A decisão do Copom de interromper a queda da Taxa Selic e parar o processo de redução de juros nominais – os juros reais, afinal, nem tando caíam, considerando a inflação mais baixa – é menos significativa que o curto, porém revelador, comunicado emitido pelo Banco Central.
Como nos velhos filmes de bangue-bangue, o BC “piscou”.
Admitiu uma taxa de inflação maior que aquela que o próprio mercado estima. Estimou valores futuros para o dólar nos quais nem a velhinha de Taubaté acredita.
Acenou, ainda que levemente, com a possibilidade um arrocho monetário que não fazia parte do planejamento dos agentes econômicos.
O crédito, que já não baixava suas taxas mesmo com a redução dos juros oficiais, vai continuar caro e dissolver qualquer expectativa de um PIB que não seja muito – mas muito, mesmo – medíocre este ano .
O movimento do câmbio não vai arrefecer e o BC vai ser pressionado a elevar, no médio prazo, as suas taxas.
O juro real, descontada a inflação, está em 2,49%, menor que o da Argentina (14,29%), Turquia (8,38%), Rússia (4,44%), México (3,58%), Índia (2,94%) e Indonésia (2,92%).
A pressão inflacionária, impossível de não ocorrer num quadro de elevação do dólar e, mesmo em dólar, uma forte alta no preço do petróleo vai tornar mais grave este quadro.
É óbvio que quem quer se apoiar na entrada de capitais estrangeiros, neste quadro, atrai menos o dinheiro externo, de resto já escasseando no mundo.
Não resta a quem vive esta situação senão uma ação intensa para apoiar o mercado interno, ativando políticas contracionistas e entendendo que não se pode mais garrotear a economia.
Mas é o inverso do entendimento que prevalece e vai prevalecer, até que o Brasil seja governado para as pessoas, não para o dinheiro.
Cada vez mais crescem uma nova sucessão de 2002, em materia de abalo na economia.
Mas, daquela vez, tivemos uma esperança a vencer o medo.
A esperança, desta vez, está trancafiada em Curitiba.
Madalena França Via Tijolaço.
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