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terça-feira, 27 de abril de 2021

Eu avisei, mas não pensei que tão cedo, eu faria falta...

Não se preocupem: eu não mudei, não fugi, não deixei de ser quem sou, não atravessei as esquinas do ilícito, não me perdi nas veredas do promíscuo. Eu apenas decidi que não quero continuar me quebrando em mil pedaços, para manter os outros inteiros.

Resolvi me recolher literalmente, ao balanço da rede. Quando minha única opção era o chicote, quem curou ou pelo menos aliviou as dores das minhas cicatrizes?

O que aconteceu com Madalena é a pergunta? Respondo com outra. Por quê? Eu já estou fazendo falta?

Quando eu chorei, cai, me machuquei, quem ou quantos seguraram minha mão?

Não foi uma atitude relâmpago. Foi um caso pensado de alguém que brigou o tempo todo por todo mundo, e viu pouca gente dizer um obrigada.

Eu não me perdi dos meus sonhos. Apenas mudei os rumos e as trilhas a ser percorridas para alcança-los.

Pensar que todo tempo eu fui o lenço do outro enquanto era Eu, minhas próprias lágrimas, não me faz amarga, mas desejosa de reaprender , reinventar, reconstruir, a viver mais leve, retirando o peso de uma sociedade, muda, cálida e apática, que carreguei como heroína por décadas sobre o madeiro da minha cruz.

Se minha mudança me faz menos importante para você, é porque você nunca  deu importância para meu ser, mas para minha utilidade. Você que nunca teve a coragem de ser "eu" acorde. Não fique triste, eu sempre estarei aqui, quando a minha consciência disser que é necessário lhe estender a mão.

E no balanço da rede , eu vejo a vida além do agora, para o depois de amanhã, onde com certeza serei mais feliz. 

Por Madalena França.





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