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Em outro momento de sua fala, decidida nesta sexta pela manhã, Temer se colocou no papel de vítima de vazamentos de informações em poder da Polícia Federal sobre o inquérito dos portos. Neste trecho, citou o órgão nominalmente uma única vez, ao dizer duvidar que "a imprensa entre de madrugada, seja na Polícia Federal, ou onde seja, para digamos sorrateiramente ter acesso a esses dados".
Temer chegou a apontar o dedo para quem "preside o inquérito, quem comanda o inquérito, seja onde for", como possíveis responsáveis pelo vazamento de informações para a imprensa. Como disse "onde for", pode ter sugerido que os dados estariam vazando de vários lugares. Na Polícia Federal, o inquérito é comandado pelo delegado Cleyber Malta Lopes. No Supremo Tribunal Federal (STF), o relator é o ministro Luís Roberto Barroso.
O presidente decidiu fazer o pronunciamento logo cedo, segundo assessores, por causa da citação a seus familiares como possíveis alvos da investigação. A PF investiga se Temer teria usado dinheiro de propina para comprar ou reformar imóveis para membros de sua família. Ele rebateu dizendo ter fonte de recursos para esses negócios e reclamou que o órgão não teria lhe solicitado a documentação sobre esses imóveis.
Criticou ainda a PF, sem citá-la nominalmente, por pedir a prorrogação do inquérito pela segunda vez, dizendo que o objetivo dos investigadores seria o de “deixar o presidente numa situação de incômodo institucional”. Em tom enfático, afirmou que, “se pensam ilusoriamente que vão [me] derrubar, não vão conseguir”.
A Polícia Federal pediu, ontem, a prorrogação por mais 60 dias do inquérito que investiga se o presidente recebeu benefícios irregulares de empresas pela edição de decreto que prorrogou concessões no setor de portos. O Palácio do Planalto reclama que o órgão passou a investigar fatos que não estariam relacionados ao objetivo inicial do inquérito e referentes a período em que Temer não era presidente.
Os investigadores usam, por exemplo, delações da JBS. Numa delas, Ricardo Saud ex-executivo do grupo J&F diz que teria repassado R$ 1 milhão para o coronel João Batista Lima, amigo de Temer. A empresa do coronel teria cuidado da reforma de uma casa de uma das filhas do presidente.
Madalena França
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