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quinta-feira, 8 de março de 2018

Fardas para Sísifo


sisifo
Do grego Sísifo, rei de Corinto, nos ficou a expressão “Trabalho de Sísifo”, como o que os deuses o condenaram a fazer, como castigo, empurrando morro acima uma pedra redonda, a qual os deuses faziam, ao fim de cada dia, rolar abaixo e fazer, na manhã seguinte, retomar o trabalho inócuo.
A reportagem de capa de O Globo e a foto que, a seu lado, mostra militares re-removendo barricadas colocadas por criminosos não pode trazer outra lembrança que  não a de Sísifo, a qualquer pessoa que não esteja possuída pela ideologia do ódio, essa estupidez de sempre, e generalizada em nossos tempos.
Há mais de 20 anos, de tempos em tempos, apela-se para o mesmo e o resultado é o que sabemos.
É urgente, dizem. Do jeito que está não pode continuar, repetem. É preciso fazer alguma coisa, sem que o “alguma coisa” seja diferente de desfilar, inutilmente, blindados e canhões diante dos morros.
Os governos conseguiram banalizar as Forças Armadas e, infelizmente, a inteligência da corporação não se dá conta,  integralmente, que se as envia a uma batalha perdida.
Ontem, numa das áreas ainda tranquilas da cidade, a Praça São Salvador, em Laranjeiras, dois homens foram mortos em consequência de um assalto. Foi outro – e mais um – dos episódios que vão minando o respeito pela capacidade das Forças Armadas e sobre os quais que não têm não tem efeito as ações espalhafatosas, os fichamentos de favelas ou as barricadas removidas, como a pedra de Sísifo, para voltarem no dia seguinte.
Mesmo na questão do tráfico, as notícias se sucedem a mostrar que um dúzia de investigadores apreende mais drogas de que dois ou três mil homens espalhados numa loteria em meio aos pobres, humilhando mil para deter um.
Na terceira semana da intervenção federal, quem se dispuser a ouvir os cariocas nas ruas verá que a sensação de alívio – que já não foi unânime nos primeiros dias – vai se transformando num ceticismo generalizado.
Sísifo empurra a pedra teimosa porque isso era uma maldição do Olimpo sobre ele. Aqui, os sísifos fardados apenas servem de massa de manobra para o Olimpo do poder e do dinheiro.

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