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terça-feira, 16 de março de 2021

Bolsonaro permanece como verdadeiro ministro da Saúde

 


Blog do Camarotti

O movimento do presidente Jair Bolsonaro em mudar o titular do Ministério da Saúde com o anúncio do cardiologista Marcelo Queiroga para o cargo teve um objetivo principal: tentar se distanciar do desgaste político e eleitoral no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil que já caminha para as 300 mil mortes.

O médico Marcelo Queiroga foi anunciado como novo ministro da saúde ontem. O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia assume o cargo no lugar de Eduardo Pazuello, general do Exército à frente da pasta desde maio de 2020.

Ao descartar Pazuello e recolocar um médico na pasta, a estratégia foi dar um verniz científico de que haverá uma condução técnica na Saúde. No entanto, os últimos movimentos de Bolsonaro explicitaram que, apesar da mudança, ele estará no comando de todas as decisões.

Segundo interlocutores do presidente, a condição para escolher Queiroga está na certeza de que o médico obedecerá às suas determinações, como acontecia com Pazuello.

A cardiologista Ludhmila Hajjar chegou a ser indicada para ocupar o cargo, mas recusou o convite sob a alegação de que diverge do presidente na condução da pandemia.

A própria recusa de Ludhmila foi um sinal de que para ocupar a pasta, o novo titular teria que pagar um pedágio. Ou seja, não contrariar o presidente com críticas ao tratamento com cloroquina e muito menos defender medidas de isolamento social.

“Para conquistar o sonhado cargo, (Marcelo Queiroga) pode se adequar ao presidente. O problema não está no ministro da Saúde. Mas, sim, no presidente Bolsonaro”, enfatizou ao Blog um interlocutor do novo ministro Queiroga, reconhecendo que não haverá autonomia.

Bolsonaro seguiu a máxima do romance histórico “O Leopardo” do escritor italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa: algo deve mudar para que tudo continue como está. O difícil será o presidente conseguir se afastar do desastre na condução da pandemia no Brasil depois que o próprio Pazuello deixou registrado quem mandava em tudo: o próprio Bolsonaro.

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