PT planeja esticar a corda até a 1ª quinzena de setembro
Blog do Kennedy
A estratégia do ex-presidente Lula é deixar o ônus do eventual veto à sua candidatura ao Palácio do Planalto na conta do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal).
Além de se manter como candidato porque luta para sair da prisão e para poder concorrer à Presidência da República, objetivos diferentes mas complementares, Lula não pretende tomar a iniciativa de discutir plano B dentro ou fora do PT até a Justiça decretar que ele está oficialmente fora do jogo.
Isso significa que a indefinição sobre a candidatura do petista deverá se estender até a primeira quinzena de setembro. No cronograma da legenda, haverá o registro da candidatura de Lula até 15 de agosto (muito provavelmente nesse dia). Na sequência, ocorrerão disputas jurídicas no TSE e no STF até uma decisão final.
O ex-presidente tem dito a quem o visita que ainda acredita na possibilidade de ser candidato. Mas esse projeto enfrenta obstáculos na Justiça.
Se for impedido de disputar a Presidência, o movimento mais provável de Lula hoje seria apoiar um plano B no próprio PT. Os mais cogitados continuam a ser o ex-ministro Jaques Wagner e o ex-prefeito Fernando Haddad. É remota a chance de a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, ser a escolhida. Mas ela é porta-voz de Lula e tem sido extremamente fiel ao ex-presidente. Isso conta em política.
Outra hipótese, menor mas possível, seria apoiar um candidato que não seja petista. Uma ala do PT e de outros partidos de esquerda defendem que o contemplado seja Ciro Gomes (PDT), mas há complicadores no jogo interno petista. Será preciso ver os desdobramentos da campanha eleitoral.
No próprio PT, há quem ache que definir o jogo na primeira quinzena de setembro poderá deixar pouco tempo para viabilizar um eventual substituto de Lula. No limite, entendem os defensores dessa tese, haveria risco de inviabilizar a ida de Ciro ou de um petista para o segundo turno. Mas essa é atualmente uma visão minoritária na sigla.
Portanto, esse é o roteiro desenhado hoje por Lula, que é quem controla o jogo devido ao enorme cacife político-eleitoral. Até o momento, ele tem liderado as pesquisas em todos os cenários de primeiro e segundo turno. O agravamento da crise política, o enfraquecimento do governo, o mau momento tucano, o fator Bolsonaro e as dificuldades na economia turvam o cenário eleitoral e favorecem o plano petista de esticar a corda para ver que bicho vai dar num Brasil em transe.
Madalena França Via Magno Martins.