01/01/2015 16:49
A presidente reeleita e o seu vice Michel Temer participaram da cerimônia às 15h31
Presidente Dilma e sua filha Paula na cerimônia de posse / Ricardo Moraes/Reuters
Por: Reuters
A presidente Dilma Rousseff afirmou em seu discurso de posse, nesta quinta-feira, que a retomada do crescimento da economia brasileira passa pelo ajuste nas contas públicas, que prometeu fazer com o menor sacrifício para os mais pobres.
Dilma, de 67 anos, assume o segundo mandato depois da mais acirrada eleição presidencial desde a redemocratização e sob fortes críticas pela estagnação da economia e em meio ao maior escândalo de corrupção da história do país.
Ao ser reempossada presidente no Congresso Nacional, voltou a defender a reforma política e também afirmou que conta com o apoio de sua base aliada no Legislativo para promover as mudanças que pretende fazer no novo período de governo.
"Mais que ninguém sei que o Brasil precisa voltar a crescer. Os primeiros passos desta caminhada passam por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia", disse Dilma em seu discurso, que durou mais de 40 minutos.
"Faremos isso com o menor sacrifício possível para a população, em especial para os mais necessitados", acrescentou.
Dilma, a primeira mulher presidente do Brasil, assumiu o segundo mandato ao lado de seu vice, Michel Temer, e tem pela frente um cenário de fragilidade econômica e incerteza política.
Ao assumir o mandato anterior, em 2011, Dilma se beneficiava da economia crescendo 7,5 por cento. Enquanto em 2014, a economia deve expandir só 0,2 por cento, segundo previsão do Banco Central.
O cenário para as contas públicas também é desfavorável para a presidente, que teve de enfrentar uma dura batalha no Congresso no final de 2014 para aprovar uma mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que, na prática, desobrigou o governo de realizar um superávit primário no ano passado.
Assim como fez no discurso de posse para seu primeiro mandato em 2011, Dilma voltou a defender a necessidade de uma reforma política e, em um momento que parece refém de sua base aliada no Parlamento, disse contar com o apoio dos partidos que compõem sua base.
"Sei que conto com o forte apoio da minha base aliada, de cada liderança partidária de nossa base e com os ministros e ministras que estarão, a partir de hoje, trabalhando ao meu lado pelo Brasil, discursou a presidente.
"É inadiável, também, implantarmos práticas políticas mais modernas e éticas e, por isso mesmo, mais saudáveis. É isso que torna urgente e necessária a reforma política. Uma reforma profunda que é responsabilidade constitucional desta Casa, mas que deve mobilizar toda a sociedade na busca de novos métodos e novos caminhos para nossa vida democrática."
EXTIRPAR A CORRUPÇÃO/ Dilma aproveitou seu discurso para propor um pacto nacional de combate à corrupção e, ao citar as denúncias de irregularidade na Petrobras PETR4.SA, defendeu a apuração do caso, sem prejudicar a estatal, que ela classificou de "estratégica" para o país.
A presidente também anunciou que lançará no novo período de governo uma terceira versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma segunda fase do programa de logística do governo federal e a construção de 3 milhões de unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida.
Dilma tratou também de política externa em seu discurso de posse e prometeu manter a prioridade para a América Latina e para países africanos, assim como da Ásia e dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
A presidente defendeu ainda como sendo de "grande relevância" o aprimoramento das relações do Brasil com os Estados Unidos, abaladas em seu primeiro mandato por conta do escândalo de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA).