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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Centrão considera transferência de Lula perseguição e absurdo


Madalena França
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Foto: Reuters
Na Câmara dos Deputados, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), parlamentares de partidos do centrão e até do PSDB criticaram, nesta quarta-feira (7), a decisão da juíza federal Carolina Lebbos de autorizar a transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de Curitiba para uma unidade prisional em São Paulo, seu estado de origem.
A juíza negou um pedido da defesa de Lula para aguardar decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre eventual suspeição das decisões do ex-juiz Sergio Moro (hoje ministro da Justiça) e anulação do julgamento do ex-presidente.
No plenário, o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA) afirmou estranhar a decisão da juíza. “Apesar de nunca ter votado nele, acho que [Lula] é um ex-chefe de Estado e merecia um outro tratamento”, disse. Para ele, tocar no assunto mais de um ano depois parece “perseguição à toa.”
Maia respondeu, concordando. “Tem toda razão, deputado”, afirmou. O presidente da Câmara se colocou à disposição “para que o direito do ex-presidente seja garantido.”
José Nelto (GO), líder do Podemos, também qualificou a decisão da juíza de perseguição. “O que a Justiça fez hoje, eu quero aqui condenar publicamente. Não se justifica retirar o ex-presidente Lula de Curitiba e levar para Tremembé. Isso é humilhação, esta juíza deveria repensar os seus atos. Perseguição eu não aceito com ninguém, seja de direita ou de esquerda.”
Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), deputado ligado a Aécio Neves (PSDB-MG), qualificou a decisão judicial de “verdadeiro absurdo”. Segundo ele, é algo que “coloca em risco o respeito que o Brasil conquistou como país garantidor dos direitos.”
No PT, a decisão é avaliada como grave. Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do partido, disse estar surpresa com a decisão. “É interessante que para o ex-presidente Temer todas as garantias foram conferidas e concedidas. Para o ex-presidente Lula, é nada. E é tudo muito rápido. Então é uma perseguição.”
Para Gleisi, é um risco à segurança e vida de Lula deixá-lo sob tutela da polícia do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). “Principalmente pelas motivações políticas que essa pessoa já expressou ao longo das suas manifestações.”
No Twitter, o governador ironizou a petista. “Fique tranquila, ele será tratado como todos os outros presidiários, conforme a lei. Inclusive, o seu companheiro Lula, se desejar, terá  a oportunidade de fazer algo que jamais fez na vida: trabalhar!”, publicou.
Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara, associou a decisão como uma “resposta da [operação] Lava Jato a um agravamento das denúncias que têm sido divulgadas, como as que foram nas últimas 48 horas sobre a ação ilegal que buscava atingir ministros da Suprema Corte, e hoje demonstrando inclusive vínculos com o próprio Poder Legislativo.”​

SUPREMO

Nesta quarta, a defesa do ex-presidente Lula enviou uma petição ao ministro Gilmar Mendes, do STF, com pedido de liminar para que coloque o petista em liberdade e suspenda sua transferência de Curitiba para São Paulo.
Os advogados pedem ainda que o ministro assegure a Lula o direito de permanecer em Sala de Estado Maior, caso ocorra uma transferência. O pedido da defesa foi feito no âmbito de uma ação de habeas corpus que corre no Supremo sob a responsabilidade de Gilmar Mendes.
Gilmar, contudo, deve encaminhar o pedido de habeas corpus ao colega Edson Fachin, que é o relator do processo que analisa a suspeição de Sergio Moro.
A defesa de Lula reforçou o pedido de liberdade para o ex-presidente até que o STF conclua o julgamento sobre o caso do ex-presidente. Caso a liberdade seja negada, eles pedem que a transferência para São Paulo seja suspensa.
Da FSP

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