A montanha pariu um rato
Inconsistente, sem resultados imediatos e longe de incutir na população a confiança de que os altos índices de violência no Estado serão reduzidos. Foi assim que especialistas em segurança pública ouvidos pelo blog reagiram ao programa “Juntos pela Segurança”, anunciado ontem pela governadora com 11 meses de atraso.
Sem nenhuma medida prática e eficiente, a governadora planeja reduzir em 30% os números de homicídios, violência contra a mulher, crimes contra o patrimônio e roubo e furto de veículos até 2026. Entre as metas, o plano visa abrir 7.960 novas vagas no sistema penitenciário e ter pelo menos 40% dos detentos estudando ou trabalhando, no mesmo período.
Também foi enfatizada a importância de “territorializar” o plano de ação, que dividiu o Estado em nove regiões, para atender de forma assertiva diferentes demandas por segurança. Foram utilizados como exemplos os crimes contra a vida, que tem predominância no Agreste, e os crimes contra o patrimônio, que se concentram na capital e Região Metropolitana.
Mas isso é uma piada, não leva a nada. Diferente do Pacto pela Vida, criado pelo ex-governador Eduardo Campos, o plano de Raquel não prioriza o incentivo a quem faz policiamento.
Na entrevista, a governadora informou que enviará um projeto à Alepe para mudar as faixas salariais dos policiais, mas não falou em valores e nem quando pretende fazer o envio. Apenas se limitou a dizer que pretende acabar com o fim da faixa salarial até 2026. Enquanto em Goiás um PM já entra com salário de R$ 6 mil, em Pernambuco esse valor é de pouco mais R$ 3 mil. Já o teto, valor final após o PM passar pelas cinco faixas salariais hoje existentes, é de R$5.947.
Redução de violência se faz com inteligência e decisão política. Em Nova Iorque, até então uma das cidades mais violentas do mundo, uma das mudanças que acompanharam a melhora da segurança foi o aumento de pelo menos 35% na quantidade de policiais na cidade entre 1990 e 2000, quando o número ultrapassou o de 53 mil funcionários, além do aumento salarial.
Isoladamente, uma maior quantidade de policiais nas ruas está longe de garantir uma queda nos crimes. Mas, no caso de Nova York, como pode ser em Pernambuco, isso foi acompanhado por uma mudança tecnológica chave. Entraram em jogo os sistemas de computador, para que o chefe de polícia soubesse onde os policiais estavam posicionados, onde os crimes eram cometidos e o impacto do posicionamento dos policiais nas taxas de criminalidade.
Antes dos computadores, não se sabia onde estavam os policiais. Podiam estar comendo rosquinhas o tempo todo. Não há nada, portanto, neste plano de Raquel, que devolva aos pernambucanos a esperança de mais segurança, que passe a certeza de que não haverá mais o risco de se perder a vida na porta de casa, como aconteceu recentemente com um juiz em Piedade.
Quem foi ouvido? – Fontes seguras da Polícia Militar garantem que ninguém foi ouvido sobre o plano mirabolante e sem consistência para reduzir a violência lançado, ontem, pela governadora Raquel Lyra. Quem ela ouviu, então? Certamente, deve estar mais para algo produzido nos laboratórios acadêmicos, sem nenhuma consistência prática.
Madalena França Via Magno Martins.
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