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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Palocci não é Delcídio nem Pinheiro, mas precisa apresentar provas...

 Trecho de Um texto do Blog do Magno Martins.

Ontem, Palocci disse que o tal “pacto de sangue” entre Lula e Emílio Odebrecht teria sido relatado a ele pelo ex-presidente numa conversa no dia seguinte. Em outros momentos, indagado como soube dos fatos que tornou públicos, ele repetiu que os ouviu diretamente de Lula.
Portanto, mais uma vez é a palavra de um acusador contra a de Lula. O caso JBS está mostrando como é arriscado confiar na palavra de quem deseja se livrar da cadeia. Palocci deu um depoimento ontem que contraria falas anteriores dele. O testemunho também tem contradições com depoimentos de Marcelo Odebrecht e do próprio Emílio Odebrecht.
Palocci mudou a sua versão após quase um ano na cadeia e depois de ter sido condenado por Moro a 12 anos de prisão, situação semelhante à que aconteceu com Leo Pinheiro. É necessário que ele vá além das palavras e apresente provas, sob pena de Moro condenar Lula mais uma vez, como fez no caso do apartamento no Guarujá, fundamentalmente ancorado na palavra de um acusador. Naquele caso, que guarda semelhança com o tema debatido ontem, a compra de um imóvel para nova sede do Instituto Lula que acabou não se concretizando, Moro se baseou na versão de Leo Pinheiro.
Palocci é muito mais próximo de Lula do que Pinheiro, mas precisará ir além de expressões como “pacto de sangue” ou de dizer que palestras contratadas pela Odebrecht eram propinas, porque diversas outras empresas pagaram o mesmo valor para ouvir Lula. Essas empresas pagaram propinas também?
Mais uma vez, um acusador usa a palavra propina para definir toda a relação entre uma empresa e um político. Havia concordância ideológica entre a Odebrecht e Lula. A empresa achava importante disputar projetos na América do Sul e na África. Lula tinha interesse na integração latino-americana e via na África um mercado promissor para empresas brasileiras. A projeção geopolítica do Brasil nessas regiões incomodava interesses americanos, chineses e franceses.
Logo, colocar tudo num balaio de propina é dizer exatamente o que acusadores e Moro querem ouvir. O depoimento de Palocci tem gravidade, mas não pode ser comprado 100% pelo valor de face.
No áudio de Joesley Batista que veio a público, ele conta a Ricardo Saud que a saída é chamar todo mundo de bandido para dizer o que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, gostaria de ouvir. É óbvio que Palocci busca um acordo de delação premiada com o que falou ontem a respeito de Lula, Dilma e o PT.
Para rebater o ex-ministro da Fazenda, a defesa de Lula deverá manter a linha estratégica de que a obtenção de depoimentos contra Lula contraditórios com falas anteriores acontece após longo períodos de prisão, ferindo o devido processo legal. Portanto, é preciso cautela e ouvir Lula, que vai depor na semana que vem novamente perante Moro em Curitiba.

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