Estou preocupado porque se ouvem discursos que se assemelham aos de Hitler em 1934. ‘Nós primeiro. Nós. Nós’ Um país deve ser soberano, mas não fechado”, disse Francisco, na tradução para o português do Vatican News.
Referia-se à Europa. Mais à frente, abordou também o Sínodo da Amazônia. Disse que o planeta vive “situação de emergência”, citando lixo no mar e desmatamento. Porém, advertiu, “não é reunião de políticos”.
Aceleraram-se então as críticas ao sínodo, de Jair Bolsonaro a Olavo de Carvalho e o general Eduardo Villas Bôas. Com o aviso do presidente de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitora o encontro católico, o conflito chegou de vez à cobertura internacional.
O espanhol El País, sob o título “Bolsonaro está espionando o papa?”, registrou em coluna que “o presidente e seus generais tentam convencer que a Europa quer tomar a Amazônia” e que “a próxima briga pode ser com o papa”.
O Crux Now, principal veículo católico nos EUA, entrevistou o arcebispo Roque Paloschi, de Porto Velho, para a reportagem “Católicos denunciam ataques contra povos indígenas na Amazônia”.
E na quinta o britânico The Guardian entrevistou longamente o bispo emérito do Xingu, Erwin Kräutler, sob o título “Queimadas são verdadeiro Apocalipse”. Segundo ele, o sínodo papal, em outubro, vai “denunciar a destruição da floresta”.
DESDE WASHINGTON
O noticiário de Amazônia prossegue nos EUA, com o BuzzFeed produzindo vídeo “com todas as queimadas de agosto, usando dados da Nasa”.
E dois senadores listaram para a NBC os passos legislativos a tomar, inclusive uma “emenda à Lei Lacey, que proíbe importar animais silvestres, plantas e madeira ilegais”.
O FIM DO MERCOSUL?
O chanceler Ernesto Araújo deu entrevistas a Christiane Amanpour, na CNN, e Andrés Oppenheimer, na CNN em espanhol. Para espanto de Amanpour, ele “insistiu” que “a Amazônia não está queimando”.
Oppenheimer ficou mais preocupado com o fim do Mercosul, admitido por Araújo, em caso de acordo comercial bilateral Brasil-EUA. O jornalista, que é argentino e também colunista do Miami Herald, teme que seu país, isolado, “se torne dependente da China”.