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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Ultrassonografia de um país


Angelo Castelo BrancoPor Angelo Castelo Branco, jornalista
Ninguém precisa ser um gênio do marketing político para perceber que a elite e a massa fazem leituras diferentes de uma mesma realidade. As categorias sociais com acesso à informação e ao conhecimento, formam juízos de valor diferentes da massa aprisionada pelas necessidades básicas insolúveis.
Uma coisa é se preocupar com as evoluções futuras da macro economia e outra coisa é acordar sem água na torneira e a aventura do dia incerto pela frente. Sem saber o que vai comer e nem o que vai fazer.
Lula se encaixa como uma luva de pelica macia nos sentimentos dessa maioria desprotegida. E ele deve agradecer penhoradamente à companheira Dilma. Ela fez o dever de casa com louvor. Dilma empobreceu mais ainda o Brasil tornando-o presa fácil e singela para o populismo. Em 18, o “pai dos pobres” vai abraçar um eleitorado mais faminto,mais fragilizado, mais desempregado e portanto mais dependente das bolsas famílias da vida. E com a auto estima coletiva abaixo do nível do mar.
Além disso, a inconsistência técnica jurídica das insinuações de atos ilícitos e derrapadas morais atribuídas ao candidato, reforçarão seu imbatível discurso pelo qual “nunca antes na história desse país” um homem foi tão violentado e tão perseguido por ser defensor dos mais pobres. E entre a visão racional do retrocesso econômico e a emoção do discurso messiânico, a massa de qualquer parte do mundo vai ficar sempre com o segundo.
Também não se deve subestimar o poder dos movimentos sociais. Eles são treinados para a adversidade e agem como robôs ideológicos de alta eficiência. Há relatos de ações de marketing muito precisas nas vésperas das últimas eleições presidenciais. E assim, pelo que se percebe na ultrassonografia nacional de hoje, caso o quadro se mantenha estável, o candidato Lula está condenado a ser um nome muito forte em 18. A não ser que por uma catástrofe, ele venha a ter seus direitos políticos cassados. Mas, até agora, essa é uma hipótese improvável.

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