Por Antônio Lavareda*
Estamos às vésperas do início de um novo ano. Ainda há muitas incertezas em relação ao que poderá ser 2025, para o mundo e para o Brasil. Mas há uma certeza na qual o nosso país, nesse momento, aposta as suas fichas: a realização da chamada COP30 em Belém do Pará, no próximo ano.
Não por acaso, a Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros – CNBB definiu o tema do próximo ano como sendo “Fraternidade e Ecologia Integral”.
A COP30 tem um significado profundo, não apenas para o Brasil, mas para o mundo. Será a primeira vez que uma Conferência das Partes, ou seja, das partes envolvidas da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, acontece na Amazônia, um dos biomas mais importantes e também mais ameaçados do Planeta.
Essa escolha – a cidade de Belém, a Amazônia, o Brasil – destaca o papel estratégico que temos, tanto como detentores das maiores reservas de biodiversidade, quanto como um ator-chave na luta contra o desmatamento e a emissão de gases de efeito estufa. O país terá uma oportunidade ímpar de mostrar ao mundo seu compromisso com políticas ambientais mais sustentáveis, especialmente no que toca ao combate ao desmatamento ilegal e à preservação da floresta.
Mas gostaria de refletir sobre a importância desse tema também para as populações mais vulneráveis do interior do Nordeste. Essa é uma região historicamente marcada por desafios, como a seca e a desigualdade social, que se retroalimentam e enfrenta ainda mais ameaças com as mudanças climáticas. O aumento da temperatura global e as alterações no regime de chuvas tornam a vida, já difícil, dessas comunidades, ainda mais desafiadoras.
O semiárido nordestino está entre as áreas mais suscetíveis à desertificação no Brasil. A redução das chuvas, combinada com práticas inadequadas de uso do solo, ameaça diretamente a agricultura de subsistência, que é a base da economia local.
As consequências são muito graves, como todos sabemos: insegurança alimentar, migração forçada e dificuldades econômicas crescentes. Diante desse cenário, a solidariedade se torna um valor imprescindível. Solidariedade que vai além do sentimento de compaixão. É um compromisso ativo com o processo de transformação social e com a justiça, em um sentido amplo. Nesse contexto, instituições como a Fundação Terra, que celebra agora 40 anos de atuação, desempenham um papel essencial desde a sua criação.
A Fundação Terra é um exemplo concreto de como a solidariedade pode, de fato, mudar vidas. Ao longo de quatro décadas, a Instituição tem se dedicado a atender as populações mais necessitadas, oferecendo educação, saúde, alimentação e qualificação profissional. Seu trabalho incansável é uma resposta à desigualdade, uma demonstração de que, com empenho e colaboração, podemos fazer a diferença na vida de milhares de pessoas.
No entanto, a solidariedade não pode ser um esforço isolado. Ela precisa ser um movimento coletivo, baseado na empatia , a capacidade de se colocar no lugar do outro, de se sensibilizar com o outro. É isso que gera a solidariedade, que é a efetivação da empatia.
Precisamos nos perguntar como podemos contribuir para mitigar os impactos das mudanças climáticas e reduzir as desigualdades na Amazônia e no Brasil como um todo, com um olhar especial para o Nordeste.
Pequenas ações, como apoiar iniciativas locais, promover políticas públicas mais inclusivas e disseminar práticas de convivência sustentável com o semiárido, são passos fundamentais.
Que a celebração dos 40 anos da Fundação Terra seja um lembrete do poder transformador da solidariedade e que possamos todos, como sociedade, assumir a responsabilidade de construir um futuro mais justo e sustentável para todos, especialmente para aqueles que mais precisam.
Que neste ano estejamos comemorando não apenas os 40 anos que já se passaram da Fundação Terra, mas o início de mais 40 anos de trabalho transformador.
*Sociólogo, espírita, colaborador da Fundação Terra
Do Blog do Magno Martins
Postado por Madalena França
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