Redação PragmatismoEditor(a)
Delegado da Polícia Federal que solicitou a transferência de Lula para uma prisão militar é admirador de Jair Bolsonaro. Pedido causou estranheza na própria corporação e ele foi denunciado por colegas
O delegado Algacir Mikalovski e Jair Bolsonaro
Nesta terça-feira (11), o Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Estado do Paraná (SinDPF/PR) solicitou, por meio de um ofício, a transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma prisão das Forças Armadas (relembre aqui).
O pedido de transferência causou estranheza na própria corporação. Segundo informou a jornalista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o presidente do Sindicato dos delegados é Algacir Mikalovski. Colegas do delegado informaram que ele tem fotos com Jair Bolsonaro nas redes sociais.
Em uma das imagens, de 2016 (ver acima), o policial aparece ao lado do presidenciável em um ato que comemorava a abertura de investigação sobre Lula na 24ª fase da Lava Jato, batizada de Aletheia.
A página de Mikalovski nas redes sociais tem diversas postagens críticas ao ex-presidente. O delegado foi candidato a deputado estadual pelo PRB em 2014 e a vereador, em 2016, pelo PSDC.
Ao solicitar a transferência de Lula, Algacir Mikalovski alegou que a presença de Lula “oferece riscos à população e aos funcionários”.
“Há riscos à população que reside no entorno do prédio da PF, aos Policiais Federais (sic) e demais integrantes do sistema de segurança pública que moram nas imediações da sede da Polícia Federal, ao passo que alguns invasores, que já se instalaram com barracas e determinada estrutura, já estão promovendo ações no sentido de intimidar estas pessoas”, disse.
Em seu Twitter, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) repudiou o posicionamento dos delegados.
“Em nota criminosa à imprensa, chamam o acampamento da democracia de invasão, criminalizam a militância ao dizer que são “integrantes de facções”, mentem descaradamente ao citar ameaças a moradores e pedem transferência de Lula para um posto militar”, escreveu.
“É inadmissível que o Sindicato dos Delegados da PF se apresente como porta-voz de uma verdadeira milícia federal. A nota parece uma mensagem do MBL (Movimento Brasil Livre, de extrema-direita), de tão reacionária e mentirosa”, acrescentou.
A organização do Acampamento Lula Livre divulgou uma nota após a manifestação do Sindicato dos Delegados. Leia abaixo.
Sobre o ofício e as declarações do sindicato dos delegados da Polícia Federal, as organizações à frente do acampamento Lula Livre, instalado nas imediações da Superintendência da Polícia Federal, afirmam que:
Seguimos em resistência no acampamento, exigindo a liberdade para o ex-presidente Lula. E estaremos onde se mantiver a condenação injusta e sem provas, no contexto de nossa resistência pacífica.
O tema dos moradores está sendo usado com má-fé, por pessoas e grupos que querem desviar o tema central, que é o arbítrio da prisão de Lula.
No que se refere ao acampamento, estamos instalados pacificamente em área pública. É notória a recepção dos moradores, que ajudam diariamente com água, energia elétrica, rede de internet. Muitos participam das atividades do acampamento, prestigiam nossas cozinhas e espaços culturais. A cada dia a imprensa presente pode verificar a melhoria na organização. A relação também é boa com o comércio.
Cumprimos os acordos coletivos de silêncio depois das 22h às 7h. Cerca de 80 pessoas da equipe de limpeza recolhem o lixo e fazem a limpeza todas as manhãs. E estamos sempre apontando melhorias na estrutura de banheiros.
Realizamos uma carta aos moradores, onde reafirmamos nosso pedido de desculpas pelo transtorno, mas não somos responsáveis pelas violações, pela violência de sábado, esta sim precipitada pela Polícia Federal, nem pela arbitrariedades que estão sendo cometidas contra Presidente Lula.
Atenciosamente,
Curitiba, 11 de abril de 2018
Curitiba, 11 de abril de 2018
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