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terça-feira, 15 de maio de 2018

Dilma lidera disputa para o Senado e vai ‘nacionalizar’ campanha em Minas


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A presidente legítima Dilma Rousseff trabalha em silêncio como boa mineira que é.  Liderando com folga nas pesquisas eleitorais para o Senado, Dilma é apontada como o principal trunfo do PT mineiro para ajudar reeleger o governador Fernando Pimentel e impor uma derrota aos tucanos do grupo de Aécio Neves.  Dilma vai nacionalizar a campanha em Minas Gerais, para onde transferiu o domicílio eleitoral no dia da prisão do ex-presidente Lula, no fatídico dia 7 de abril.
Com pesquisas de intenção de votos mostrando Dilma à frente disparada, com 27%, a petista agora costura apoios de aliados para puxar um grande números de votos para a bancada federal do PT e dos partidos da base aliada de Pimentel.
Madalena França via blog do esmael

LULA DIZ QUE SEU MAIOR DESAFIO É NÃO ODIAR OS QUE ARMARAM CONTRA ELE

Madalena frança via blog do Manuel Mariano.

A indignação profética de quem ama, por Marcelo Barros, monge beneditino – Desde que a justiça liberou visitas religiosas, fui o segundo a ter graça de visitar o presidente Lula em sua prisão. (Quem abriu a fila foi Leonardo Boff na segunda-feira passada).

Eram exatamente 16 horas quando cheguei na dependência da Polícia Federal onde o presidente está aprisionado. Encontrei-o sentado na mesa devorando alguns livros, entre os quais vários de espiritualidade, levados por Leonardo.

Cumprimentou-me. Entreguei as muitas cartas e mensagens que levei, algumas com fotografias. (Mensagem do Seminário Fé e Política, de um núcleo do Congresso do Povo na periferia do Recife, da ASA (Articulação do Semi-árido de Pernambuco) e de muitos amigos e amigas que mandaram mensagens. 
Ele olhou uma a uma com atenção e curiosidade. E depois concluiu: 
– De saúde, estou bem, sereno e firme no que é meu projeto de vida que é servir ao povo brasileiro como atualmente tenho consciência de que eu posso e devo. Você veio me trazer um apoio espiritual. E o que eu preciso é como lidar cada dia com uma indignação imensa contra os bandidos responsáveis por essa armação política da qual sou vítima e ao mesmo tempo sem dar lugar ao ódio.


Respondi que, nos tempos do Nazismo, Etty Hillesum,  jovem judia, condenada à morte, esperava a hora da execução em um campo de concentração. E, naquela situação, ela escreveu em seu diário:

– “Eles podem roubar tudo de nós, menos nossa humanidade. Nunca poderemos permitir que eles façam de nós cópias de si mesmos, prisioneiros do ódio e da intolerância”.

Vi que ele me escutava com atenção e acolhida. E ele começou a me contar a história de sua infância. Contou como, depois de se separar do marido, dona Lindu saiu do sertão de Pernambuco em um pau de arara com todos os filhos, dos quais ele (Lula) com cinco anos e uma menina com dois.

Lembrou que quando era menino, por um tempo, ajudava o tio em uma venda. E queria provar um chiclete americano que tinha aparecido naqueles anos. Assim como na feira, queria experimentar uma maçã argentina que nunca havia provado. No entanto, nunca provou nem uma coisa nem outra para não envergonhar a mãe. 

E aí ele prosseguia com lágrimas nos olhos: _Agora esses moleques vêm me chamar de ladrão. Eu passei oito anos na presidência. Nunca me permiti ir com Marisa a um restaurante de luxo, nunca fiz visitas de diplomacia na casa de ninguém... Fiquei ali trabalhando sem parar quase noite e dia... E agora, os caras me tratam dessa maneira..._

Eu também estava emocionado. O que pude responder foi:
– O senhor sabe que as pessoas conscientes, o povo organizado em movimentos sociais no Brasil inteiro acreditam na sua inocência e sofrem com a injustiça que lhe fizeram. Na Bíblia, há uma figura que se chama o Servo Sofredor de Deus que se torna instrumento de libertação de todos a partir do seu sofrimento pessoal. Penso que o senhor encarna hoje, no Brasil essa missão.

Comecei a falar da situação da região onde ele nasceu e lhe dei a notícia de que a ASA (Articulação do Semi-árido) e outros organismos sociais estão planejando um grande evento para o dia 13 de junho em Caetés, a cidadezinha natal dele. Chamar-se-á _“Caravana do Semi-árido pela Vida e pela Democracia" (contra a Fome – atualmente de novo presente na região – e por Lula livre).

A partir daquela manifestação, três ônibus sairão em uma caravana de Caetés a Curitiba para ir conversando com a população por cada dia por onde passará até chegar em Curitiba e fazer uma festa de São João Nordestino em frente à Polícia Federal. 

Ele riu, se interessou e me pediu que gravasse um pen-drive com músicas de cantores de Pernambuco, dos quais ele gosta. Música de qualidade e que não estão no circuito comercial. 
Vergonha. Nunca tinha ouvido falar de nenhum e nem onde encontrar. Ele me disse que me mandaria os nomes pelo advogado e eu prometi que gravaria. 

Distenção feita, ele quis me mostrar uma fotografia na parede na qual ele juntou os netos. Explicou quem é cada um/uma e a sua bisneta de dois anos (como parece com dona Marisa, meu Deus!). 

Começou a falar mais da família e especialmente lembrou um irmão que está com câncer. Isso o fez lembrar que quando Dona Lindu faleceu, ele estava na prisão e o Coronel Tuma permitiu que ele saísse da prisão e com dois guardas fosse ao sepultamento da mãe. No cemitério, havia uma pequena multidão de companheiros que não queriam deixar que ele voltasse preso. Ele teve de sair do carro da polícia e falar com eles pedindo para que deixassem que ele cumprisse o que tinha sido acertado. E assim voltou à prisão. 

A hora da visita se passou rápido. Perguntei que recado ele queria mandar para a Vigília do Acampamento e para as pessoas às quais estou ligado. 

Ele respondeu:
– Diga que estou sereno, embora indignado com a injustiça sofrida. Mas, se eu desistir da campanha, de certa forma estou reconhecendo que tenho culpa. Nunca farei isso. Vou até o fim. Creio que na realidade atual brasileira, tenho condições de ajudar o Brasil a voltar a ser um país mais justo e a lutar para que, juntos, construamos um mundo no qual todos tenham direitos iguais.

Para concluir a visita, propus ler um texto do evangelho e ele aceitou.

Li o evangelho do próximo domingo – festa de Pentecostes e apliquei a ele – os discípulos que estão em uma sala fechada, Jesus que se deixa ver, mesmo para além das paredes que fechavam a sala. E deu aos seus a paz, a alegria e a capacidade de perdoar no sentido de discernir o julgamento de Deus sobre o mundo. E soprando sobre eles lhes deu a vida nova do Espírito. 

Segurei em suas mãos e disse: Creio profundamente que isso se renova hoje com você.

Vi que ele estava emocionado. Eu também fiquei. Abri o pequeno estojo e lhe mostrei a hóstia consagrada que lhe tinha trazido da eucaristia celebrada na véspera. Oramos juntos e de mãos dadas o Pai Nosso. 

Eu tinha trazido duas hóstias. Eu lhe dei a comunhão e ele me deu também para ser verdadeiramente comunhão. 

Em um instante, eram vocês todos/as que estavam ali naquele momento celebrativo  e eu disse a ele: 
– “Como uma alma só, uma espécie de espírito coletivo, muita gente – muitos companheiros e companheiras estão aqui conosco e estão em comunhão e essa comunhão eucarística representa isso.

Eu lhe dei a bênção e pedi a bênção dele para todos vocês. 

Foi isso. 

Quando o policial que me foi buscar me levou para fora e a porta se fechou atrás de mim, me deu a sensação profunda de algo diferente. 

Senti como se eu tivesse saído de um espaço de liberdade espiritual e tivesse entrando na cela engradeada do mundo que queremos transformar. 

Que o Espírito de Deus que a celebração desses dias invoca sobre nós e sobre o mundo nos mergulhe no amor e nos dê a liberdade interior para irmos além de todas essas grades que aprisionam o mundo.

Ao vivo: Moro escrachado em NY


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O juiz Sérgio Moro, da lava jato, está sendo alvo de um escracho em Nova Iorque, nos Estados Unidos. O evento é organizado pelo Coletivo Brado-NY. Abaixo, acompanhe ao vivo.
A manifestação nesta terça (15) reúne brasileiros, americanos e latinos em frente ao Museu de História Natural. “Fascistas não passarão!”, é uma das palavras de ordem.
Moro foi escolhido para o prêmio “Pessoa do Ano”, oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-EUA.
Assista ao vivo (Jornalistas Livres):
Madalena França Via Blog do Esmael

Mutreta no leilão do “atribuído” do Guarujá?


leilao
Chega a dar vergonha do nosso “jornalismo investigativo”.
Sites e emissoras de rádio e TV, quase que sem exceção, anunciam que foi arrematado o apartamento “atribuído” a Lula.
Covardes, não têm coragem de afirmar aquilo que fizeram convencer o povo, que o apartamento éde Lula.
Bem, mas o tal “atribuído” teve a visita de 60 mil pessoas na internet, enquanto estava sendo leiloado.
Nenhum lance, considerando-se que o primeiro, feito hoje, horas antes do final do prazo, foi dado por engano, por um cidadão de Piracicaba, que errou ao apertar alguma tecla e “ofereceu”, sem querer, os R$ 2,2 milhões pedidos como lance mínimo.
Pedido muito acima do valor de mercado e mais ainda para imóvel que vai a leilão judicial, que costuma atrair muita gente exatamentep orque se oferecem preços baixos, não altos.
Minutos antes do prazo fatal, uma tal Guarujapar, empresa de Brasília que, em buscas na internet não se pode encontrar, nem ao seu CNPJ, ofereceu o lance mínimo, para que o leilão não se frustrasse.
Ora, se o apartamento estava no preço de mercado e ainda tinha o “aditivo” de ser “atribuído” a Lula, porque não houve interessados, senão este, enviado à última hora por algum “espírito santo de orelha”?
Quem vai se aventurar a saber quem é a tal “Guarujapar”?

Ex-governantes da Europa apelam por Lula livre

holzapa
Na mais importante manifestação internacional pela libertação de Lula, seis  ex-chefes de governo de países da Europa lançaram um apelo em favor da libertação do ex-presidente Lula e pelo seu direito de paricipar das eleições de outubro.
Eis o texto, assinado por François Holande, ex-presidente da França, José Luis  Zapatero, ex-Primeiro Ministro da  Espanha, Elio Di Rupo, ex-primeiro ministro da Bélgica, e Massimo D’Alema, Romano Prodi e Enrico Letta, ex-primeiro-ministros da  Itália.
O precipitado encarceramento do presidente Lula, ardente artesão da redução das desigualdades no Brasil, defensor dos pobres de seu país, só pode despertar nossa emoção.
A demissão de Dilma Rousseff, eleita democraticamente por seu povo e da qual ninguém jamais contestou a probidade, já era uma preocupação séria. A luta legítima e necessária contra a corrupção não pode justificar uma operação que ponha em causa os princípios da democracia e o direito dos povos a escolher os seus governantes.
Pedimos solenemente ao presidente Lula que amanhã possa se apresentar,  livre,  ao voto do povo do Brasil.
Madalena França via Tijolaço.

O problema dos EUA é o desprezo permanente pelos pobres


Robert Kennedy e a barbárie neoliberal: ao contrário do que afirma Donald Trump, o problema dos EUA não é a imigração. É o desprezo evidente (e permanente) pelos pobres

fonte: pragmatismo político.
Postado por madalena França
problema dos EUA é o desprezo permanente pelos pobres
Fábio de Oliveira Ribeiro, Jornal GGN
Antes de mais nada vou transcrever aqui as palavras do jovem político norte-americano cuja vida foi dramaticamente interrompida em 06 de junho de 1968:
Nos próximos quarenta anos, a nossa população duplicará e os nossos problemas duplicarão com ela. Teremos de construir tantas casas, hospitais e escolas quantas foram edificadas desde que o nosso país nasceu; Mais do que isso, teremos de arranjar espaço para todos: planejar em conjunto onde iremos viver, trabalhar e nos divertir; onde e como poderemos começar a reconstruir a nossa comunidade, um lugar onde cada homem encontre importância e significação, quer em sua vida pessoal, quer em suas contribuições para a vida comunitária. É uma enorme tarefa. Mas é o mínimo que podemos fazer, se quisermos que as nossas cidades sejam lugares de dignidade e segurança, de oportunidades e realizações; se quisermos que a nossa sociedade adquira o nome de civilização.” (Luta por um mundo melhor, Robert F. Kennedy, Editora Expressão e Cultura, Rio de Janeiro, 1968, p. 44)
Já se passaram 50 anos desde que este livro foi publicado no Brasil, 51 anos se levarmos em conta sua publicação nos EUA. A população norte-americana saltou de 198,7 milhões de pessoas para 326,4 milhões de pessoas nesse período. O declínio na fecundidade feminina (2,56 filhos por mulher em 1967 para 1,84 filhos por mulher em 2015) explica a esse fenômeno.
As privatizações e desregulamentações da era Reagan/Bush/Clinton produziram um aumento na oferta de casas. Mas a crise financeira do período Bush Jr./Obama/Trump provocou a desocupação de dezenas de milhões de habitações. O resultado foi devastador. Nos últimos anos ocorreu uma verdadeira proliferação de favelas de barracas nas periferias das cidades norte-americanas. Elas estão crescendo de maneira consistente em virtude do descaso da administração de Trump.
A renda per-capita dos norte-americanos era 4.366 dólares em 1967 e cresceu para 59.501 dólares em 2017, mas a participação dos salários dos operários no PIB dos EUA declinou. O resultado geral foi o aumento da concentração de renda e o empobrecimento da esmagadora maioria da população norte-americana. A expectativa de melhoria de vida através da educação (algo implícito no texto de Robert Kennedy) deixou de existir e a mobilidade social se tornou uma exceção.
Em 1967 Robert Kennedy raciocinava usando os conceitos de civilização e barbárie. Ele imaginava uma sociedade melhor que iria merecer o nome de civilização. A discurso dele se organiza em torno de dois grandes eixos: igualdade jurídica e inclusão social. Desde Ronald Reagan estes dois princípios foram claramente abandonados pelos governantes norte-americanos. Isso fica bem claro quando levamos em conta dois problemas: encarceramento e assistência médica.
Em 1970 os EUA tinham aproximadamente 357 mil pessoas encarceradas em presídios estaduais e federais. No início de 2017 os EUA tinham 2,12 milhões de pessoas encarceradas. O crescimento da população carcerária nos EUA entre 1970 e 2017 foi de 594%, o da população em geral entre 1967 e 2017 foi de apenas 64,26%.
Atualmente 11,3% da população adulta norte-americana não tem assistência médicaRobert Kennedydefendeu a construção de hospitais, mas as estatísticas revelam que o que cresceu nos EUA foi a construção de presídios (muitos deles privatizados). Exclusão social e desigualdade econômica são os principais fundamentos da sociedade norte-americana atual.
Os dados acima mencionados, que foram coletados de estatísticas disponíveis na internet, são desanimadores. Cinquenta anos depois de Robert Kennedy publicar seu livro, o que caracteriza a sociedade norte-americana é a barbárie, sem qualquer limite ou contenção pelo poder público, produzida de maneira programática pelo neoliberalismo
Gostemos ou não, a verdade nua e crua é que “Sadly, the American dream is dead”, como disse Donald Trump quando se candidatou a presidente dos EUA. Trump venceu as eleições, mas não cumpriu o que prometeu. “America first” rapidamente se tornou apenas mais do mesmo. O neoliberalismo segue produzindo e consolidando distorções econômicas nos EUA. Em algum momento o abismo entre pobres e ricos irá solapar de vez a estabilidade política norte-americana.
Invencível no exterior, onde aproximadamente 600 bases militares drenam seus recursos orçamentários sem produzir nada em troca, o império dos EUA irá ruir por causa dos bárbaros que os republicanos e democratas criaram e estão criando dentro das fronteiras dos EUA. O problema dos EUA não é a imigração como tem dito Trump. É o desprezo evidente que sucessivas administrações devoraram aos norte-americanos pobres. Esta é a lição que está sendo exportada para o Brasil nesse momento. A longo prazo ela não fará nada bem aos brasileiros ou a presença norte-americana em nosso país.

Em manifesto, líderes europeus pedem Lula na disputa presidencial


Líderes de quatro países europeus — França, Itália, Bélgica e Espanha — assinaram um manifesto pedindo que Lula possa ser submetido à eleição livre no Brasil.
“A prisão apressada do presidente Lula, incansável arquiteto da redução das desigualdades no Brasil, defensor dos pobres de seu país, só pode despertar nossa emoção”, afirma o documento.
Em outro trecho, os líderes europeus afirma que “O impeachment de Dilma Rousseff, eleita democraticamente por seu povo e cuja integridade nunca foi questionada, já era uma preocupação séria. A luta legítima e necessária contra a corrupção não pode justificar uma operação que questiona os princípios da democracia e o direito dos povos de eleger os seus governantes.”
“Nós solenemente solicitamos que o presidente Lula possa se submeter livremente ao sufrágio do povo brasileiro”, concluíram os signatários do manifesto.
O manifesto foi assinado pelos seguintes líderes europeus:
François HOLLANDE, ex presidente da República francesa
Massimo D’ALEMA, ex presidente do Conselho de ministros da República italiana
Elio DI RUPO, ex Primeiro-ministro da Bélgica
Enrico LETTA, ex presidente do Conselho de ministros da República italiana
Romano PRODI, ex presidente do Conselho de ministros da República italiana
José Luis RODRIGUEZ ZAPATERO, ex presidente do Governo da Espanha
Madalena França Via blog do esmael

A justiça brasileira é uma máquina de moer miseráveis


De retrocesso em retrocesso, o Brasil vai confirmando a máxima de Millor de que possui um enorme passado pela frente. O implacável inspetor Javert questiona nossa máquina de moer miseráveis

justiça brasileira é uma máquina de moer miseráveis
Thiago Rodrigues Cardin*, Coletivo Transforma MP
Enquanto, por efeito de leis e costumes, houver proscrição social, forçando a existência, em plena civilização, de verdadeiros infernos, e desvirtuando, por humana fatalidade, um destino por natureza divino; enquanto os três problemas do século – a degradação do homem pelo proletariado, a prostituição da mulher pela fome, e a atrofia da criança pela ignorância – não forem resolvidos; enquanto houver lugares onde seja possível a asfixia social; em outras palavras, e de um ponto de vista mais amplo ainda, enquanto sobre a terra houver ignorância e miséria, livros como este não serão inúteis” (Victor Hugo, Prefácio de Os Miseráveis).
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), em 2016, a população brasileira que se identificava como preta ou parda representava 54% do total. [2]
Embora o percentual tenha dobrado em dez anos, após a implementação de políticas afirmativas, em 2015 apenas 12,8% dos negros entre 18 e 24 anos frequentavam universidades – número que equivale a menos da metade dos jovens brancos com a mesma oportunidade [3]. Entre o 1% mais rico da população, os negros também são minoria – 17% [4].
Por outro lado, a população negra assume o protagonismo quando o assunto é população carcerária: 64% dos presos no sistema penitenciário nacional são negros. Em 2016, Relatório Sobre o Perfil dos Réus Atendidos nas Audiências de Custódia concluiu que a possibilidade de um branco preso em flagrante ser solto ao ser apresentado ao Juiz é 32% maior que a de um negro ou de um pardo na mesma situação [5].
“Javert se afastara lentamente da rua l”Homme-Armé.
Caminhava de cabeça baixa pela primeira vez em sua vida, e, igualmente pela primeira vez em sua vida, com as mãos atrás das costas.
Até aquele dia, Javert apenas imitara Napoleão na atitude que exprime resolução, os braços cruzados sobre o peito; a que exprime incerteza, as mãos atrás das costas, era-lhe desconhecida. Agora, uma mudança fora operada: toda a sua pessoa, lenta e sombria, estava impregnada de ansiedade”.
Em setembro de 2015, ao julgar a ADPF 347, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a violação de direitos fundamentais da população carcerária, declarando haver no país um “estado de coisas inconstitucional” e irradiando a esperança de dias melhores.
Pouco mais de um ano depois, em janeiro de 2017, apenas nas duas primeiras semanas do ano, 133 pessoas perderam as vidas dentro do sistema prisional [6] – em 2016, foram quase 400 mortes violentas registradas nos presídios [7]. Em outubro de 2017, homem preso por embriaguez ao volante morre em município do Maranhão após passar o dia e a noite preso em uma cela ao ar livre em uma delegacia da cidade [8].
Uma novidade, uma revolução, uma catástrofe acabava de se operar em seu interior; por isso era necessário examinar-se.
Javert sofria terrivelmente.
(…)
Via diante de si dois caminhos, ambos retos, mas via dois; e isso o apavorava, a ele, que nunca em sua vida conhecera senão uma única linha reta. E, angústia pungente, esses dois caminhos eram opostos. Qualquer uma dessas linhas retas excluía a outra. Qual delas era a verdadeira?
Abril de 2005: após 11 meses presa pela tentativa de furto de um xampu e de um condicionador, empregada doméstica é torturada no interior de presídio e perde a visão do olho direito [9]. Fevereiro de 2008: catador de sucata passa 7 meses preso sob a acusação de tentar furtar uma garrafa de pinga avaliada em R$ 1,50 [10]. Outubro de 2015: homem é condenado a mais de um ano de prisão pelo furto de dois pacotes de bolacha [11].
Março de 2018: Superior Tribunal de Justiça altera sua jurisprudência para passar a aplicar o princípio da insignificância nos crimes contra a ordem tributária e de descaminho quando o débito tributário não ultrapassar R$ 20.000,00 – até então, o STJ considerava insignificantes débitos tributários de até R$ 10.000,00 [12].
Que fazer agora? Entregar Jean Valjean era errado; deixar Jean Valjean livre era errado. No primeiro caso, o homem da autoridade descia abaixo do homem preso; no segundo, um miserável ia mais alto que a lei e metia-lhe o pé por cima. Nos dois casos, desonra para ele, Javert. Qualquer que fosse a resolução que tomasse, haveria uma queda. O destino tem certas extremidades que vêm a pique sobre o impossível e para além das quais a vida nada mais é que um precipício. Javert achava-se em uma dessas extremidades.
Uma de suas ansiedades era ser obrigado a pensar. A própria violência de todas aquelas emoções contraditórias obrigava-o a isso. Pensar, coisa inusitada e singularmente dolorosa para ele.
No pensamento há sempre uma certa quantidade de rebelião íntima; ele se irritava por ter isso em si”.
Novembro de 2017: no mesmo dia em que a “reforma trabalhista” entrou em vigor, Juiz condena trabalhador a pagar R$ 8.500,00 de custas processuais [13]. Menos de quatro meses depois, Juíza do Mato Grosso condena trabalhador a pagar mais de R$ 700.000,00 em honorários sucumbenciais a uma empresa de transportes [14].
Sua suprema angústia era o desaparecimento da certeza. Sentia-se desenraizado. O código já não era mais que uma coisa inútil em suas mãos. Tinha de se haver com escrúpulos de natureza desconhecida. Operava-se nele uma revelação sentimental, inteiramente distinta da afirmativa legal, sua única norma até então. Permanecer na antiga honestidade já não era mais o bastante. Surgia toda uma ordem de fatos inesperados que o subjugava. Surgia em sua alma um mundo inteiramente novo; o benefício aceito e retribuído, a dedicação, a misericórdia, a indulgência, as violências feitas por piedade à austeridade, a acepção de pessoas, não mais a condenação definitiva, não mais as penas, a possibilidade de uma lágrima nos olhos da lei, certa justiça segundo Deus indo em sentido inverso à justiça segundo os homens. Ele percebia nas trevas o assustador despontar de um sol moral desconhecido, que o horrorizava e deslumbrava. Um mocho forçado a ter olhares de águia”.
Novembro de 2013: Polícia Federal apreende cerca de 450 quilos de cocaína em helicóptero de empresa pertencente a deputado mineiro. Em 2016, sem qualquer punição a nenhum dos envolvidos, o deputado (cujo pai senador participou da comissão que avaliou o processo de impeachment) é nomeado pelo governo do então presidente interino Michel Temer para o cargo de Secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor [15] – em 2018, assumiu o cargo de diretor de Desenvolvimento e Projetos da CBF.
Julho de 2017: detido com 130 quilos de maconha, centenas de munições de fuzil e uma pistola nove milímetros, filho de Desembargadora consegue liberdade após pouco mais de três meses de prisão [16]. Em novembro, é preso novamente, por suspeita de ligação com o tráfico de drogas.
Dezembro de 2017: Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro confirma condenação do ex-catador de latas Rafael Braga à pena de 11 anos de reclusão, acusado de tráfico de drogas e associação para o tráfico ao ser preso portando 9,3 gramas de cocaína e 0,6 gramas de maconha no Complexo de Favelas da Penha [17].
Dizia a si mesmo que então era verdade, que havia exceções, que a autoridade podia ser confundida, que a regra podia ser insuficiente perante um fato, que nem tudo se enquadrava ao texto do código, que era preciso obedecer ao imprevisto, que a virtude de um criminoso podia preparar uma armadilha à virtude de um funcionário, que o monstruoso podia ser divino, que o destino tinha dessas ciladas, e pensava com desespero que ele mesmo não estivera ao abrigo de uma surpresa.
(…)
Não se compreendia mais. Não estava mais seguro de ser ele mesmo. As próprias razões de seu ato lhe escapavam e isso causava-lhe apenas vertigem. Vivera, até esse momento, dessa fé cega que produz a probidade tenebrosa. Essa fé o abandonava, essa probidade lhe faltava. Tudo em que havia acreditado se dissipava. Verdades que ele não desejava o obcecavam inexoravelmente. A partir de agora era preciso ser um outro homem. Sofria as estranhas dores de uma consciência bruscamente operada de catarata. Via o que lhe causava repugnância ver. Sentia-se vazio, inútil, deslocado de sua vida passada, destituído, dissolvido. A autoridade morrera nele. Já não tinha razão de ser”.
Setembro de 2014: Ministro do Supremo Tribunal Federal estende por meio de liminar o pagamento de auxílio-moradia, no valor mensal de R$ 4.377,73, a toda a magistratura [18]. Quarenta e quatro meses depois, como a ação que trata do tema ainda não foi julgada pelo STF, cada membro do Poder Judiciário ou do Ministério Público que requereu o auxílio já recebeu R$ 192.620,12, em valores isentos de impostos e não corrigidos monetariamente.
Abril de 2016: Defensoria Pública da União ingressa com ação pleiteando auxílio-moradia no valor de R$ 750,00 mensais às pessoas que formariam a população de rua de todo o país [19] – nos cálculos apresentados pela DPU, o custo financeiro do pedido seria similar ao crédito extraordinário liberado para o pagamento de auxílio-moradia aos membros dos poderes da República no ano de 2016. A ação foi extinta sem resolução de mérito.
Maio de 2018: desabamento de edifício ocupado em São Paulo, com número ainda indefinido de vítimas, escancara o apartheid habitacional brasileiro.
Ser obrigado a confessar-se o seguinte: que a infalibilidade não é infalível, que pode existir erro no dogma, que um código não prevê tudo, que a sociedade não é perfeita, que a autoridade se complica por vacilações, que um abalo no imutável é possível, que os juízes são homens, que a lei pode enganar-se, que os tribunais podem errar! Que se pode ver uma fenda na imensa vidraça azul do firmamento!
(…)
Assim – no crescimento da angústia e na ilusão de óptica da consternação, tudo o que poderia ter restringido e corrigido sua impressão se apagava, e a sociedade, e o gênero humano, e o universo a partir daquele momento resumiam-se, a seus olhos, a um esboço simples e terrível -, assim a penalidade, a coisa julgada, a força devida à legislação, as sentenças das cortes soberanas, a magistratura, o governo, a prevenção e a repressão, a sabedoria oficial, a infalibilidade legal, o princípio da autoridade, todos os dogmas em que se baseiam a segurança política e civil, a soberania, a justiça, a lógica que deriva do código, o absoluto social, a verdade pública, tudo isso não passava de destroços, amontoados, caos; o próprio Javert, o vigia da ordem, a incorruptibilidade a serviço da polícia, a providência-mastim da sociedade, vencido e jogado ao chão; e sobre toda essa ruína um homem de pé, boné verde na cabeça e auréola na fronte; eis a que ponto seu transtorno chegara; eis a visão assustadora que tinha na alma”.
Caso hipotético (mas nem tanto) [20], ocorrido em uma cidade brasileira qualquer:
Homem é preso em flagrante ao tentar furtar botijão de gás em uma casa pertencente a conhecido empresário da cidade. Como já tinha praticado outros pequenos furtos e o crime foi cometido mediante a escalada de um muro, é condenado a quase quatro anos de reclusão, em regime inicial fechado.
No mesmo mês, o empresário (dono do botijão de gás) é indiciado por crime tributário ao sonegar milhões de reais de ICMS. Por ter parcelado o débito em sessenta prestações, o inquérito é suspenso sem ao menos o empresário ter sido denunciado. Caso cumpra o parcelamento e salde a dívida, sua punibilidade será extinta, não sendo sequer processado pelos fatos. Se descumprir o parcelamento e for condenado criminalmente, ainda terá a opção de pagar o débito tributário posteriormente, caso em que também terá a punibilidade imediatamente extinta, não precisando cumprir a pena imposta.
Até então, tudo o que tivera acima de si fora, a seu modo de ver, uma superfície clara, simples, límpida; ali nada havia de ignorado, nem de obscuro; nada que não fosse definido, coordenado, ligado, preciso, exato, circunscrito, limitado, fechado; totalmente previsto; a autoridade era uma coisa plana; nenhuma queda, nenhuma vertigem diante dela. Javert nunca vira o desconhecido senão embaixo. O irregular, o inesperado, a abertura desordenada do caos, a possibilidade de uma queda em um precipício, todos esses eram fatos das regiões inferiores, dos rebeldes, dos maus, dos miseráveis. Agora, Javert caía de costas, e estava bruscamente espantado com essa aparição inédita: um abismo nas alturas.
(…)
Como! A falha da couraça da sociedade podia ser encontrada por um miserável magnânimo! Como! Um honesto servidor da lei podia ver-se, de repente, preso entre dois crimes, o crime de deixar escapar um homem e o crime de prendê-lo! Nem tudo era certo nas instruções dadas pelo Estado ao funcionário! Poderiam existir impasses no dever! Que, então! Tudo isso era real! Era verdade que um antigo bandido, curvado sob as condenações, pudesse erguer-se e acabar tendo razão? Isso era possível? Então, havia casos em que a lei deveria retirar-se diante do crime transfigurado balbuciando desculpas?
Início de 2016: diversos membros do Poder Judiciário participam de manifestações em favor do impeachment da ex-Presidente Dilma Roussef, incluindo Juiz que ficou nacionalmente conhecido por suspender a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como Ministro da Casa Civil; até o momento, nenhum procedimento foi instaurado para apuração de suas condutas. Outubro de 2017: conselheiros do CNJ abrem procedimento administrativo para apurar eventual falta disciplinar cometida por quatro Juízes que se manifestaram em protesto contrário ao impeachment da ex-Presidente Dilma Roussef. O relator do caso, corregedor e Ministro do Superior Tribunal de Justiça, ofereceu em junho de 2016 jantar em sua residência do qual participaram o então Presidente em exercício Michel Temer e os senadores Aécio Neves e José Serra [21].
Fevereiro de 2017: Tribunal de Justiça de São Paulo aplica pena de censura a Juíza que proferiu decisões libertando réus que estavam presos preventivamente por mais tempo do que a pena fixada em suas sentenças [22]. Até o momento, não há notícias de procedimentos instaurados contra os responsáveis pela não libertação de réus presos por tempo excessivo.
Abril de 2018: Conselho Nacional do Ministério Público instaura procedimento para apurar a conduta de ex-Procurador Geral de Justiça do Paraná, conhecido por sua atuação em prol da dignidade da pessoa humana e de grupos historicamente marginalizados, por ter finalizado seu discurso na IV Conferência Estadual De Promoção da Igualdade Racial do Paraná com a expressão “Fora Temer” [23].
Aguarda-se quem será o próximo jurista com posições consideradas progressistas a ser investigado, nesse incipiente macartismo à brasileira que tende a se aprofundar.
Javert permaneceu alguns minutos imóvel, olhando para aquela abertura de trevas, contemplando o invisível com uma fixidez que se assemelhava à atenção. A água rumorejava. De repente, tirou o chapéu e colocou-o em cima do muro do cais. Um momento depois, um vulto alto e negro, que, de longe, algum passante tardio tomaria por um fantasma, apareceu de pé em cima do parapeito, curvou-se em direção ao Sena, ergueu-se e caiu direto nas trevas; houve um movimento rápido e surdo das águas; e somente a escuridão presenciou o segredo das convulsões daquela forma obscura que desapareceu sob a água”.

Epílogo

Por mais que a quantidade de brasileiros encarcerados continue crescendo sistematicamente, atingindo em junho de 2016 o número de 726 mil presos (tomando da Rússia o posto de terceira maior população carcerária do mundo) [24], nossos implacáveis agentes da lei não têm com o que se preocupar: as medidas adotadas pela Casa Grande desde que a camarilha sem votos ascendeu ao poder (congelamento de gastos sociais, precarização das relações de trabalho, flexibilização de direitos) estão atingindo seus objetivos, com a consequente (e comemorada) multiplicação de miseráveis.
Perdido em suas próprias contradições, o sistema de justiça tupiniquim observa omisso (quando não aplaude ou mesmo patrocina) o rápido desmonte dos parcos avanços civilizatórios conquistados pós Constituição Cidadã.
No mais, de retrocesso em retrocesso, o Brasil vai confirmando a máxima de Millor de que possui um enorme passado pela frente.
Pragmatismo Político

Cartinha emocionante de Caio de 9 anos para Lula.

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Que coisa linda! Fiquei emocionada. Os desenhos falaram muito mais que as palavras.
Deus abençoe o caio e todas as crianças carentes do Brasil. O Lula dever ter se sensibilizado tanto que mandou postar a carta.
Fonte pg do Lula no facebook.

Sancionada lei contra abuso sexual de crianças e jovens atletas

  O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que estabelece diretrizes para prevenir e combater abusos sexuais co...