Jogada típica de amadores
Tancredo Neves e Miguel Arraes tinham em comum o fato de terem sido vítimas do golpe de 64 e feito oposição à ditadura militar. Doutrinariamente falando, porém, eram muito diferentes. Tancredo era um liberal convicto e Arraes um esquerdista manso. Quando ambos, por força das circunstâncias da época, militavam no mesmo partido, o então governador de Minas, já alinhavando sua candidatura a presidente da República com apoio de dissidentes do governo de então, disse: “O meu PMDB não é o PMDB de Arraes”. Foi um recado curto e grosso para os militares que, equivocadamente, viam o ex-governador de Pernambuco como um político incendiário. Os netos de ambos, Aécio Neves e Eduardo Campos, respectivamente, iriam se enfrentar na presente campanha presidencial. Mas como o ex-governador de Pernambuco se foi, o PSB dele se aliou ao PSDB de Aécio provando que apenas a letra “D” é o que os diferencia.
Tancredo Neves afirmou em 84, quando estava articulando sua candidatura a presidente da República, que o PMDB dele não era o mesmo de Miguel Arraes
Após terem assinado um documento pelo qual se comprometiam a reconduzir Roberto Amaral à presidência nacional do PSB, o prefeito Geraldo Júlio e o presidente regional do partido, Sileno Guedes, romperam o trato e lançaram a candidatura do secretário-geral Carlos Siqueira. Amaral é um político jurássico e chato. E não merecia mesmo presidir um partido que praticamente foi criado por Eduardo Campos. Mas, se assinaram o documento, tinham o dever moral de honrá-lo.
Campeã – Luciana Santos (PCdoB), pela 2ª vez, foi a mais votada em Olinda para a Câmara Federal: 29.038 votos. Em relação a 2010, entretanto, teve 10 mil votos a menos. Aliás, Olinda provou nessas eleições que é um município sem dono e sem líderes. Dos 488 candidatos a deputado estadual, 434 foram votados lá, assim como 149 dos 155 candidatos à Câmara Federal.
Traição – O senador Armando Monteiro (PTB) saiu de peito lavado da eleição de Buíque. Mesmo traído pelo ex-prefeito Arquimedes Valença (PTB), sagrou-se vitorioso no município.
Líder – Com a morte de Sérgio Guerra, o deputado Emanuel Bringel (PSDB) confessa que agora é liderado dos “Gomes”: Elias (prefeito de Jaboatão) e Betinho (deputado federal eleito).
É Dilma – Impossibilitada de subir em palanque com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), a senadora Lídice da Mata (PSB) engajou-se na campanha da presidente Dilma (PT).
Dureza – Seja Aécio ou Dilma o próximo presidente da República, o governador eleito Paulo Câmara (PSB) terá um ano duro pela frente. Aquele tratamento de “pai para filho” que o então presidente Lula (foto) dispensou a Eduardo Campos não tem a menor chance de repetir-se.
Aecismo – Até o domingo do 1º turno, contavam-se nos dedos os tucanos de Pernambuco que assumiam a candidatura de Aécio à presidência da República. Hoje, que o homem está no 2º turno e ameaçando vencer a eleição, existem “aecistas” por toda parte engajados na campanha.
Arcoverde 1 – A prefeita de Arcoverde, Madalena Brito (PTB), rompeu de vez os tênues laços que ainda a ligavam ao seu antecessor e deputado federal eleito Zeca Cavalcanti (PTB). Botou para fora os “zequistas” do governo e já está à procura de um partido para abandonar o PTB. Este, por sua vez, já tem um candidato a prefeito com o nome nas ruas: o vereador Luciano Pacheco.
Arcoverde 2 – Eleita pelo PTB em 2012, Madalena Brito foi vice de Zeca e secretária de Ação Social da ex-prefeita Rosa Barros (PR). Ela rompeu com seu partido em abril deste ano para apoiar Paulo Câmara (PSB), mas votou em Zeca para a Câmara Federal e no irmão dele, Júlio, para deputado estadual. Mas este último perdeu no município para Eduíno Brito (PHS), que também foi eleito.