Em pontos muito distantes do universo da análise política – é muito dificil imaginar quem possa ser mais antípodas que Teresa Cruzinel e Merval Pereira – surgem comentários sobre o interesse de Rodrigo Maia, até agora candidato de si mesmo a Presidente da República, no eventual impedimento de Michel Temer, por conta da cada vez mais provável terceira denúncia criminal a ser apresentada à Câmara dos Deputados.
Cruvinel, no JB, diz que há a tentação da aventura:
“Temer já não tem um programa a executar. Depois que a reforma previdenciária foi para o arquivo, suas prioridades são a intervenção no Rio, a ênfase na segurança e a venda de ativos, como a Eletrobrás (cuja privatização o Congressos resiste em aprovar) e o leilão de novas áreas de exploração de petróleo. Mas o Democratas pode não resistir à tentação, e Rodrigo teria o apoio do mercado e do empresariado. Manteria a política econômica e disputaria a reeleição no cargo, vantagem que ninguém despreza. Nem Temer, que vinha pensando seriamente nisso. Convém, portanto, prestar atenção ao fator DEM/Rodrigo Maia.
Merval, em O Globo, vai além da suposição:
Há quem, no entorno do deputado Rodrigo Maia, considere que esta é uma oportunidade de ouro para ele, que poderia concorrer à presidência da República como presidente interino, eleito indiretamente pela mesma maioria que condenou o presidente Temer. Seria um desfecho surpreendente e lamentável, um vice-presidente sucedendo a outro, numa demonstração explícita da decadência da democracia brasileira.
Não acho absurdas as suposições tanto quanto são claramente abjetas as intenções.
Resultam, claro, do processo de judicialização da política, que fez das ações policiais e judiciais o sucedâneo do “marketing político” como ferramenta de ascensão ao poder.
A entronização do golpismo como método “legítimo” de conquista do Governo, afirmando que as decisões judiciais podem sobrepor-se ao voto popular, as portas se escancararam para todo tipo de abuso e esperteza.
Claro que Rodrigo Maia logo estará negando suas intenções de assumir desta forma a cadeira presidencial.
Mas um olhar objetivo mostra que não há outra maneira de tornar existente sua candidatura a presidente.
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