No PL, Anderson só fala por ele
Faltando 48 horas para completar 100 dias de gestão, a governadora Raquel Lyra (PSDB) enfrenta, no plano político, uma dubiedade: uma hora posa e recebe Lula para almoço no Palácio, outra estende sua mão amiga ao bolsonarismo. Bastou o presidente estadual do PL, Anderson Ferreira, antecipar, em nota neste blog, sua visão sobre os 100 dias de Raquel para as redes sociais serem invadidas com questionamentos sobre seu alinhamento ao bolsonarismo.
O PL – leia-se o grupo Ferreira – emplacou a direção do Detran de porteira fechada, o secretário-executivo de Justiça, Anselmo de Araújo Lima, e deve ter controle também sobre o Procon. Com isso, impregnou no Governo Raquel o DNA bolsonarista. A bancada do PL na Assembleia, formada por Renato Antunes, Alberto Feitosa, Abimael Santos, Joel da Harpa e Nino de Enoque, ainda não se sente contemplada. Todos dizem que as ofertas da governadora atenderam, isoladamente, apenas Anderson Ferreira.
E não o conjunto da bancada, que se comporta na Assembleia com uma postura de independência. Até o deputado Renato Antunes, que, teoricamente, seria o parlamentar mais próximo ao núcleo Ferreira, mostrou independência ao ajudar a oposição a derrotar Raquel na Comissão de Constituição, votando a favor da proposta de Alberto Feitosa, que aumenta, de forma escalonada, o valor das emendas parlamentares destinadas a prefeituras e fundações.
Ao paparicar Raquel, ontem, em postagem neste blog, Anderson disse que o partido está disposto a ajudar a governadora. “É hora de trabalhar pelo Estado e contar com a colaboração de todos. O PSB deixou uma herança maldita e isolou o Estado. A governadora completa 100 dias reorganizando a casa, elencando prioridades e desde o primeiro momento destaquei o nosso compromisso em ajudar Pernambuco”, disse Anderson, em nota enviada ontem ao blog.
Para ele, Raquel tem procurado dialogar e o PL quer fazer a sua parte apresentando sugestões, caminhos e se colocando, como sempre fez, à disposição do povo pernambucano. Mas os deputados estaduais e os federais não foram ouvidos em nenhum momento, nem sobre cargos nem tampouco para o alinhamento automático ao Governo.
“Anderson deve ter reunido o seu núcleo familiar, porque o PL virou um partido doméstico”, disse um parlamentar, sob reserva, adiantando que ninguém com mandato eletivo no PL foi sondado, ao contrário do que diz o ex-prefeito de Jaboatão.
Irmão silencia – Não é somente na bancada estadual do PL que reina um silêncio sepulcral em relação ao Governo Raquel. Na bancada federal, também. A começar, diga-se de passagem, pelo deputado André Ferreira, que em nenhum momento deu um pio, nem para falar dos cargos que o irmão abocanhou nem tampouco sobre questões federais, como a relação do partido com Bolsonaro e como avalia as tentativas de aproximação da governadora com Lula, que tem agido para prender Bolsonaro e deixá-lo inelegível.
Divisão irreversível – Em Pernambuco, o PL, na verdade, caminha para um tremendo racha na medida em que se aproximam as discussões com relação às eleições municipais. No Recife, o pré-candidato de Bolsonaro a prefeito é o ex-ministro Gilson Machado e não o deputado André Ferreira, irmão de Anderson. André saiu das urnas como o federal mais votado no Estado e no calor da emoção se antecipou ao processo eleitoral de 24, afirmando que poderia disputar a Prefeitura do Recife.
Da Coluna do Magno.
Postado por Madalena França
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