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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Ir para hosital não livrará Bolsonaro dos efeitos do 8 de janeiro, diz Fernando Brito

 


Tem toda a “pinta” de que a internação de Jair Bolsonaro num hospital de Orlando, na Flórida, seja mais uma das vezes em que os seus problemas de saúde servem como válvula de escape de situações políticas difíceis.

Embora com poucas perspectivas jurídica de prosperarem, as duas ações impetradas hoje – pelo senador Renan Calheiros e pelo PDT – pedindo que ele seja incluído no inquérito dos atos antidemocráticos que corre no STF e que seja ordenado seu retorno dos Estados Unidos, para ficar à disposição da Justiça brasileira, dão forma à inevitável responsabilização política que vem a ele pelos atos praticados ontem contra os três poderes da República.

O início da responsabilização judicial de seus agentes no ataque terrorista às instituições só agravará esta situação.

Dos “bagrinhos” que, às centenas, caíram a rede dos inquéritos abertos em Brasília aos personagens “tubarão”, como o delegado Anderson Gomes e o governador Ibaneis Rocha, serão poucos os que negarão que o chamado de Bolsonaro foi quem os levou aos atos de ontem. E também os que financiaram a jornada do terror vão assumir que fizeram isso sem pedidos de gente graúda.

Mesmo que, de início, possa haver certa cautela do STF em trazer, diretamente, o nome do ex-presidente para as ações, isso será inevitável com a ação da CPI que já tem número e condições políticas de ser instalada no Senado e que tem todos os ingredientes para ser um show de escândalos, como foi a da Covid.

Há muita gente bem informada em Brasília que dá como questão de tempo que Jair Bolsonaro se torne inelegível, embora não um preso, para reduzir seu vitimismo.

É cedo para dizer se ocorrera isso, mas nã para afirmar que sua capacidade de liderar a oposição, em grande parte, esvaiu-se.

Setores do “Centrão” que, embora atraídos pelo governismo, tendiam a ser hostis a Lula pensando no eleitorado antipetista já falam abertamente que Bolsonaro escolheu ficar com a “seita” extremista.

Lula ganhou, involuntariamente, um respiro nas pressões imensas que já se desenhavam. Precisa aproveitá-lo, sem precipitações.


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