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sábado, 7 de abril de 2018

Como fizeram Lula, contra sua vontade, ser um revolucionário


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Luís Inácio Lula da Silva não se dizia  um revolucionário, sempre foi um homem de reformas e de conciliação.
Ele mesmo o admitiu em seu discurso hoje, na frente do Sindicato dos Metalúrgicos, dizendo que se não acreditasse nas instituições, teria “proposto uma revolução nesse país”.
Não foi Lula quem desacreditou das instituições, foram elas que – em relação a ele – se mostraram apenas como garras e dentes de um corte social perverso que existe no Brasil.
Talvez, mais do que a prisão que se acaba de consumar, seja isso o que mais dói no peito do velho líder.
Que mal ele fez, o que ele tirou, do que privou aqueles senhores  ou à classe média batedora de panelas, que se compraz em ver um homem que em nada os prejudicou ser conduzido a uma cela?
Ou será que tocou no que lhe é mais caro, mais caro do que perder um filho, um amor, um emprego?
Tocou no que é o desenho de uma sociedade colonial, onde o povão é e deve ser desprezível, onde a favela, o nordeste, a periferia, os negros, os mestiços, os lavradores do interior o são e devem continuar a ser, mesmo que isso nos condene a viver num país de atraso, de violência, de sobressalto.
Tentamos algumas vezes o caminho de um encontro. Getúlio Vargas e João Goulart, dois fazendeiros, tentaram fazer este encontro e foram abatidos em seus planos e em suas vidas.
Pela ponta inversa, um metalúrgico, com seu “paz e amor”, tentou o mesmo e, apesar de ter, como Vargas, alcançado sucesso no desenvolvimento econômico e estrutural do país,  experimentou o mesmo ódio insano.
Talvez, por isso, ambos tenham sido revolucionários contra suas próprias atitudes e condutas políticas.
Getúlio e Lula foram ao limite e além dele em matéria de concessões políticas e o segundo nasceu gritando contra estas concessões do primeiro, até ter de encarnar, pessoalmente, o que era possível fazer na política
Vargas voltou de uma “prisão domiciliar” de seu exílio na Fazenda Itu com muito menos ilusões, o que o fez dizer, na sua posse , em 1950, ao povo que “hoje estais com o poder, amanhã sereis o poder”.
Lula voltará, também, de sua prisão política, com menos enganos.
Não que ab-rogue da paz e do amor. Mas do conceito, burguês e ilusório, de que o “republicanismo” seja capaz de garantir a ascensão do povo brasileiro ao poder de decidir seus caminhos.
As insitituições civis – muito mais que as militares, até – são a expressão de um domínio de classe e precisam funcionar sob o comando da população, e não como uma nobreza, com poderes absolutos e vitalícios, a decidir quem e como podem agir os eleitos da soberania popular exercida pelo voto.
Não são os de abaixo que concebem a ideia da revolução, são os de cima que a eles o obrigam.


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