Estamos à véspera de um dia decisivo para o Brasil.
É inevitável que cresça a a agitação, de ambos os lados, embora você vá ver apenas um deles na mídia.
Nada a estranhar, pois a imprensa se tornou um partido, e um partido único.
Um processo judicial que, desde o seu início, visava à prisão de Lula se consumará – ou não -sem nada que o sustente senão uma delação extorquida pelo mecanismo que o próprio PT aceitou, o da delação premiada.
Sim, porque ao contrário do que se quer fazer crer, não existe impunidade no Brasil, exceto quando interessa.
Somos um país onde Aécio Neves, de viva voz, sugere matar o primo “antes que ele fale” e continua senador da republica.
Onde o próprio presidente da República é gravado dizendo que “é preciso manter isso” sobre a proteção a um escroque como Eduardo Cunha, o pai do impeachment.
Já não há tribunais jurídicos no Brasil, o que existe são juízes ávidos de poder, ainda que ao preço da traição: á lei, ao povo, ao país e às suas proprias histórias.
Homens e mulheres que Lula e Dilma levaram ao Poder Judiciário pelo suposto “mérito” oferecem-se como algozes das forças que os escolheram.
Será mais fácil enciontrar escrúpulos em Celso de Mello, Marco Aurélio e até em Gilmar Mendes e , quem sabe, Alexandre de Moraes, do que em Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Carmen Lúcia e Luiz Fux.
Eles só não têm uma resposta perante suas consciências: porque um governo que dizem estar regido pela corrupção os guindou ao Supremo.
Afinal,se éramos governados por um “sistema de corrupção institucionalizado”, como diz Barroso, uma das preocupações essenciais seria a de colocar cúmplices no STF, onde iriam parar iniciativas de esclarecimento e punição dos mal-feitos.
É evidente que um ministro do Supremo tem e deve ter independência e não pode, por razões político-ideológicas, se contrapor aos fatos evidentes.
Mas tudo o que não há no caso Lula são fatos evidentes. Há, e confessadamente, uma perseguição que nasceu contaminada pela necessidade de “pegar ele”, num processo cheio de ilações ilustradas no powerpoint de Deltan Dallagnol, que culmina com uma sentença que precisou criar uma categoria de propriedade – o apartamento “atribuído” a ele – vinda de atos e dinheiros vagos e indefinidos.
A declaração de Barroso, reproduzida no Valor Econômico, de que a Justiça deve decidir ” em sintonia com o sentimento social” é tão primária que a sua estupidez pode ser constatada por uma simples inversão: então, por Lula ser, disparado, o candidato preferido pela maoria dos brasileiros para as eleições de outubro seu julgamento devia ser o de absolvição em razão da “sintonia com o sentimento social”?
O raciocínio do pavoroso ministro tem o jurisdicismo de um juiz do Velho Oeste, onde o “direito a um julgamento justo” era simples formalidade antes de entregar o condenado à forca diante da multidão que o queria morto.
Certamente não escapa ao sr. Barroso quem compõe essa multidão: a mídia, as elites e uma turba de fascistas ensandecidos, que sabe que o sacrifício de Lula abre o último portão de seu acesso ao poder.
Sei bem o que se passa com eles: são de minha geração, nascidos no mesmo 1958. Entraram no mundo das elites sem a capa protetora com que o caráter nos veste e despiram-se das ideias que os fizeram entrar para serem críticos.
Hoje é a véspera de uma decisão, que determinará como serão os caminhos da resistência da democracia brasileira.
Porque somos um país grande demais paraser governados, como somos, pelos homens minúsculos que chegaram ao poder pela traição.
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