Os nossos valentes guardiões das leis eleitorais, prontos a dizer quem pode e quem não pode concorrer ao voto popular, mantêm-se em inexplicável silêncio diante do poder do dinheiro, a mais suja das fichas do jogo político.
Ontem, o reacionaríssimo empresário Flávio Rocha fez a festa de sua pré-candidatura. Por qual partido? Pelo que ele banca com seu dinheiro, o “Brasil 200”.
Hoje, na Folha, o tal “RenovaBR”, do empresário Eduardo Mufarej, financiado também por Luciano Huck, Armínio Fraga e Abílio Diniz, anuncia que está chamando “subcelebridades” para fazer delas candidatas. Por qual partido? Qualquer um, pois sua fidelidade será a quem banca candidaturas com dinheiro e prestígio.
Ficaram na história as siglas do IBAD e do Ipes, duas “pré-ONGs”criadas para fomentar a desestabilização política que nos levaria ao golpe militar. Como agora, era do “patriotismo” e do “espírito democrático” dos empresários que se bancavam candidaturas.
Agora, está proibido o financiamento empresarial de campanhas mas, nas barbas da Justiça Eleitoral, montam-se palanque com dinheiro de empresas e oferecem-se “bolsas” de até R$ 12 mil a quem queira ser candidato.
E, bonzinhos, douram a pílula dizendo que é financiamento amplo, sem distinção ideológica.
Almoço grátis? Ninguém vai apurar como é isso? É “doação”? É contrato? Declara-se?
A imprensa trata do assunto com a naturalidade com que trataria o fato de estarem fazendo compras no mercado.
O valentíssimo Ministério Público não dá um pio.
O dinheiro pode tudo.
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