Quarenta e oito horas depois de seus áulicos levarem faixas e gritos para as ruas contra o presidente da Câmara e pedindo a “Lava Toga”, Jair Bolsonaro chama ao Palácio Rodrigo Maia, o presidente do Senado (uma figura anódina e insignificante) e o presidente do STF, Dias Toffoli.
A pretexto de um “pacto republicano”, o que oferecerá é um “Tratado de Versalhes” aos demais poderes da República, como os aliados da 1ª Guerra Mundial ofereceram à Alemanha vencida. Goela abaixo, após a humilhação pública e limitando o que podia fazer quem governasse o país germânico.
Poderão conservar suas dragonas e alamares, fruir das galas que os cargos ensejam. O “capitão” garante que não fará um golpe e “defenderá as instituições”. Mas não serão um poder autônomo.
Como há um século para os alemães, talvez não lhes reste senão aceitar, porque perdem a olhos vistos o controle de suas instituições – nem mesmo no Supremo a situação é tranquila, tantas diviões há.
Talvez, porque é absurdo achar que Bolsonaro está na posição de potência vencedora, porque depende – e muito – de que os vencidos lhe tolerem o mando.
Acordos humilhantes, porém, como ocorreu com aquele, só produzem uma aparência de paz sobre um oceano de ressentimento.
Sobretudo para Maia e Toffoli, uma capitulação não pode ser explícita e não pode desconsiderar a situação interna dos poderes que presidem.
Mas não recobrarão poderes enquanto se acoelharem diante da força demonstrada por um fanatismo político que tem 30% de aprovação da sociedade.
Ao contrário, serão, como estão sendo, cada vez mais humilhados e transformados em capachos toda vez que Bolsonaro quiser.
Não adianta se emproarem e justificarem com “o bem do Brasil” a submissão.
Não lhes dará o amor dos bolsonaristas, mas periga dar o ódio daqueles que não o são, em número crescente.
Madalena França via Tijolaço.