Autora vai abordar o valor da vida em palestra na Basílica de São Bento.
Lya começou a carreira como tradutora e já escreveu mais de 20 livros.
Conhecida e admirada por suas opiniões marcantes, Lya Luft tem mais de 20 obras publicadas, entre romances, coletâneas de poemas, crônicas, ensaios e livros infantis. No seu livro mais recente, “O tempo é um rio que corre”, lançado este ano, a escritora gaúcha de 76 anos trata a passagem do tempo como um aspecto saudável e necessário. Esse será um dos assuntos abordados pela autora na palestra de abertura da Fliporto 2014, na próxima quinta (13), na Basílica de São Bento, em Olinda.
“O valor da vida” é o tema da palestra, que também contará com a presença do engenheiro e escritor Vicente Britto Pereira, casado com Lya Luft. Entre outras obras, Vicente vai apresentar o livro “Ensaios de Uma Embriaguez”, lançado em 2013 e baseado na experiência pessoal do autor com o alcoolismo. Ele afirma que o incentivo da esposa foi fundamental na elaboração dos livros, mas que o casal não interfere na escrita um do outro. Em entrevista ao G1, Lya Luft fala sobre sua vida literária e opina a respeito do tempo, da vida e da morte.
“O valor da vida” é o tema da palestra, que também contará com a presença do engenheiro e escritor Vicente Britto Pereira, casado com Lya Luft. Entre outras obras, Vicente vai apresentar o livro “Ensaios de Uma Embriaguez”, lançado em 2013 e baseado na experiência pessoal do autor com o alcoolismo. Ele afirma que o incentivo da esposa foi fundamental na elaboração dos livros, mas que o casal não interfere na escrita um do outro. Em entrevista ao G1, Lya Luft fala sobre sua vida literária e opina a respeito do tempo, da vida e da morte.
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G1 - Você iniciou sua vida literária nos anos 1960, como tradutora de obras em alemão e inglês, e já traduziu para o português mais de 100 livros. O que mais te fascina na tradução?
Lya Luft - Certamente tem a ver com minha paixão por literatura e linguagem, e cultura em geral, pois traduzi ficção, biografias e vários ensaios. É um jeito de estar sempre lidando com linguagem, com palavras, enfim, escrevendo. De certa forma convivendo com colegas estrangeiros, vivos, mortos.
G1 - O que te inspirou a começar escrevendo poesias e o que te inspira até hoje?
Lya Luft - Não sei se se trata de inspiração, mas de prazer. [Isso] alegra, gosto de ter nascido para isso, além da prosa. Comecei com poesia, na verdade. Meu primeiro livro foi fruto de um prêmio num concurso estadual de poesia, e publicaram “Canções de Limiar” quando eu tinha uns 24 anos. Logo comecei a fazer crônica de jornal, mas a poesia nunca saiu de minha vida, mesmo depois de ter publicado vários romances e ensaios. Em 1972, saiu “Flauta Doce”, e com os anos publiquei “O Lado fatal”, “Mulher no Palco”, “Para não Dizer Adeus”, etc. Além disso, nos últimos anos abro cada capítulo de um livro com um poema, quase uma introdução, em geral escrito nessa mesma época. Penso que sempre continuarei escrevendo poemas, eles vêm ao natural.
G1 - Quanto à ficção, como ela entrou na sua vida?
Lya Luft - Desde criança adorei ler livros de história e inventava e contava histórias para mim mesma. Porém nem eu sei por que, só aos 40 anos, em 1980, escrevi e publiquei, então pela Nova Fronteira, do Rio, meu primeiro romance, “As Parceiras”. Depois vieram muitos mais, além de um livro de contos, “O Silêncio dos Amantes”. Enfim, demorei a realizar o sonho de infância, de inventar personagens e tramas, mas na maturidade consegui. Tudo sempre foi muito natural e sem dramas. As coisas acontecem na sua hora, desde que a gente esteja aberta a elas sem aflição.
G1 - Você já declarou que não concorda com imposições e estereótipos sociais. Em que medida a literatura pode ser um instrumento nessa luta contra as fórmulas ditadas pela sociedade?
Lya Luft - Não gosto de alguns estereótipos que nos tornam fúteis, sofrendo por bobagens, como eterna beleza e eterna juventude, por exemplo. Mas nunca pensei na minha obra como mensagem, instrumento. Eu simplesmente escrevo porque nasci para fazer isso. Porém é possível que a leitura de um livro, um poema, um artigo de revista, possa levar alguém a pensar ou repensar, a se ver melhor, a contestar alguns ditames da sociedade, e isso será bom. Mas não tenho nenhuma intenção pedagógica.
G1 - No romance "Ponto Cego" o tempo é um personagem. Outro livro seu é intitulado "O tempo é um rio que corre". Esse é um tema recorrente nas suas obras. Qual sua relação com o fluxo do tempo? Por que você acha que as pessoas têm tanto medo de envelhecer?
Lya Luft - Realmente o tempo sempre foi tema de meus livros, e às vezes personagem, como no “Ponto cego”, pelo qual tenho especial carinho porque realizei o velho desejo de uma criança narrando coisas de sua família neurótica. Minha convivência com o tempo que passa é bastante natural, quase bem-humorada. Nada a fazer senão pegar leve com ele. Como diz o menino do “Ponto Cego”, a gente tem de fazer do tempo nosso bichinho de estimação, ou ele nos devora. Possivelmente o terror que em geral temos diante da passagem do tempo tem a ver com, de um lado, a consciência da nossa finitude; de outro lado, a pressão esmagadora da nossa cultura, sobretudo brasileira, bastante superficial, onde amadurecer e envelhecer é “feio”, e temos de ser sempre jovens. É preciso nadar contra essa correnteza para não sofrer com o inevitável, e até curtir as coisas boas da maturidade e da velhice.
G1 - A morte também é um dos temas recorrentes nos seus textos. Você concorda quando dizem que você “poetizou” a morte?
Lya Luft - Concordo, eu mesma digo isso, brinco que fiz um “fotoshop” na morte nesse último livro. Mas ela também é terrível em vários outros [livros]. Sempre de certa forma poetizada, pois faço literatura, com metáforas, analogias, etc.
G1 - A vida também é tratada de muitas maneiras nos seus livros e será tema de sua palestra, em conjunto com o seu marido, Vicente, na abertura da Fliporto 2014, em Olinda. Como vocês abordarão o valor da vida nessa palestra?
Lya Luft - Vamos falar cada um de seu livro, na verdade eu desse atual, “O Tempo é Um Rio que Corre”, e Vicente, de “Ensaios sobre a Embriaguez”, sobre adição, e talvez sobre o livro dele deste ano, “Transportes, sua especialidade”. A mediadora excelente será a Leda Nagle, que já nos entrevistou em seu programa, Sem Censura, várias vezes, e nos conhece e a nosso trabalho. Tanto o problema da adição, do alcoolismo, quanto a consciência de que viver deve ser avançar, não se deteriorar, têm muito a ver com como e quanto valorizamos a vida e a nós mesmos, e queremos ser felizes (do meu ponto e vista, em certa harmonia conosco mesmos, o outro, o mundo...). Estamos muito animados com esse encontro na Fliporto.
Lya Luft - Certamente tem a ver com minha paixão por literatura e linguagem, e cultura em geral, pois traduzi ficção, biografias e vários ensaios. É um jeito de estar sempre lidando com linguagem, com palavras, enfim, escrevendo. De certa forma convivendo com colegas estrangeiros, vivos, mortos.
G1 - O que te inspirou a começar escrevendo poesias e o que te inspira até hoje?
Lya Luft - Não sei se se trata de inspiração, mas de prazer. [Isso] alegra, gosto de ter nascido para isso, além da prosa. Comecei com poesia, na verdade. Meu primeiro livro foi fruto de um prêmio num concurso estadual de poesia, e publicaram “Canções de Limiar” quando eu tinha uns 24 anos. Logo comecei a fazer crônica de jornal, mas a poesia nunca saiu de minha vida, mesmo depois de ter publicado vários romances e ensaios. Em 1972, saiu “Flauta Doce”, e com os anos publiquei “O Lado fatal”, “Mulher no Palco”, “Para não Dizer Adeus”, etc. Além disso, nos últimos anos abro cada capítulo de um livro com um poema, quase uma introdução, em geral escrito nessa mesma época. Penso que sempre continuarei escrevendo poemas, eles vêm ao natural.
G1 - Quanto à ficção, como ela entrou na sua vida?
Lya Luft - Desde criança adorei ler livros de história e inventava e contava histórias para mim mesma. Porém nem eu sei por que, só aos 40 anos, em 1980, escrevi e publiquei, então pela Nova Fronteira, do Rio, meu primeiro romance, “As Parceiras”. Depois vieram muitos mais, além de um livro de contos, “O Silêncio dos Amantes”. Enfim, demorei a realizar o sonho de infância, de inventar personagens e tramas, mas na maturidade consegui. Tudo sempre foi muito natural e sem dramas. As coisas acontecem na sua hora, desde que a gente esteja aberta a elas sem aflição.
G1 - Você já declarou que não concorda com imposições e estereótipos sociais. Em que medida a literatura pode ser um instrumento nessa luta contra as fórmulas ditadas pela sociedade?
Lya Luft - Não gosto de alguns estereótipos que nos tornam fúteis, sofrendo por bobagens, como eterna beleza e eterna juventude, por exemplo. Mas nunca pensei na minha obra como mensagem, instrumento. Eu simplesmente escrevo porque nasci para fazer isso. Porém é possível que a leitura de um livro, um poema, um artigo de revista, possa levar alguém a pensar ou repensar, a se ver melhor, a contestar alguns ditames da sociedade, e isso será bom. Mas não tenho nenhuma intenção pedagógica.
G1 - No romance "Ponto Cego" o tempo é um personagem. Outro livro seu é intitulado "O tempo é um rio que corre". Esse é um tema recorrente nas suas obras. Qual sua relação com o fluxo do tempo? Por que você acha que as pessoas têm tanto medo de envelhecer?
Lya Luft - Realmente o tempo sempre foi tema de meus livros, e às vezes personagem, como no “Ponto cego”, pelo qual tenho especial carinho porque realizei o velho desejo de uma criança narrando coisas de sua família neurótica. Minha convivência com o tempo que passa é bastante natural, quase bem-humorada. Nada a fazer senão pegar leve com ele. Como diz o menino do “Ponto Cego”, a gente tem de fazer do tempo nosso bichinho de estimação, ou ele nos devora. Possivelmente o terror que em geral temos diante da passagem do tempo tem a ver com, de um lado, a consciência da nossa finitude; de outro lado, a pressão esmagadora da nossa cultura, sobretudo brasileira, bastante superficial, onde amadurecer e envelhecer é “feio”, e temos de ser sempre jovens. É preciso nadar contra essa correnteza para não sofrer com o inevitável, e até curtir as coisas boas da maturidade e da velhice.
G1 - A morte também é um dos temas recorrentes nos seus textos. Você concorda quando dizem que você “poetizou” a morte?
Lya Luft - Concordo, eu mesma digo isso, brinco que fiz um “fotoshop” na morte nesse último livro. Mas ela também é terrível em vários outros [livros]. Sempre de certa forma poetizada, pois faço literatura, com metáforas, analogias, etc.
G1 - A vida também é tratada de muitas maneiras nos seus livros e será tema de sua palestra, em conjunto com o seu marido, Vicente, na abertura da Fliporto 2014, em Olinda. Como vocês abordarão o valor da vida nessa palestra?
Lya Luft - Vamos falar cada um de seu livro, na verdade eu desse atual, “O Tempo é Um Rio que Corre”, e Vicente, de “Ensaios sobre a Embriaguez”, sobre adição, e talvez sobre o livro dele deste ano, “Transportes, sua especialidade”. A mediadora excelente será a Leda Nagle, que já nos entrevistou em seu programa, Sem Censura, várias vezes, e nos conhece e a nosso trabalho. Tanto o problema da adição, do alcoolismo, quanto a consciência de que viver deve ser avançar, não se deteriorar, têm muito a ver com como e quanto valorizamos a vida e a nós mesmos, e queremos ser felizes (do meu ponto e vista, em certa harmonia conosco mesmos, o outro, o mundo...). Estamos muito animados com esse encontro na Fliporto.
A Fliporto
Com uma estimativa de público entre 90 mil e 110 mil pessoas, a Fliporto continua ganhando reconhecimento e se consagrando cada vez mais em Olinda. Serão 13 painéis dentro do Congresso Literário, exibição de curtas e longas, feira do livro, oficinas e bate-papos durante os quatro dias de feira.
Com uma estimativa de público entre 90 mil e 110 mil pessoas, a Fliporto continua ganhando reconhecimento e se consagrando cada vez mais em Olinda. Serão 13 painéis dentro do Congresso Literário, exibição de curtas e longas, feira do livro, oficinas e bate-papos durante os quatro dias de feira.
A feira este ano se concentra no Colégio de São Bento e Praça do Carmo. Os polos - congresso literário, Fliporto Galera e Galerinha e Cine Fliporto - estarão distribuídos pelos prédios da unidade de ensino, enquanto a Feira do Livro acontecerá na Praça do Carmo. O evento é gratuito, mas os interessados em participar do Congresso Literário deverão fazer a pré-inscrição através do site Eventick e fazer a retirada do ingresso no local.
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