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sábado, 10 de junho de 2017

Domingo, 11/VI: Mulheres pelas Diretas e por Direitos! "E a gente quer mais que eleições diretas: a gente quer barrar as reformas"

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"A gente não quer só que o Temer caia. A gente quer ele caia pelas nossas mãos" (Crédito: Mídia Ninja)


Os pífios índices de aprovação do governo Temer são ainda menores entre as mulheres. E as propostas de reforma trabalhista e da Previdência encontram maior rejeição entre elas. Para reivindicar o devido protagonismo na luta contra essa ofensiva que retira direitos, que as atinge mais diretamente, e que ainda pretende legislar sobre os corpos das mulheres, e demonstrar toda a "indignação" e "inconformidade", elas saem às ruas neste domingo (11) no ato Mulheres Pelas Diretas e Por Direitos. 
"A gente não quer só que o Temer caia. A gente quer ele caia pelas nossas mãos. E a gente quer mais que eleições diretas, a gente quer barrar as reformas", diz Camila Kfouri, que participa da articulação desse movimento de mulheres. A expectativa é repetir as mobilizações bem-sucedidas que culminaram com a derrubada do então presidente da Câmara, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos símbolos da ofensiva moralista contra os direitos femininos.
Segundo pesquisa CUT-Vox Populi divulgada na semana passada, 77% das mulheres negativamente o governo de Michel Temer (PMDB-SP). Entre eles, esse índice é de 73%. Quando perguntadas sobre as mudanças pretendidas pela reforma da Previdência, 70% delas afirmam que não conseguirão se aposentar.  Já a flexibilização da jornada de trabalho é avaliada negativamente por 80% delas. Entre os homens, os números são de 67% e 77%, respectivamente.

"De forma geral, a maioria dos brasileiros avaliam negativamente as duas reformas, é importante frisar, mas quem vai ser mais prejudicada é a mulher. As mulheres são maioria na sociedade e as que mais vão sofrer com tudo isso", aponta Esther Solano, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Em entrevista à RBA, ambas ressaltam que, dada a sua situação mais precária da mulher no mercado de trabalho, que recebe menores salários e ainda enfrenta a dupla ou até tripla jornada, sobrecarregadas com uma divisão pouco igualitária das tarefas domésticas, o horizonte fica ainda mais nebuloso com as mudanças pretendidas pelo atual governo. Representando 51,6% da população e 47,2% da População Economicamente Ativa, as mulheres respondem por apenas 33,4% das aposentadorias pagas pelo INSS. 
"Está claro que uma das razões principais desse golpe é a aprovação dessas reformas que tem como objetivo a aniquilação dos direitos sociais – direitos esses que ainda são pequenos, escassos, mas que precisam ser mantidos. As mulheres são evidentemente a parte mais vulnerável, a parte que vai pagar essa conta mais pesadamente, para manter o macho adulto branco sempre no comando, sempre com mais dinheiro", detalha Camila, que é psicologa e trabalha com mulheres em situação de violência e vulnerabilidade. 
Elas consideram que uma saída via eleição indireta também não serve para pôr fim a crise política. Um dos indicativos da ilegitimidade desse processo é que elas consideram que é zero a chance de uma mulher ser eleita, por um Congresso Nacional, onde elas ocupam menos de 10% das cadeiras.
Por isso, apostam na democracia, substantivo feminino. "Se democracia significa representatividade, é um contrassenso ter uma democracia masculina. A democracia, no Brasil, não pode ser nem masculina nem branca", diz Esther. "Para os grupos que estão fora do poder, é a única possibilidade. Se, mesmo no regime democrático, estamos sub-representadas, imagina o que seria fora do regime democrático", acrescenta.

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