Eu detesto generalizar, porque, tal como a unanimidade, toda generalização é burra, mas nesse caso não tem jeito.
O Poder Judiciário brasileiro, da primeira à última instância, passando pela segunda e pela terceira está brincando com fogo.
Um ex-presidente da República e candidato favorito a vencer pela terceira vez só pode ser preso se o crime ficar totalmente claro. Se ele tiver mesmo culpa no cartório. Se a sua culpa for provada. Se não houver dúvida alguma a respeito.
A população tem que estar convencida de que cometeu um crime gravíssimo.
E, no presente caso, não está. É o que mostram as pesquisas nas quais os eleitores continuam apoiando Lula. E nenhuma população apoiaria alguém comprovadamente criminoso – como Eduardo Cunha, como Sérgio Cabral, como Geddel e tantos outros.
Em toda a história republicana conta-se nos dedos o número de ex-presidentes presos. Hermes da Fonseca, Arthur Bernardes, Juscelino. Jânio ficou confinado em Corumbá. Todas as prisões ocorreram durante ditaduras ou estados de sítio.
Nenhum ex-presidente brasileiro foi preso em tempos democráticos.
Nem Fernando Collor, sobre o governo de quem pesaram as mais sombrias acusações e que culminou com a morte misteriosa de seu homem-forte nas finanças até hoje não esclarecida.
Prender o favorito às eleições condenado a 12 anos de prisão por um tríplex atribuído a ele, mas cuja posse nunca foi comprovada, ignorando solenemente a cláusula pétrea da constituição de 88 que considera culpado tão somente quem for condenado depois do último recurso na última instância é apostar no imponderável e no quanto pior, melhor porque a decisão tende a ser considerada política e não jurídica.
Os adversários de Lula, à esquerda e à direita, podem até estar gostando da história, afinal, se ele sair do páreo vai liberar milhões de intenções de votos.
Mas há uma incógnita nessa equação. Ninguém sabe como ficará o país depois de Lula ser preso e se haverá clima para eleições.
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