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Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o senador e pré-candidato ao governo de Pernambuco indicado pelo PT, Humberto Costa, afirmou que foi definido durante uma reunião entre membros do PT e do PSB - com a presença do governador, Paulo Câmara (PSB) - na manhã desta quarta-feira (26), no Palácio do Campo das Princesas, que os socialistas anunciarão o nome que indicarão como candidato ao governo, para apreciação dos partidos aliados, na próxima semana.
“O governador fez um relato do que ele tem feito, discutido com os partidos. Falou da preocupação dele de construir um caminho de unidade política. Disse que espera, na semana que vem, apresentar à Frente Popular o nome do PSB para essa disputa política e chamaria a gente novamente para conversar em relação a isso”, afirmou o senador.
Quanto ao seu próprio partido, ele contou que o PT manteve e defendeu a indicação de seu nome para o pleito. “O PT falou da sua resolução de ter trazido meu nome, defendeu a indicação e vamos conversar com ele novamente na semana que vem. Depois que o PSB tiver sua decisão, ele deverá chamar os demais partidos. Enquanto isso nosso nome continua aí para apreciação da Frente Popular”, afirma Humberto.
Enquanto o tempo passa e o PSB toma sua decisão, de acordo com o petista, haverá uma reunião - virtual e a portas fechadas - na quinta-feira (27), dos diretórios estaduais e nacionais do PT, PSB e PCdoB para continuar aparando as arestas de sua aliança, que já é dada como certa por membros dos partidos, em torno de um objetivo maior, ao nível nacional: derrotar Bolsonaro por meio da eleição de Luís Inácio Lula da Silva.
Também falando ao Diario, a deputada estadual Teresa Leitão disse que Paulo está fazendo “um roteiro de conversas com os partidos da Frente Popular e o PT” (que não foi concluído ainda) para alinhar as questões estaduais com foco no apoio a Lula. Ela confirma a manutenção do PT pela posição de indicar Humberto, tomada internamente por meio de uma votação, diante da falta de consenso, em que o senador foi escolhido por ampla maioria.
“São favas contadas, ele conquistou maioria de votos. E, no PT, não precisa ser consenso ou unanimidade. É melhor, mas quando não é, se vai à democracia do voto. E, no voto, com maioria larga ele conquistou a indicação do nome dele. O candidato do PT oferecido à Frente é ele”, disse a deputada.
Teresa ainda afirma que, de acordo com Paulo Câmara, a posição partidária do PSB é pela indicação de um nome à Frente Popular, ou seja, o mesmo pleito do PT. “Quem vai abrir? A gente vai ver no processo”. Ainda de acordo com ela, Paulo não citou nomes de possíveis indicados pelo seu partido.
A principal posição da deputada, que não acredita na possibilidade de palanque duplo, para resolver a questão é o diálogo entre o diretório de Pernambuco e o nacional. “Para não ficar um cabo de guerra, porque o foco principal é Lula, o governador afirmou que também é o foco do PSB, e concordam conosco que quem é capaz de fazer isso é Lula”.
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Em reserva, uma pessoa com nome forte no Partido dos Trabalhadores afirma que a indicação do nome de Humberto, da maneira como ocorreu, foi “extemporânea” e carecia de mais debates. “Não se lança uma pré-candidatura ao governo na atual conjuntura, com Lula candidato a presidente, sem amadurecimento e uma combinação prévia. Resultado: está aí o nome de Humberto, não teve um partido ainda que dissese, em público, que o nome de Humberto é melhor que o de qualquer nome do PSB. E o PSB também não está com esse balaio todo”.
A mesma fonte continuou, afirmando que “Humberto é melhor que alguns nomes do PSB do ponto de vista político”, mas que se está lidando com o partido do governador, portanto “isso já estava costurado”.
“O PSB já teve a Prefeitura do Recife do jeito que teve, e Humberto sendo governador a vaga do Senado seria de Paulo Câmara, não é uma construção descabida. Mas não tem como. Humberto forçou isso, conversou com algumas pessoas do PT e aprovou seu nome no diretório. Depois Lula dá uma entrevista praticamente dispensando Humberto e trazendo de volta Marília, que já estava lá, quietinha, como candidata a deputada federal. Onde cabe Humberto, não cabe Marília. Não tem lugar pros dois na mesma chapa”, disse, ainda sob acordo de confidencialidade, um membro do partido.
A mesma pessoa comentou ainda quais são as decisões que o PT terá que tomar, num futuro - muito - próximo, caso a escolha de candidatura seja de fato com um membro do PSB na cabeça de chapa.
“O PT vai ter lugar na chapa? Sim. Qual? Pela nacional, é o senado, aqui vejo algumas pessoas falarem do vice. Porque tem pouca gente com perfil para ir ao Senado além de Marília. Humberto corre de Marília, Humberto não ser o governador e Marília ser a senadora também é uma indigestão grande para esse grupo. Vai ter muita coisa para se resolver caso se consolide a aliança do PSB com o PT e o PSB na cabeça, porque envolverá todos os outros partidos, eles têm pleito ao Senado, e pode aparecer outro pleito para vice”, disse a fonte em reserva.
O deputado estadual e presidente do PT Pernambuco, Doriel Barros, falou ao Diario que caso a candidatura de Humberto não seja viável, o diretório estadual ainda irá avaliar qual será a alternativa a ser construída. “A reunião foi mais para o pessoal colocar a realidade que estão vivendo, as escutas que estão fazendo e esse sentimento que o PSB internamente está trabalhando de ter um nome deles para encabeçar”, disse o deputado.
Doriel alegou também acreditar que “até o dia 15 [de fevereiro] o governador deve ter uma definição” de quem irá, efetivamente, representar o grupo político representado pela aliança entre o PT e a Frente Popular, e torná-lo público à sociedade. Ele enfatiza, ainda, que o diálogo do diretório com a nacional depende também dos acertos que são feitos em outros estados, e podem interferir nas decisões estratégicas do PT no Brasil.
O dirigente estadual petistal também comentou a afirmação de Lula sobre o PT não entrar numa disputa se o PSB colocar um nome para a cabeça de chapa, espaço esse que, segundo o ex-presidente, seria cedido se assim o desejar o PSB.
“O PT não vai fazer um movimento de cavalo de batalha, vai sentar e dialogar. Lula fez uma fala num contexto geral, pois se houver entendimento em todo o Brasil sobre as estratégias de cada estado, essa fala [de Lula, sobre a retirada do nome de Humberto em prol do PSB] se confirma. Caso contrário, é uma fala que Lula faz olhando a realidade de Pernambuco, mas não é só ela que define a realidade política do PT com o PSB”, disse Doriel.
O presidente do PT-PE opinou no mesmo sentido que Teresa, ao afirmar que acha a possibilidade de palanque duplo remota. “Se houver unidade nacional, um compromisso efetivo aqui em Pernambuco dentro dessa estratégia de Frente, acho que não acontece dois palanques. Mas se houver dificuldades aqui e em outros estados, aumenta. Acho que a possibilidade de dois palanques no momento não seria colocada, mas na política tudo acontece”, afirmou o parlamentar.
Postado por Madalena França.