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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Troque seu cachorro por uma criança pobre…


(tijolaço)
Leo Jaime, na música que Eduardo Dusek tornou conhecida em todos país, sugere que se “troque seu cachorro por uma criança pobre”, pedindo que se “Seja mais humano/ Seja menos canino/ Dê guarita pro cachorro/ Mas também dê pro menino/ Se não um dia desse você/ Vai amanhecer latindo”
Pois não foram poucos os latidos, nas redes sociais apoiando o monstruoso chicoteamento – amordaçado, nu e amarrado – do adolescente que furtou um chocolate de um mercado em São Paulo, que não despertou tanta revolta quanto a morte do cachorrinho brutalmente morto a pancadas pelos seguranças do Carrefour.
O filho do presidente, Eduardo, chegou a postar vídeo dizendo que quem fez aquilo com o cão não merecia o nome de ser humano. Ninguém da família presidencial lamentou que um ser humano tivesse sofrido o que nem um animal merece passar.
A imprensa, por sua vez, não aprofunda a investigação. Os dois seguranças apontados como autores da sessão de torturas pertenciam à KRP Zeladoria Valente Patrimonial, de propriedade de um coronel da PM paulista, Claudio Geromim Valente, que esteve envolvido, 20 anos atrás, no assassinato de uma jovem de 19 anos, conforme relato da Folha:
O crime aconteceu às 11h30. Segundo a polícia, o [então]tenente Claudio Geromin Valente, 29, e três outros PMs estariam revistando o menor A.S.F., 16, na favela Lacônia 2, em uma ruela de dois metros de largura, quando a metralhadora Beretta de Valente teria disparado por acidente. A empregada diarista Valdirene Francisco Alves, 19, que estendia roupa na frente de seu barraco, foi atingida.
Segundo os moradores da favela, Valente estaria sozinho e agredia o menor a coronhadas. A.S.F. teria se esquivado de um golpe e a arma, esbarrando em seu ombro, teria disparado.
Fica a dúvida sobre quais eram as instruções dadas aos seguranças no caso de flagrarem alguém furtando. Era chamar as autoridades ou “dar uma dura” para “não voltar mais aqui”, como teria ameaçado um dos dois espancadores?
Afinal, não custa dar a milhares de donos de empresas e seguranças de lojas uma lição – sem chibatadas – de que gente tem, pelo menos, o mesmo direito a não ser surrada como um cão.
Por Madalena França

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