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sexta-feira, 16 de março de 2018

Época: Sobrinho de Alckmin é suspeito de ter sido beneficiado em concessão de aeroportos





O sobrinho do governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), Othon César Ribeiro, é suspeito de ter sido beneficiado na concessão de cinco aeroportos do interior do estado, no ano passado, de acordo com reportagem publicada na revista "Época" deste fim de semana. Othon é filho de Adhemar César Ribeiro, cunhado do pré-candidato à Presidência citado na delação da Odebrecht como arrecadador de R$ 2 milhões irregulares para a campanha do tucano, em 2010. A mesma reportagem traz evidências de que antes de atuar para Alckmin, Adhemar atuou como arrecadador da campanha pela reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1998.

O consórcio Voa São Paulo foi escolhido no ano passado para cuidar da gestão de cinco aeroportos do interior, localizados em Jundiaí, Campinas, Itanhaém, Bragança e Ubatuba. Estudo da agência reguladora de transportes estimava, em 2015, uma receita para a concessionária do serviço de R$ 720 milhões em 30 anos, dos quais 40% seriam gastos com manutenção e outros 13% em investimentos acordados com o governo.

No primeiro contato da "Época", Othon disse ter sido contratado pelo consórcio apenas depois da disputa pelos aeroportos. Investigação da revista mostrou, no entanto, que ele participou de todas as sessões da licitação e que usou terceiros para questionar uma primeira tentativa de concessão, abortada em 2016.

Na época, a comissão da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) cancelou a habilitação da Gran Petro, empresa que levaria o pacote, pelo fato de ela ter apresentado propostas gravadas em um único pendrive, e não em três dispositivos, apesar de o edital não ser claro em relação à exigência. Logo em seguida, foi aberta uma nova licitação, vencida pelo consórcio Voa São Paulo, representado por Othon.

O presidente da Artesp, Giovanni Pengue, disse à revista que o cancelamento da primeira licitação se deu por detalhe relevante e que teve o objetivo de "garantir transparência e a igualdade de condições entre as concorrentes". Ele negou haver beneficiamento ao sobrinho do governador. Pengue é do grupo de Saulo de Castro, secretário de governo de Alckmin e um dos principais articuladores da campanha do tucano ao Planalto.

Othon afirmou nunca ter utilizado da "proximidade familiar com o governador para obter vantagens" e ter respeitado todos os trâmites exigidos pelo poder público. Alckmin disse que a licitação foi conduzida "dentro do que determina a lei".

ARRECADAÇÃO FHC

A mesma reportagem mostrou que antes de atuar para Alckmin, Adhemar César Ribeiro atuou como arrecadador da campanha pela reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1998, segundo o ex-sócio e amigo do empresário, Henrique Saraiva. Ele relatou à revista ter presenciado uma entrega de R$ 50 mil (R$ 232 mil, em valores atualizados) em dinheiro a Adhemar, depois do evento de inauguração da planta industrial da Honda em Sumaré (SP), em 1997.

"Agradeci muito, ficamos com aquele dinheiro para campanha. Peguei o envelope entreguei para o Adhemar. Não sei como ele descascou esse abacaxi", disse Saraiva à revista.

A atuação de Adhemar como arrecadador para FH foi confirmada à revista por Luiz Carlos Bresser-Pereira, coordenador financeiro das campanhas do tucano em 1994 e 1998. Ele, no entanto, nega ter tido conhecimento de caixa 2 na campanha. A participação de Adhemar foi registrada em uma planilha, obtida em 2000 pelo Ministério Público Federal. A investigação do caso foi arquivada pelo TSE.

O documento atribui ao cunhado de Alckmin a responsabilidade por levantar 13% do total arrecadado, principalmente junto a bancos, inclusive pagamentos que não foram registrados no TSE. À revista "Época", Fernando Henrique negou ter tido conhecimento da participação de Adhemar na sua campanha. Adhemar preferiu não se manifestar. Revista Época

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