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terça-feira, 10 de abril de 2018

Leonardo Attuch: O golpe foi dado para que os gringos roubassem o nosso petróleo


 
O jornalista Leonardo Attuch, em artigo especial, desenterra a cabeluda história da espionagem dos Estados Unidos contra a Petrobras e Dilma Rousseff, em 2013, nas vésperas do golpe que a depôs do cargo. Para o editor do 247, diferente do Oriente Médio, as petroleiras internacionais conseguiram se apoderar da maior descoberta recente de petróleo no Brasil [o pré-sal] sem dar um único tiro.
Roubaram o pré-sal e foram indenizados
Leonardo Attuch*
No segundo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil anunciou as maiores descobertas de petróleo no século 21, que foram as reservas do pré sal. Coincidência ou não, em 2008, quatro notebooks e dois HDs da Petrobras foram furtados, com informações sigilosas sobre o pré-sal, numa típica ação de espionagem industrial, que envolveu a empresa norte-americana Halliburton, que também atuou na invasão do Iraque. Pouco tempo depois, o Brasil passou a ser espionado pela NSA, uma agência de inteligência dos Estados Unidos, com foco especial no setor de petróleo.
A espionagem se tornou pública já no governo da presidente Dilma Rousseff, com as revelações feitas pelo agente Edward Snowden. Não só Dilma havia sido bisbilhotada, como a própria Petrobras. Desde então, surgiram as primeiras evidências de que um golpe, movido a petróleo, estava em curso no Brasil. De um lado, colunistas alinhados com o pensamento vira-lata e entreguista desdenhavam do pré-sal, alegando que o custo de extração seria extremamente alto. De outro, Dilma tentava resistir, com um modelo de exploração que passava a ser o de partilha, com maior geração de riquezas para a União e o comando da Petrobras.
Em 2013, com as chamadas jornadas de junho, uma “primavera árabe” brasileira passou a ser estimulada nas redes sociais por páginas patrocinadas por grandes interesses econômicos. Um ano depois, a Operação Lava Jato transformou a promiscuidade histórica das relações público-privadas brasileiras num caso de “corrupção sistêmica” de uma estatal que teria sido aparelhada para garantir um “projeto de poder”. O que se pretendia era derrubar a presidente Dilma Rousseff e cassar o registro do PT para que o partido fosse banido da vida pública brasileira.
Com a descoberta de que a farra das empreiteiras era generalizada, apenas o primeiro objetivo foi alcançado. E o Brasil, curiosamente, foi o primeiro país da história a derrubar uma presidente honesta para instalar uma organização criminosa no poder. Feita a transição, a primeira mudança se deu justamente no petróleo, com a venda de campos do pré-sal até para estatais de outros países, como a norueguesa Statoil, e leilões que favoreceram empresas como Shell e Exxon.
Sem disparar um único tiro, ao contrário do que ocorreu nas invasões recentes do Oriente Médio, as petroleiras internacionais conseguiram se apoderar da maior descoberta recente de petróleo. Enquanto isso, no Brasil, foram eliminados mais de 2 milhões de empregos na cadeia produtiva do setor de óleo e gás, a indústria naval foi paralisada e, como cereja do bolo, a Petrobras decidiu indenizar, antes de qualquer condenação judicial, investidores dos Estados Unidos, alguns deles de fundos-abutres, em nada menos que R$ 10 bilhões. Em resumo: roubaram o pré-sal e ainda foram indenizados.
*Leonardo Attuch, jornalista, é editor do portal Brasil 247

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