O dólar bateu em R$ 4,04. A Bolsa caiu mais de 3 mil pontos e ameaça perder, outra vez, o patamar de 100 mil pontos. As empresas assistem ao sumiço das encomendas e vivem de esperanças, não de negócios.
Os nossos vizinhos argentinos puseram as barbas de molho e Macri tenta, no desespero, montar um “governo de coalisão” que lhe permita chegar ao fim do mandato.
Enquanto isso, o presidente da República gasta um dia para inaugurar uma escola que os puxa-sacos batizaram, solenemente de “Jair Messias Bolsonaro”.
Não há nenhuma iniciativa para discutir um programa de emergência para uma economia exaurida, incapaz de reagir por seus próprios meios.
Nem mesmo baixar os juros resolve, porque para tomar um crédito vai-se pagar 20, 30 vezes a taxa oficial e, além do mais, tomar crédito sem ter mercado é suicídio.
Como não há proposta alguma do governo, senão as perdas – de efeito de longo prazo – da aposentadoria e um patético “deixa solto” econômico, elas aparecem do lado da oposição.
E são concretas, objetivas, do tipo que um governo e um parlamento, tendo dignidade, colocariam em discussão o plano apresentado esta tarde pelo Partido dos Trabalhadores.
Modifique-se, altere-se, adeque-se a aos planos governamentais, se é que existem, e discutam-se as fontes de financiamento bastante razoáveis que são propostas, mas faça-se alguma coisa para que saiamos do buraco sem fim em que estamos metidos.
A proposta, que pode ser lida aqui, nada tem de mirabolante. O que sugere?
Criar progressivamente 3 milhões de empregos temporários – com salário mínimo, mais vale-transporte e alimentação – em mutirões de reformas, melhorias e conserva de equipamentos públicos, como creches, escolas, hospitais, postos de saúde, limpeza urbana, reflorestamento, etc. Isso custaria R$ 18 bilhões, apenas 0,2% do PIB, seria devolvido ao Estado pelo consumo e os ganhos fiscais que isso gera. O aquecimento da economia, neste e em outros programas, absorveria a saída progressiva da mão de obra do programa.
Além disso, o reinicio das 8.239 obras públicas paralisadas, a aceleração de obras que se arrastam (ficando mais caras, por isso), a retomada do Minha Casa Minha Vida teriam a capacidade de gerar, segundo o plano, mais de 1,2 milhão de empregos.
No setor privado, além de financiamentos de longo prazo, as negociações de contratos de concessão, oferecendo descontos em troca da antecipação dos cronogramas de obras neles previstos e a restauração, em bases negociadas, das exigências de conteúdo nacional na indústria de petróleo poderiam levar à criação progressiva de mais 1,7 milhões de postos de trabalho.
Há propostas também de aquecimento do consumo via ampliação do Bolsa-Família – considerando que a crise aumentou o número de famílias carentes -, da política de recuperação do salário-mínimo e da correção da tabela do IR, aumentando assim a faixa de isenção.
Os recursos para isso, além de remanejamentos orçamentários e do aumento da contribuição sobre o lucro dos bancos – único setor que vai inquestionavelmente bem nesta crise – viriam de um fundo a ser formado por 10% de nossas reservas cambiais, além de recursos do Bndes, contra o qual o setor privado emitiria debêntures que, a médio e longo prazo, reverteriam para o Tesouro.
O plano, que tem uma apresentação da ex-presidenta Dilma Rousseff – aqui – é exposto como uma contribuição de quem não quer “o quanto pior, melhor” pelo Partido dos Trabalhadores.
Por isso mesmo é que acho que nem será lido pelo Governo.
Não importa: fica o alerta à sociedade de que é urgente e de que é possível, de forma responsável, enfrentar o abismo.
Depois, não adianta o “Não chores por mim, Argentina”…
(Tijolaço).
Por Madalena França.
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