Pelo contrário. A Câmara pode ser até pior que Bolsonaro. É uma casa de patrões antipovo porque, muitos antes de examinar a questão do voto impresso, o plenário aprovou [por 304 votos a 133] uma espécie de minirreforma trabalhista eliminando mais direitos dos trabalhadores brasileiros. Dentre as medidas aprovadas pelos deputados, na noite de terça-feira (10/08), estão a facilitação de contratações precárias, achatamento de sindicatos, diminuição da estrutura fiscalizatória e leniência na repressão a maus empregadores.
Apresentada em abril, a MP do “Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda” prevê pagamento de uma parte do seguro-desemprego ao trabalhador que tiver o contrato suspenso ou o salário e a jornada reduzidos. O substitutivo incluiu o Programa Primeira Oportunidade e Reinserção no Emprego (Priore), direcionado a jovens de 18 a 29 anos, no caso de primeiro emprego com registro em carteira, e as pessoas com mais de 55 anos sem vínculo formal há mais de 12 meses. Tentativa semelhante fez parte do derrotado projeto da carteira de trabalho verde e amarela. Também aqui, a alíquota do FGTS é reduzida de 8% para 2%.
Dois eventos concorreram para o estabelecimento de uma cortina de fumaça que desviasse a atenção do distinto público: 1- o desfile de viaturas e tanques das forças armadas sucateados e 2- a falsa polêmica do voto impresso.
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O fumacê de blindados militares na Esplanadas dos Ministérios foi uma imagem que resumiu o dia de ontem em Brasília. O desfile foi uma manobra para divertir e enganar aqueles que passaram horas gritando ‘golpe!’ e, na boa-fé, defendendo a democracia.
Os trabalhadores foram dormir mais “felizes” nesta terça-feira, com menos direitos, aviltados, mais escravizados, no entanto, eles continuam respirando democracia! [Evidentemente que isso é uma ironia.]
A Câmara e o Senado não são melhores que Bolsonaro, pelo contrário. O Congresso Nacional pode ainda ser até pior que o genocida porque continua votando com ele, sob o aplauso da velha mídia corporativa. Entre uma canelada e outra no mandatário, parlamentares continuam a votar pautas contra a sociedade brasileira, de essência neoliberal, favoráveis a bancos e especuladores.
Sobre o voto impresso, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou, a PEC do Voto Impresso (Proposta de Emenda à Constituição 135/19). Foram 229 votos favoráveis, 218 contrários e 1 abstenção. Como não atingiu o mínimo de 308 votos favoráveis, o texto foi arquivado.
Voto impresso foi rejeitado, mas isso não faz a Câmara melhor que Bolsonaro. Muito pelo contrário.
Por que o impeachment não passa? Ora, é só olhar o que a Câmara tem aprovado. Nunca na história da República os projetos contrários aos trabalhadores e a sociedade foram aprovados com tanta facilidade no plenário quanto agora. O índice de sucesso de Bolsonaro no parlamento é incrível. O presidente está sendo útil para o capital especulativo e a banca. É um jogo combinado, portanto.
Postado por Madalena França via Esmael
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