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sexta-feira, 27 de abril de 2018

PF foi o alvo principal das críticas de Temer


O presidente Michel Temer citou nominalmente a Polícia Federal (PF) apenas uma vez em seu pronunciamento, mas o órgão foi o principal alvo de suas críticas, hoje, no Palácio do Planalto. Não faltaram torpedos disparados na direção dos investigadores da PF, como quando Temer afirmou ser alvo de uma "perseguição criminosa disfarçada de investigação". As informações são do Blog do Valdo Cruz.
Em outro momento de sua fala, decidida nesta sexta pela manhã, Temer se colocou no papel de vítima de vazamentos de informações em poder da Polícia Federal sobre o inquérito dos portos. Neste trecho, citou o órgão nominalmente uma única vez, ao dizer duvidar que "a imprensa entre de madrugada, seja na Polícia Federal, ou onde seja, para digamos sorrateiramente ter acesso a esses dados".
Temer chegou a apontar o dedo para quem "preside o inquérito, quem comanda o inquérito, seja onde for", como possíveis responsáveis pelo vazamento de informações para a imprensa. Como disse "onde for", pode ter sugerido que os dados estariam vazando de vários lugares. Na Polícia Federal, o inquérito é comandado pelo delegado Cleyber Malta Lopes. No Supremo Tribunal Federal (STF), o relator é o ministro Luís Roberto Barroso.
O presidente decidiu fazer o pronunciamento logo cedo, segundo assessores, por causa da citação a seus familiares como possíveis alvos da investigação. A PF investiga se Temer teria usado dinheiro de propina para comprar ou reformar imóveis para membros de sua família. Ele rebateu dizendo ter fonte de recursos para esses negócios e reclamou que o órgão não teria lhe solicitado a documentação sobre esses imóveis.
Criticou ainda a PF, sem citá-la nominalmente, por pedir a prorrogação do inquérito pela segunda vez, dizendo que o objetivo dos investigadores seria o de “deixar o presidente numa situação de incômodo institucional”. Em tom enfático, afirmou que, “se pensam ilusoriamente que vão [me] derrubar, não vão conseguir”.
A Polícia Federal pediu, ontem, a prorrogação por mais 60 dias do inquérito que investiga se o presidente recebeu benefícios irregulares de empresas pela edição de decreto que prorrogou concessões no setor de portos. O Palácio do Planalto reclama que o órgão passou a investigar fatos que não estariam relacionados ao objetivo inicial do inquérito e referentes a período em que Temer não era presidente.
Os investigadores usam, por exemplo, delações da JBS. Numa delas, Ricardo Saud ex-executivo do grupo J&F diz que teria repassado R$ 1 milhão para o coronel João Batista Lima, amigo de Temer. A empresa do coronel teria cuidado da reforma de uma casa de uma das filhas do presidente.
Madalena França

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