Nova York é a cidade do mundo mais rica em “exotismos”, ao ponto de que quase nada a surpreende.
Mesmo assim, a chegada de Jair Bolsonaro – precedida de uma série de reportagens extremamente críticas aos presidente brasileiro – está enchendo de curiosidade as cúpulas mundiais presentes à abertura da Assembleia Geral da Organizações das Nações Unidas.
Aliás, Bolsonaro começou a marcar presença pela ausência, hoje mais cedo, na reunião entre os presidentes da Frnça (Emannoel Macron), Colômbia (Ivan Duque), Chile (Sebastian Piñera) e Bolívia (Evo Morales), para o lançamento de uma “Aliança pelas Florestas Tropicais), que promete fundos milionários da União Europeia para a proteção da Amazônia.
O Brasil, recorde-se, já havia ficado fora da Cúpula do Clima da ONU, aberta no sábado.
Quando subir à tribuna principal da Assembleia, a missão de Jair Bolsonaro é bem mais árdua do que criar uma boa impressão; é a de desfazer a horrenda imagem que o mundo faz dele. E por mais que ele tente se manter dentro do “politicamente correto”, dificilmente terá palavras capazes de criar esta reversão.
Ele é, para todos os efeitos, o “chefe” de um Brasil onde campeiam soltos crimes de toda espécie: ambientais, étnicos, sociais e políticos e lá, como lembrou bem Jamil Chade, no UOL, estarão a sombra de Raoni, os espectros de Marielle Franco e da recém-chegada Ágatha Félix, a gigantesca ausência de um Lula preso.
Para enfrentá-los, Bolsonaro não tem ideias palatáveis nem talento cênico.
Ancelmo Gois, na sua coluna em O Globo, aponta com precisão: não há nada de bom que Bolsonaro possa dizer que uma rápida busca no Google não desminta: quem falava em matar, em desmatar, em garimpar, em escorraçar índios de suas terras? Pouco vai adiantar desfilar a cunhã que embalou como bagagem para lá.
Apresentar-se como um simples ventríloquo de Donald Trump também faz mais estrago que bem, porque para o presidente norte-americano estar precisando de um Bolsonaro para a apoiá-lo dentro de sua própria casa é, convenhamos, uma reescrita ao revés do velho filma “O rato que ruge”, com Peter Sellers, agora como “O rato que mia”.
Do desempenho pessoal, pouco há para falar que já não conheçamos. Bolsonaro só se solta quando fala as barbaridades que lhe povoam a mente: amarrado a um discurso formal, é quase um pateta.
Talvez seja este o melhor papel que possa fazer: todos os outros serão piores para sua ( e a nossa) imagem.
(Tijolaço)
Por Madalena França
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