Por Renata Abreu*
Dia 8 é o Dia Internacional da Mulher. Março é o mês das mulheres. E neste período a reflexão corre solta, embora tenhamos de pensar nas mulheres todos os dias do ano, todas as semanas, todos os meses, num esforço coletivo e contínuo para mudar uma visão do mundo tão antiga e enraizada na sociedade: mulher não gosta de política, e política é lugar para homem. Que bobagem!
Fomos acostumadas, desde a infância, a lidar com as diversas atividades cotidianas que nos são atribuídas. Quando crianças, fomos ensinadas que um dos nossos papéis na sociedade é o cuidado. E cuidar é fazer política! Conversar, expressar opiniões e entender o ponto de outra pessoa, isso é fazer política!
Não somos do grito, temos um jeitinho diferente de fazer as coisas, mais caridoso, cuidador, ouvimos mais e dialogamos mais. É o lado maternal fazendo a diferença na sociedade. A superação feminina é corriqueira, e assim somos em qualquer ambiente.
Trazemos para a vida pública o carinho, a atenção e a dedicação que sempre tivemos com nossos familiares, filhos, marido… Por isso, é importante termos representatividade feminina no poder, para que a nossa voz seja mais ativa e eficaz.
E foi justamente esses atributos e qualificações que fizeram com que eu identificasse os problemas e a realidade diversificada do nosso país, conseguindo avançar em propostas que dão mais segurança à mulher e que resultaram em duas leis já em vigor no Brasil. Uma transforma em crime a importunação sexual, com pena de prisão, e a outra, determina a comunicação imediata às autoridades policiais de casos de indícios ou violência em vítimas atendidas nas redes pública e privada de Saúde.
Lado maternal que projetou para o mundo a ex-chanceler alemã Angela Merkel. Ela era chamada carinhosamente de ‘Mutti’, que significa mãe, aquela que faz os problemas desaparecerem, que protege, que ampara, que cuida. Durante os quase 16 anos no poder, Merkel sempre falou diretamente com a população, trazendo mais confiança em seu trabalho ao longo dos anos. E deixou o cargo, em janeiro deste ano, com 90% de aprovação.
Eu sou apaixonada por política, e cada vez mais envolvida e confiante em fazer uso desta que é a melhor ferramenta de transformação social do nosso país. Sim, o caminho não é fácil. Tem a dor de deixar os filhos durante a semana quando se está trabalhando em Brasília. Política é um ambiente desgastante e desigual para as mulheres, porque precisamos conciliar a dupla ou tripla jornada de trabalho e os afazeres domésticos e familiares. Mas é gratificante.
Já avançamos muito no Brasil. Hoje, estamos presentes no mercado de trabalho, nas universidades, somos a maioria da população e a maioria dos eleitores do país. Mas ainda somos sub-representadas nas três esferas de governo. Precisamos aumentar nossa presença também nos espaços onde as decisões são tomadas, para que a maioria das mulheres (e nossas lutas) deixe de ser invisível aos olhos dos agentes públicos.
Quando uma mulher defende os direitos das mulheres, ela incentiva outras a ingressarem na política e a defenderem também. Quanto mais mulheres tomam decisões no campo político, mais escolhas são feitas a partir da nossa visão.
Mulheres, é hora de pensar fora da caixa, romper a barreira da sub-representatividade feminina e equilibrar o jogo no campo político. Topam?
*Presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo
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