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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Ciro critica Bolsonaro e promete revogar medidas 'golpistas' de Temer


Presidenciável também criticou o presidencialismo de coalizão, que chamou de "uma mentira sofisticada que FHC [PSDB] criou e a qual o PT se submeteu"

Ciro critica Bolsonaro e promete revogar medidas 'golpistas' de Temer
Notícias ao Minuto Brasil
HÁ 2 HORAS POR FOLHAPRESS
POLÍTICA SABATINA
Se eleito presidente do Brasil, Ciro Gomes (PDT) promete revogar duas medidas 
de um "governo golpista" (teto de gastos e reforma trabalhista) e "deixar a porta aberta 
para dialogar com o PSDB".
E torce para que um eventual segundo turno que conte com sua presença seja contra Jair 
Bolsonaro (PSL). "A rigor, gostaria muito de enfrentá-lo, me parece o candidato 
menos difícil de ser derrotado", afirmou o ex-ministro ao ser sabatinado por Folha de 
S.Paulo, UOL e SBT, em São Paulo, nesta segunda-feira (21). Para Ciro, o adversário
 é fascista e tem propostas "toscas" para o país.
A aliança com o tucanato pode até ser "completamente disparatosa" do ponto de vista
 eleitoral, "para ficar numa palavra moderada", mas é preciso pensar "no dia seguinte 
às eleições" -e "ter a porta aberta para dialogar" com o PSDB, disse.
Alcançando 9% no último Datafolha em todos os cenários em que Lula (PT) não 
disputa a sucessão de Michel Temer (MDB), Ciro disse avaliar "o que está em 
jogo, para quem tem responsabilidade crescente como aquela que estou sentindo
 crescer sobre meus ombros": a governabilidade.
Daí a necessidade de pensar no que aconteceria caso ganhasse o pleito, e isso inclui 
manter pontes com o PSDB, embora o partido, ao seu ver, tenha se aliado ao PMDB para
 dar um "golpe de Estado" (o impeachment de Dilma Rousseff) "antipobre e antipovo".
O ex-ministro do governo Lula criticou o presidencialismo de coalizão, que chamou
 de "uma mentira sofisticada que FHC [PSDB] criou e a qual o PT se submeteu".
"O modelo de lotear o governo com picaretas e o presidente ficar como testa de ferro
 nesta ladroeira" é, para o presidenciável, uma fórmula "para o fracasso".
Seus entrevistadores -os jornalistas Fernando Canzian, da Folha de S.Paulo, Diogo 
Pinheiro, chefe de reportagem do UOL, e Carlos Nascimento, âncora do SBT- 
apertaram: mas como governar sem força no Congresso?
Ciro disse que a solução é aproveitar os "seis primeiros meses, que dão poderes imperiais 
ao presidente", que costuma se eleger com minoria no Parlamento. Priorizaria, nesse 
período, as reformas fiscal (promete taxar mais os ricos e menos os pobres) e política.
 "Tenho história, não sou um poeta que chegou agora, como Bolsonaro, e acha que
 extremismo resolve problema."
O pedetista afirmou que saberá como "negociar, que não é uma coisa errada". "Só quem 
quer ser dono da verdade" acha que não é possível "negociar no atacado".
Baixar os juros nos bancos, revogar medidas como a reforma trabalhista... Não estaria
 Ciro "avançando o sinal" e correndo o risco de cometer estelionato eleitoral, fazendo
 promessas que ele não pode cumprir?
Ele disse recear que "não consiga entregar" tudo o que gostaria, mas se comprometeu 
a fazer o máximo possível para tirar sua agenda do papel. Sempre negociando. "Não sou 
candidato a ditador do Brasil, candidato a ditador do Brasil é o Bolsonaro."
Questionado sobre a reforma da Previdência, cuja votação estagnou no governo Temer, 
o pedetista propôs primeiro discutir se realmente há um déficit previdenciário.
"É possível afirmar que não tem déficit. Fomos criando puxadinho pra cá, puxadinho pra 
lá..." Sua tese: se considerarmos as receitas de contribuições (como patronal, Pis/Pasep, 
Cofins) e de loterias, "a soma disso paga a Previdência e sobra um tiquinho".
Já outra reforma coqueluche de Temer que vingou, a trabalhista, "é uma selvageria", 
afirmou. "Ela permite que um patrão descuidado aloque uma senhora grávida, prenha -que 
é uma maneira da gente chamar no Nordeste- em ambiente insalubre". O ponto mais grave,
 segundo ele, é "o trabalho intermitente". "No dia em que essa porcaria entregou em 
vigor", quase 400 mil postos de trabalho foram destruídos, disse.
O teto de gastos, sancionado em 2017 para impedir o crescimento das despesas acima 
da inflação pelas próximas duas décadas e equilibrar as contas públicas, foi outro alvo,
 por possibilitar o congelamento de investimentos em áreas sensíveis como educação. 
"Não é possível que a gente tenha uma pedra no lugar do coração."
VICES
Ciro foi questionado sobre três nomes que entraram no bolão de apostas para seu
 vice: os ex-prefeitos Fernando Haddad (PT), de São Paulo, e Márcio Lacerda (PSB),
 de Belo Horizonte, além de Josué Alencar (PR), filho do vice de Lula, José Alencar
 (1931-2011).
Definiu-os como "três amigos queridos", mas afirmou que era cedo para cravar 
qualquer nome. Só confirmou uma conversa com Josué.
O vice ideal, para ele, é um homem ou uma mulher do Sudeste, ligado à produção.
A "aliança orgânica" que vê para seu governo é com o PCdoB, para formar "um polo 
de centro-esquerda mais comprometido com conjunto histórico de valores", com o 
trabalhismo caro ao seu partido -o PDT de Leonel Brizola.
Após a sabatina, Ciro disse a jornalistas que se vê no segundo turno com o 
presidenciável do tucanato, Geraldo Alckmin. Essa concorrência seria muito mais
 desafiadora do que enfrentar Bolsonaro, "um extremista fascistoide".
Se Haddad substituir Lula na chapa do PT, uma possibilidade aventada dentro do
 partido, "seria o céu", disse, antevendo um "debate elegantérrimo" e 
"exclusivamente focado em ideias". Com informações da Folhapress.

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