Redação PragmatismoEditor(a)
Marielle engravidou aos 16? Foi casada com Marcinho VP? Desprezava mortes de policiais? Médica morreu no mesmo dia e foi ignorada? Boatos espalhados por grupos de extrema-direita e compartilhados até por pessoas públicas tomaram conta das redes sociais após o assassinato da vereadora. Confira o que é verdade
As informações inventadas viralizaram nas redes sociais através de áudios de WhatsApp, imagens e mensagens no Facebook. Os conteúdos falaciosos foram compartilhados por muita gente, inclusive por pessoas públicas.
Uma das mensagens que mais repercutiu foi a da desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Marilia Castro Neves. No texto, a jurista chama a vereadora de ‘cadáver comum’ e a associa ao tráfico de drogas.
O texto da desembargadora foi tuítado pelo deputado federal Alberto Fraga (DEM) e ganhou ainda mais amplitude. O parlamentar apagou a postagem após perceber que havia colaborado com uma calúnia.
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ele admitiu que errou e que passou a informação à frente sem checá-la.
Confira outros boatos que ganharam as redes e a respectiva verdade:
1. Imagem de mulher no colo de homem é espalhada como se nela estivessem Marielle e o traficante Marcinho VP.
A VERDADE: A foto espalhada também não é verdadeira. Ela foi retirada de um fotolog. Na verdadeira, sem as tarjas, é possível perceber que a mulher não é Marielle. O homem na imagem também não se parece nada com Marcinho VP.
2. “Engravidou aos 16 anos, ex-esposa do Marcinho VP, usuária de maconha, defensora de facção rival e eleita pelo Comando Vermelho, exonerou recentemente 6 funcionários, mas quem a matou foi a PM.”
A VERDADE: Marielle não engravidou aos 16 anos. Ela teve a única filha, Luyara Santos, aos 19. O pai da Luyara é Glauco dos Santos. Ela jamais foi casada com Marcinho VP. Dois traficantes ficaram conhecidos pela alcunha: um deles, que foi retratado no livro “Abusado”, do jornalista Caco Barcellos, morreu em 2003 e não teve nenhum relacionamento com a vereadora. O outro, Márcio dos Santos Nepomuceno, está preso desde 1997. Ou seja, antes de ser capturado, Marielle tinha apenas 17 anos e também não foi casada com o traficante da Zona Norte. A vereadora era lésbica e vivia com sua companheira, a arquiteta Mônica Benício. Uma de suas principais frentes de atuação era pelas pautas do movimento LGBT.
Não faz sentido também a afirmação de que Marielle foi eleita pelo Comando Vermelho. Ela recebeu 40% dos votos na Zona Sul e na Barra da Tijuca. Muitos de seus votos, no Leblon e em Copacabana, foram obtidos no rastro de seu padrinho político, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Os locais em que ela recebeu a maior votação foram Laranjeiras (2.237) e Jardim Botânico (1.926). Ela foi a quinta mais votada da cidade.
3. “Gisele Palhares Gouveia, 34 anos, cuja profissão era salvar vidas atuando como médica, foi assassinada ontem na Linha Vermelha (RJ) com 2 tiros na cabeça após uma tentativa frustrada de assalto. Gisele, embora mulher, não era negra, não era pobre, não era feminista, não era militante de partidos políticos, não frequentava os círculos LGBT, não era do MST, CUT ou PSOL, não estava dentro dos programas de assistência e cotas do governo. Enfim, não preenchia os requisitos necessários para uma mobilização nacional, tampouco que merecesse a menor atenção dos Direitos Humanos. Ela, assim como eu e voce, não era ninguém!!! Os bandidos??? Ah! Esses passam bem, obrigado! :/”
A VERDADE: A médica não foi morta no mesmo dia de Marielle, como a mensagem dá a entender. Gisele foi assassinada em junho de 2016. Na época, sua morte teve ampla repercussão. O viúvo pediu que a morte dela não ficasse impune. Além da data oculta, a mensagem, um print do Facebook, é falsa. Ela não é do perfil oficial do pastor Cláudio Duarte.
4.”Vereadora assassinada protestava contra a morte de sete marginais mas ignorava as centenas de mortes de policiais e crianças inocentes causadas pelos “soldados” do tráfico, “vítimas da sociedade”. Além disso ainda fez apologia de drogas e citou a “poesia” de uma “MC”, que fazia sucesso com funks homofóbicos. Mas isso ela ignorou. Vejam o vídeo e vomitem também”
A VERDADE: O discurso do vídeo citado na mensagem foi feito por uma colega de partido de Marielle, Talíria Petrone (PSOL). E foi em Niterói, não na capital. Diferentemente do que afirma a mensagem, Marielle também atuava em favor de famílias de policiais mortos.
VEJA AQUI o que se descobriu até agora sobre a morte de Marielle.
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