro público. Espero sinceramente que essa nova cultura, de só gastar o que se efetivamente tem, seja permanente.
O Paraná tem uma situação de muito equilíbrio. Mas como tudo no Brasil, é um equilíbrio tênue. Qualquer erro que seja cometido terá um custo alto aos próximos governos. Temos que ter é o pé no chão para gastar somente aquilo que podemos gastar e de forma correta. E creio que as coisas estão acontecendo neste sentido.
Mas o desafio que temos pela frente neste período de nove meses de governo e seis meses até a eleição do primeiro turno é um período que o governo, basicamente, terá que manter aquilo que está sendo feito e cumprir os compromissos que foram assumidos. Através dos convênios, das licitações, das ações que o estado está desempenhando em muitas áreas que são fundamentais para a sociedade.
Ao novo líder Pedro Lupion desejo sucesso em sua nova caminhada. A governadora Cida Borghetti desejo uma gestão com muita sensibilidade e ação efetiva para a continuidade dos bons programas e para a adoção de politicas públicas que tornem o nosso Paraná ainda melhor, mais justo, fraterno e solidário.
Boa Semana! Paz e Bem!
*Luiz Cláudio Romanelli, advogado e especialista em gestão urbana, ex-secretário da Habitação, ex-presidente da Cohapar, e ex-secretário do Trabalho, é deputado pelo PSB.

Le Monde questiona se Lava Jato será dura com o PSDB como foi com Lula


Em editorial, o jornal francês Le Monde chama a atenção para a impunidade dos políticos de centro e de direita no Brasil; subscrevendo em parte o procedimento judicial da Lava Jato, o jornal pondera que os problemas de corrupção no Brasil são muito maiores do que uma simples prisão de um líder histórico poderia parecer resolver e acrescenta que o país se moveu da grandeza para a decadência

247 – “A tentação é grande para confundir o destino de Luiz Inácio Lula da Silva com o do Brasil. Uma nação emergente, sob a presidência do ex-sindicalista, entre 2003 e 2010, (…) reduziu drasticamente suas desigualdades, promoveu a melhoria da educação, enquanto brilhava na cena internacional.
Hoje, o país está retornando à extrema violência. A miséria persiste, enquanto escândalos de corrupção pontuam as notícias políticas”.
Ela também questiona se a Lava Jato tratará com igual severidade membros do PSDB, da centro direita e direita brasileira:
Quatre ans après son déclenchement, l’opération doit démontrer au pays que l’emprisonnement de Lula n’est pas un acte politique. Que l’arrestation de celui qui restera l’un des dirigeants les plus remarquables du pays ne signe pas la fin des procédures. Après avoir touché les figures du Parti des travailleurs jusqu’à atteindre son leadeur historique, « Lava Jato » doit s’attaquer avec la même sévérité aux autres caciques des partis du centre ou de la droite.
Leia o editorial completo em francês no Le Monde




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Enfim, mídia para Lula, o pão de ló


lulalibre
O velho Brizola dizia: “eu sou como pão de ló, quando mais me batem, mais cresço”.
Em matéria de baterem, não há o que se compare o que estão fazendo a Lula.
Mas há o outro lado, que explica o que queria dizer o líder gaúcho.
Lula está e vai seguir na mídia que sempre o boicitou.
Haverá, é claro, a esporulação de manifestações de ódio, com isso, todas com direito à acolhida da imprensa, mesmo que seja a festa inclassificável de um dono de bordel paulistano.
Mas, ao fazerem o mal imenso que fazem ao ex-presidente dão a ele o que não tinha: o centro das atenções.
Quarta-feira, é provável que aconteça outra medida de força, insólita, com a recusa do STF a julgar as ações diretas de constitucionalidade que questionam a prisão antes do trânsito em julgado de sentenças.
Antes disso, manifestações por toda a parte.
Uma bandeira, quem a tem a esta altura?
Tenham paciência e entendam que o processo de formação da consciência popular é lento, porque é profundo.
O ajudem a formar-se, com informação e diálogo, sem achar que, como disse um leitor, criticando-me, o apelo ao convívio civilizado e aos valores democráticos não produz efeitos.
Quem atiçou o ódio e transformou as instituições em máquinas de perseguição foram eles, não nós.
Liberdade para Lula é o bordão que pode nos unir e está nos unindo, pelo significado que contém e que vai muito além da figura do ex-presidente, pessoalmente, vai ao que ele simboliza em matéria de fazer o povo brasileiro existir para o poder, não ser mais invisível.
Se entendermos isso, o tiro de Moro terá saído pela culatra.

Apoiadora de Lula tem o pé dilacerado após ser atacada pela Polícia Federal

Redação Pragmatismo
VIOLÊNCIA08/APR/2018 ÀS 15:19COMENTÁRIOS

Vítima de violência policial na chegada de Lula em Curitiba, apoiadora do ex-presidente teve o pé dilacerado e também foi gravemente atingida no nariz. Por outro lado, quem vestia camisa verde-amarela recebeu sorrisos e afago dos policiais

Vanda violência Polícia Federal
Vanda foi atingida quando o helicóptero que trazia o ex-presidente Lula pousava na sede da PF em Curitiba
Simpatizantes de Lula que estavam nos arredores do prédio da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba na noite deste sábado (7) foram vítimas de violência desmedida por parte das forças da PF e da Polícia Militar.
Antônia Vandecida de Assis, 42, conhecida por Vanda, teve parte do pé dilacerado e sofreu um grave dano no nariz após ser atingida por uma bomba lançada pela Polícia.
Vanda ficou internada no Hospital Universitário Cajuru sem poder se locomover. Antes do fechamento deste texto, a irmã de Vanda relatou ao Pragmatismo Político que ela recebeu alta médica às 14h. A vítima ainda deverá ser submetida a uma cirurgia no nariz posteriormente.
A Polícia Federal tentou justificar as agressões. Os policiais alegam que bombas de efeito moral e balas de borracha foram disparadas para conter manifestantes que ameaçavam ‘arrombar’ um dos portões do prédio da PF.
Testemunhas contestam a versão oficial das autoridades. Para Mariane Siqueira, os policiais usaram de violência desproporcional diante de um número reduzido de manifestantes que não representavam risco real.
“A quantidade de pessoas presentes não era grande. Se tivesse umas 20 mil pessoas, pode até ser que se sentissem encorajadas a empurrar o portão. Não era o caso. Havia um entendimento mútuo de que se concentrar naquela rua e agitar as palavras de ordem eram a única forma de protesto”, assinalou Mariane ao Pragmatismo Político.
Mariane estava próxima de Vanda e conta que ela foi atingida por uma das primeiras bombas atiradas. Entre os simpatizantes que foram recepcionar o ex-presidente havia muitas mulheres, crianças e idosos.
“Muitos idosos, crianças, bebês, animais de estimação. Ninguém que estava ali poderia pensar em fazer qualquer tipo de provocações à polícia”, afirmou Mariane, que também nos enviou um vídeo gravado por ela mesma com os registros dos incidentes [assista abaixo].
A informação é confirmada em áudio divulgado pela professora Monica Ribeiro: “Gente, o helicóptero com o Lula chegou e fomos agredidos com spray de pimenta, muita bala de borracha e gás lacrimogêneo. Teve criança que quase foi atropelada no tumulto provocado pela Polícia Federal”.

Verde-amarelo protegidos

Em uma outra entrada da sede da Polícia Federal estava acontecendo, simultaneamente, uma manifestação contrária ao ex-presidente Lula. Daquele lado, vestidos de verde e amarelo, os participantes soltavam fogos de artifícios e também entoavam gritos de guerra contra o petista.
À medida em que as imagens da chegada do ex-presidente em Curitiba eram divulgadas nas redes sociais e pelas emissoras de televisão, muitos internautas perceberam que o tratamento dado pela Polícia Federal aos opositores de Lula era amigável e evidenciava até certa cumplicidade.
“Eles [opositores de Lula] soltavam fogos de artifícios inclusive durante o pouso do helicóptero [que trazia o ex-presidente]. Tenho o relato de uma companheira que se perdeu na chegada e foi para o portão principal, onde os ‘verde-amarelo’ se concentravam. E ela disse que os policiais filmavam e sorriam daquele lado”, reforçou Mariane Siqueira.
O comando da Polícia Militar (PM), através do tenente-coronel Mário Henrique do Carmo, admitiu que crianças e mulheres ficaram feridas, mas disse que todos os atingidos tiveram ‘apenas ferimentos leves’ e considerou bem-sucedida a ação policial.
Questionado sobre por que os policiais não reagiram ao grupo contrário ao ex-presidente, que atirava rojões e fogos em direção ao prédio da PF, o tenente-coronel respondeu que não poderia se posicionar porque não viu o material.

Boletim de Ocorrência

Uma advogada do grupo Advogadas e Advogados pela Democracia lavrou um Boletim de Ocorrência coletivo, incluindo todas as vítimas da violência policial nas imediações da Polícia Federal em Curitiba.
No Boletim de Ocorrência consta que as bombas e as balas de borracha começaram a ser atiradas por policiais federais e militares antes mesmo do pouso do helicóptero de Lula.
Pragmatismo Político teve acesso às fotos que mostram o pé de Vanda dilacerado antes de receber tratamento médico. As imagens são extremamente fortes e não serão reproduzidas neste sítio.
Vanda violência polícia federal curitiba
(Imagem do pé de Vanda depois de ter sido atendida no Hospital Cajuru. A foto foi enviada ao Pragmatismo Político pela irmã da vítima)
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domingo, 8 de abril de 2018

Quem está preso?


puxa
Os três maiores jornais do país publicam o mesmo título, afinal o troféu que perseguiram desde 2014.
“Lula preso”, em letras maiúsculas, daquelas que se reservam aos grandes acontecimentos: em geral, tragédias.
Do ponto de vista factual, sim, é o título, embora rescendendo a passado, ao tempo em que as notícias vinham pelo jornal, porque hoje – e mais ainda neste caso – é quase um pleonasmo jornalístico.
Retire, porém, sua cabeça da onda de propaganda e do que o coleguinha Luís Costa Pinto, ontem, chamou com muita propriedade, de “jornalismo de helicóptero”.
Está difícil fazer isso, eu sei, porque há mais torcida que análise e os fenômenos sociais são matéria de lenta disgestão no imaginário popular.
Mas já é possível pensar quem ganhou com tudo o que vem se passando desde quarta-feira, no julgamento do habeas corpus.
Quem está preso, afinal, mais do que está o Brasil?
O golpismo – tanto o político quanto o judicial, um a alimentar o outro – nos conduziram a uma situação onde não há, a rigor, meio-termo.
Não se pode ser “mais ou menos” com Michel Temer, ou com Sérgio Moro, ou com o “prender-soltar” Lula.
Bolsonaro drenou os eleitores tucanos e é, hoje, segundo se informa, o candidato favorito até no quartel general do PSDB, São Paulo.
O clima de polarização leva água ao moinho do fascismo, não há nenhuma dúvida.
Do outro lado, a cena simbólica em que Lula ergue os braços de Guilherme Boulos e Manuela Dávila, no discurso de ontem, revela uma evidente decisão do ex-presidente de transferir para jovens a sua liderança política, e não há dúvidas de que ali estaria Ciro Gomes se não fosse sua teimosia e -agora já menor – resistência a reaproximar-se de Lula. A seu favor, é certo, registre-se a proverbial dificuldade do PT em costurar alianças onde não seja hegemônico.
O grau de exposição que Lula teve nestes dias e a cenas que inundaram o país vão, no mínimo, solificidar o favoritismo que ele tinha, senão ampliá-lo pela percepção de um martírio.
Para a dita “centro-direita” sobrou quase o esquecimento.
Pode-se argumentar que as eleições ainda estão distantes – embora faltem seis meses para elas, apenas – e que a campanha de televisão – e os tempos generosos com que contarão PMDB e PSDB na campanha de televisão pode virar este quadro.
Não creio nisso, porque a internet e suas redes sociais, a esta altura, tornaram-se tão ou mais presentes que as redes de TV aberta. E, ainda mais: uma possível aliança PSDB-PMDB tornou-se quase impossível por um paradoxo, porque uma possível união das máquinas políticas e dos tempos de televisão esbarra em absorver também a ojeriza a Michel Temer, capaz de tirar mais do que aquela união daria.
Ao longo da campanha, outro debate vai dominar os espaços: o inevitável movimento político e jurídico para soltar-se Lula.
Pois é Lula, preso, quem prende as atenções do Brasil, à esquerda e à direita, no povão e nas elites.

Sancionada lei contra abuso sexual de crianças e jovens atletas

  O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que estabelece diretrizes para prevenir e combater abusos sexuais co...