Jair Bolsonaro deu pistas hoje, de que virá por aí um reajuste dos combustíveis, ao dizer que “não é por maldade”, mas porque é um fenômeno mundial, a alta de gasolina e a valorização do dólar, dizendo que “pode piorar”.
Sim, ele tem razão, porque o preço do petróleo ultrapassou os 75 dólares por barril e o dólar segue em alta, neste momento rondando os R$ 5,38.
E a malsinada política de “paridade de preço internacional” impõe uma lógica perversa, que torna o preço da gasolina uma gangorra que sempre sobe, ainda mais porque deve compensar um controle maior do diesel, para não abalar as bases bolsonaristas entre os caminhoneiros.
— Alguém acha que eu não queria a gasolina a R$ 4 ou menos? O dólar a R$ 4,50 ou menos? Não é maldade da nossa parte, é uma realidade. E tem um ditado que diz: “Nada está tão ruim que não possa piorar”. Não queremos isso porque temos o coração aberto, e tem uma passagem bíblica que diz: “Nada temeis, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna”
Se invocações bíblicas resolvessem problemas da economia, bastaria chamar alguns religiosos e a crise deixaria de existir.
O problema é outro: nossa moeda sofre de uma crise de confiabilidade, sofre com a acumulação de reservas de proteção (hedge) em moeda norte americana e ainda pagando o preço de uma baixa artificial da taxa de juros, que levou o dólar às alturas.
O lado externo só nos agrava isso, com dias decisivos para as pretensões de Joe Biden de modificar o orçamento norte-americano, os gastos sociais no país e fazer um programa de investimentos públicos em a transmissão elétrica, captação e distribuição de água potável, aeroportos, portos, internet de alta velocidade, transporte público e estações de carregamento de veículos elétricos. Coisa aí de US$ 1 trilhão.
Na Petrobras, venderam-se ativos que compensavam, pelo mix de ganhos, os prejuízos do conglomerado com defasagem de preços de venda de combustíveis, reduziu-se a produção das refinarias nacionais e aumentou-se a dependência da importação de derivados.
Bolsonaro teve uma reunião hoje com o almirante Bento Albuquerque. Provavelmente, para ser advertido de que haverá “necessidade” de elevar os preços na bomba.
Que, aliás, já sobem mesmo sem reajuste nas refinarias.
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