Não é fotomontagem ou fake news, claro, e a fonte é a Band.
São policiais civis visitando Jair Bolsonaro e traduzindo, nas camisetas, o que esperar de sua eleição.
Logo esta tradução se fará nas ruas, à noite, quando a muito escura viatura parar um garoto ou uma menina na rua.
O seu filho ou a sua filha, talvez.
“Encosta aí, vagabundo!”
E ele – ou ela – talvez sinta o que eu senti empurrado com a ponta de um cano de metal nas costas, na calçada da UERJ, no Maracanã, aos 17 anos, em 1975.
Eram caminhonetes de traseira coberta, as “suates”, como as chamávamos. Duas, e o tenente que comandava a dúzia de homens fardados, para minha sorte mandou “aliviarem o moleque”.
Oxalá ainda os existam assim.
Saí ileso, apenas com a ameaça de que voltariam em 15 minutos e me “encheriam de porrada” se eu ainda estivesse, vagabundo, na calçada deserta num sábado como hoje, pelo simples fato de que era por ali que passavam os ônibus que desciam pela Rua 24 de Maio.
Peguei o primeiro que passou e que, claro, nem me servia. Mas serviu para o essencial, tirar-me dali alguns minutos depois, justo no momento em que, lá na esquina, apontavam de novo os sinistros faróis.
Sim, eu sei que ainda é – e sempre foi – assim para a periferia e, por isso, talvez para muitos não faça diferença.
Mas faz.
Não se conquista a civilização “democratizando” a barbárie.
Se algo lhe possa servir de consolo, eles nem serão os piores. Haverá outros, de porrete, canivetes, correntes, de cabeças raspadas e mãos crispadas.
Agora você terá paz, não é?
Madalena França.
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