O Globo hoje comemora o “alívio no bolso” representado pelo retrocesso de famílias de classe média estarem tirando os filhos de creches – o ambiente mais adequado para qualquer uma delas, nos tempos de hoje – e estarem voltando a empregar – sem carteira e sem direitos – empregadas domésticas para essa e para outras funções.
O número de empregadas domésticas em 2013 era de 5,97 milhões. Agora, são 6,37 milhões. 400 mil a mais, portanto.
Só que o número destas trabalhadoras que tinham carteira de trabalho não só não cresceu nesta proporção como caiu, em números absolutos, em relação ao pico de 2,09 milhões alcançado em 2015: são hoje 1,87 milhões, apenas 21 mil a mais , ou 5% do número de ingressantes nessa atividade.
É como se estivéssemos jogando fora, em apenas dois anos, todos os avanços conquistados depois de décadas – séculos, mais bem dito – no reconhecimento de um contingente de trabalhadores que só é menor, no Brasil, que o dos ligados à construção civil.
E não é só direitos que se tiram a estas mulheres: é salário e a condição de uma vida mais digna, como registra a repórter Daiane Costa:
— Caiu o número de empregadores, enquanto o de mulheres se oferecendo para o trabalho cresceu muito. Muitas sem experiência alguma. São ex-operadoras de caixa, ex-repositoras, ex-trocadoras de ônibus. Antes, eu não empregava nenhuma por menos de um salário de R$ 1.500. Hoje, se uma família oferece R$ 1 mil, eu encaminho — conta Marco Aurélio Carvalho Di Calafiori, dono de uma agência de empregos especializada nessa mão de obra no Rio há mais de 30 anos. Ele conta que nunca teve tantas mulheres em seu banco de profissionais: mil inscritas.
Alguém ainda acha exagero o enredo da Tuiuti, o “Meus Deus, Meu Deus, está extinta a escravidão?”
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