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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O estrago do zika é muito maior, diz especialista

28/02/2016 18:05


Há registros de 142 casos de bebês com problemas nos olhos que podem estar ligados ao vírus
Por: Lucilene Oliveira
lucilene.oliveira@diariosp.com.br
A relação do vírus zika com a microcefalia é apenas a ponta do iceberg do surto causado pelo mosquito Aedes aegypti. É dessa maneira alarmante que a oftalmologista Camila Ventura, da Fundação Altino Ventura, sediada em Pernambuco, apresentou dados do estudo feito com 142 bebês com alteração de fundo de olho causados pela infecção.  
A especialista, que esteve à frente da primeira equipe a identificar a relação do zika com as alterações oculares e sonoras,  alertou no Congresso de Oftalmologia Regenerativa, realizado ontem, na capital, que mesmo o bebê nascido após nove meses de gestação com 32 centímetros de perímetro encefálico – mínimo considerado normal para o tamanho da cabeça – pode ser mais uma das vítimas do vírus. 
"Muitas das crianças que nós estamos acompanhando  não são microcéfalos, elas têm uma desproporção crânio facial. Ou seja, podem ter o perímetro da cabeça em tamanho adequado. Mas após  uma ressonância, foi identificado  que esses bebês têm uma calcificação (área morta) no cérebro”, explicou Camila. “Se nada  for feito, essas crianças terão cegueira ou uma baixa de visão severa."
A médica alerta ainda que a saúde pública não está apta para realizar os exames de diagnóstico dessas lesões. Um exemplo disso é o fato de Pernambuco ser o único estado do Nordeste a possuir o aparelho chamado retcam, que permite fotografar o olho do bebê para um diagnóstico preciso.
Sem o equipamento, o oftalmologista da Bahia, Bruno de Paulo Freitas, precisou do empréstimo do aparelho da Unifesp  (Universidade Federal de São Paulo), em dezembro,  para  avaliar dez crianças com alterações oculares. 
"O aparelho custa US$ 70 mil (quase R$ 280 mil) e a nossa preocupação era que ele não quebrasse durante o trajeto. Teríamos de arcar com os custos”, lembrou Bruno, que pagou do próprio bolso R$ 1 mil para que o aparelho fosse trazido de volta à capital.
Vacina/ O professor de oftalmologia da Unifesp, Mauricio Maia, afirmou que a melhor estratégia para minimizar os problemas do zika é a vacina. Porém, o começo da imunização será “muito difícil, porque são muitas as mutações”. 
“É algo  similar ao que ocorre com o vírus HIV e pode levar anos para se  desenvolver uma vacina eficiente. Hoje, o cenário é de que  o vírus aumentou em 20 vezes os casos de microcefalia”, explicou Maia.
Além de microcefalia, vírus pode causar graves lesões oculares ao bebê/ Divulgação 
Dengue faz sua primeira vítima fatal
A Secretaria Municipal da Saúde confirmou  a primeira morte por dengue em São Paulo.  A vítima foi um morador de 62 anos da região do Tremembé, na Zona Norte da capital.
De acordo com o boletim da Prefeitura, o homem tinha histórico de tabagismo e comorbidade cardiológica (problema no coração), o que amplia os riscos de desenvolver um quadro grave da doença e, consequentemente, a morte.
A nota da pasta de Saúde aponta que o homem foi atendido no Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, na Zona Norte, gerenciado pela Santa Casa de São Paulo, em 16 de janeiro, e morreu três dias depois.
O diagnóstico de dengue foi confirmada por testes laboratoriais feitos pela pasta da  Saúde  e também pelo Instituto Adolfo Lutz. 
Segundo a Prefeitura, foram realizadas ações de bloqueio de criadouros no perímetro de 500 metros ao redor do endereço da vítima desde a data da suspeita da infecção.
ENTREVISTA: Rubens Belfort Júnior_ oftalmologista da Unifesp 
DIÁRIO_ Qual o grau de risco de bebês em São Paulo apresentarem lesões oculares?
RUBENS BELFORT JÚNIOR_ Eu não sei de nenhum caso suspeito na capital. Hoje  vivemos uma situação diferente do Nordeste. O risco é mínimo. 
Qual o principal desafio hoje  para fazer esse diagnóstico?
Os hospitais públicos precisam oferecer exames  necessários para excluir outras doenças que podem levar a um quadro semelhante. Muitas unidades não têm na sua rotina teste de toxoplasmose ou citomegalovírus.  
Também se falou da falta de aparelhos que fotografam os olhos. Como amenizar isso?  

Defendo que as empresas de smartphones desenvolvam tecnologias para que o médico possa fotografar a retina com o celular. Hoje a máquina custa US$ 70 mil. Se o Brasil precisar de dez aparelhos, teria de gastar US$ 700 mil. É provável que, com um pouco de tecnologia, seja possível fazer as imagens.

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