Já ninguém se surpreende com as revelações de hoje, na Folha de que no Telegram de Deltan Dallagnol estão as provas de que o Ministério Público, como instituição, viu-se metido num espúrio jogo de compadres com os procuradores da Lava Jato.
O corregedor-geral do Ministério Público Federal, Hindemburgo Chateaubriand Filho, descaradamente, orienta Deltan a “amenizar” a propaganda que fazia de uma palestra a empresários, na qual prometia revelações “em primeira mão” sobre a Lava Jato. Deixou de cumprir seu papel disciplinar e, numa mensagem, confessa isso sem pudor:
“Como Corregedor, na verdade, não me competia fazer o q fiz”
Não lhe competia, é verdade, ser cúmplice, mas foi. E não foi o único na cadeia hierárquica da Procuradoria a sê-lo, pois os abusos estavam evidentes para todos os dirigentes da PGR e, em lugar de agir disciplinarmente, aceitaram que Curitiba e tornasse a sede de um Ministério Público paralelo e poderosíssimo.
Também não surpreende mais o outro lote de revelações da “Vaza Jato” onde a conspirata de Curitiba festeja um dos frutos de sua interferência no processo eleitoral, com a eleição de senadores lavajatista e discute a possibilidade de usá-los para fazer o “impeachment” de Gilmar Mendes ou, pelo menos, criar-lhe constrangimentos com uma convocação a explicar-se no Senado. “em que ele fique exposto, com cobranças, puxão de orelha e coisa [e] tal.
Surpreendente, agora, é que, diante de tudo isso, não haja o afastamento imediato dos procuradores que se aquadrilharam numa organização criminosa para obter prestígio e pressionar tribunais – inclusive aqueles onde não têm o direito de atuar – e agentes políticos para alcançar seus desígnios.
E já, sem demora, porque como “donos” de testemunhas e delatores, podem agir para cobrirem-se com razões e confissões arranjadas, à maneira do que disse ontem uma das pioneiras das delações, a doleira Nelma ao relatar à Band, que as pessoas falavam o que se queria ouvir e que o “grande prêmio” seria para quem denunciasse Lula.
Cada minuto de permanência destes homens à frente da Lava Jato é mais um pouco do desmoronamento da Operação. E um adiamento da “Fase 2”, onde surgirão os abusos de Sergio Moro. (Tijolaço)
Por Madalena França.
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