O desfile de blindados e tanques que vai acontecer na Esplanada dos Ministérios hoje já tinha sido pedido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde março. As informações são do jornal O Globo.
O pedido de demonstração de força teria sido realizado em meio à crise envolvendo o então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e os três comandantes das Forças Armadas. Bolsonaro pediu o desfile ao comandante do Exército, Edson Pujol. Ele se negou. Azevedo e Silva também negou a proposta de um voo rasante com caças na Esplanada.
Azevedo anunciou sua saída do governo em 29 de março. Sua saída foi na véspera do aniversário do golpe militar de 1964, em 31 de março. Na ocasião, em nota oficial, Azevedo afirmou que preservou “as Forças Armadas como instituições de Estado” durante o período em que foi ministro.
De acordo com o periódico, Azevedo teria afirmado a auxiliares que estava deixando o cargo porque não queria repetir maio de 2020. Ele se referia ao sobrevoo de helicóptero que fez com Bolsonaro sobre a Esplanada durante uma manifestação que pedia o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal).
Os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica decidiram colocar seus cargos à disposição depois da saída de Azevedo. Mas foram informados pelo novo ministro da Defesa, general Braga Netto, que já seriam demitidos.
O desfile militar foi proposto pelo presidente como uma demonstração de força em um momento em que Bolsonaro criticava as decisões do STF sobre a pandemia e o poder dos governadores de decretar medidas de restrição para frear a pandemia de covid-19. À época, o presidente falou em decretar estado de sítio. Bolsonaro também entrou com uma ação no STF contra decretos de toque de recolher de 3 governadores. Mas o então ministro Marco Aurélio Mello rejeitou a ação.
O desfile também ocorre durante choques entre Bolsonaro e o STF. O presidente já fez duras críticas a integrantes da Corte e também fez ataques pessoais contra os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
O tema em debate é o voto impresso, que será votado no plenário da Câmara dos Deputados também hoje. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o desfile neste momento é uma “trágica coincidência”. A Marinha, por sua vez, afirmou que o desfile não tem ligação com a proposta do voto impresso.
*Do Poder 360
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