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sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Blog do Magno Martins trás uma excelente reportagem sobre os Toyoteiros e chamou o Toyota de Uber do Agreste.

 Nós apoiamos os Toyoteiros! Trabalho digno ,suado e útil a quem não tem carro próprio!

Postado por Madalena França.

Leiam reportagem de Magno Martins.

A paisagem das estradas em geral que ligam as 19 cidades do Agreste Setentrional de Pernambuco é povoada por um automóvel diferente, mas bem familiar à sua gente: um jipe com carroceria alongada, quatro portas para acesso aos passageiros, tração nas quatro, extremamente potente, vencedor de todos os obstáculos à frente, batizado de Toyota. Seus condutores são chamados de toyoteiros.

Na prática, é o Uber do Agreste: passagem barata, variando de R$ 6 a R$ 20 (dependendo da distância entre as cidades), capacidade para transportar 12 passageiros e disponível a qualquer hora do dia. No Agreste, que vai de Surubim até a paraibana Umbuzeiro, chegando a romper a fronteira da Zona da Mata, atingindo Timbaúba, os toyoteiros formam um exército de 20 mil profissionais.

Uma gente sofrida, discriminada, prestadora de serviços de uma comunidade pobre, que não tem renda para se locomover de taxi ou ônibus. De canto a canto de Surubim, Santa Cruz do Capibaribe, João Alfredo, Jataúba, enfim, em todas as cidades eles estão disponíveis, transportam até carga.

Mas penam para viverem dignamente no mercado deles. A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), por exemplo, impediu a entrada de todo e qualquer toyoteiros na cidade. “Foi um tremendo prejuízo, porque Caruaru tem a maior e mais tradicional feira da região e o mais completo centro comercial”, diz Rona Barbosa, presidente da Associação dos Toyoteiros de Surubim.

Segundo ele, a prefeita não deu explicações convincentes. “Desconfiamos que estávamos tirando a freguesia da Caruaruense, a empresa de ônibus do pai dela”, afirma Rona. Ele está pensando em organizar um protesto contra a decisão arbitrária da tucana. “Chegamos a cogitar em fechar todos os acessos em Caruaru num dia de protesto”, disse.

Mas não é só Caruaru que reduz a renda dessa gente. Em decreto, o governador Paulo Câmara bloqueou a entrada dos toyoteiros na Região Metropolitana. Passageiros com destino ao Recife, por exemplo, são despejados em Timbó, em São Lourenço da Mata, sob pena do toyoteiros ter o seu meio de vida apreendido pela polícia.

Outro político que prejudicou os toyoteiros foi o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania). É autor de um projeto que só permite a circulação de Toyotas com no máximo 10 anos de vida útil. “Na prática, o deputado condenou os melhores veículos. Eu conheço muita gente que tem Toyotas fabricadas em 64 e são as melhores”, acrescenta Rona. 

Na contramão do projeto perseguidor de Daniel pelo menos uma voz em defesa da categoria. “Os toyoteiros são guerreiros. Transportam todos os dias inúmeras pessoas para seus trabalhos, escolas e faculdades. Não fossem eles, a região do Agreste hoje não seria tão desenvolvida como é. É por causa do trabalho e suor dessa categoria, que todos os dias saem cedo de casa para transportar pessoas, que nossa região cresce cada vez mais. Esse movimento gera fluidez, gera fluxo e gera economia”, disse o deputado estadual Diogo Moraes (PSB).

Outro parlamentar que se posicionou em defesa dos toyoteiros foi Erick Lessa, majoritário em Caruaru. Em 2019, capitaneou um movimento em favor dos motoristas do transporte alternativo. À época, mudanças no Código de Trânsito Brasileiro colocavam em risco a realização do serviço. Na condição de presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico e Turismo da Alepe, Lessa promoveu uma audiência pública com quase mil toyoteiros e representantes de vários setores, cujo diálogo serviu de base para a liberação das atividades, que impulsionam a economia regional.

ALONGAMENTO

Mesmo perseguidos e discriminados, os toyoteiros encontraram uma saída para a formalidade. Criaram três associações da categoria, uma em Surubim e duas em Santa Cruz do Capibaribe. Juntas, elas deram fôlego e combustível para o reconhecimento, por parte do Estado, da Toyota como parte do sistema de Transporte Alternativo. “Uma grande vitória para nós”, diz o toyoteiros José Fernando. De máscara, álcool gel disponível para os passageiros, ele faz diariamente a linha Surubim/Santa Cruz do Capibaribe.

Depois de Caruaru, Santa Cruz virou o melhor mercado para a categoria. “É para Santa Cruz que grande parte da nossa clientela segue com a intenção de comprar roupa”, explica Jurandir Silva, também toyoteiro em Surubim. Trabalhando desde o raiar do dia até o sol se pôr, ele faz a renda para manter sua família – três filhos e mais agregados.

Os jipes Toyota surgiram da necessidade local de ter um veículo de tração que pudesse se locomover pelas estradas esburacadas e cheias de lama da região. São o principal meio de transporte do Polo de Confecções do Agreste. Seguindo pela PE-90, começam a ser vistos a partir de Limoeiro e intensificam-se em João Alfredo, Surubim, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe Brejo da Madre de Deus e Caruaru.

Os primeiros foram fabricados em Brejo da Madre de Deus, conhecida como Capital Nacional do Toyota. Lá os primeiros jipes curtos começaram a ser alongados, ou seja, aumentados em oficinas locais, para carregar passageiros e produtos como tecidos e feiras. Devido a sua boa adaptação, começaram a ser comercializados em grande escala na região, tornando-se atualmente tão populares e caros quanto veículos de passeio de grandes fábricas nacionais.

Invenção "Made in Pernambuco", os chassis são esticados em um metro e a capacidade original passa de cinco para 12 passageiros, enquanto o volume de carga é ampliado em até uma tonelada. Chegam a custar uma média de 20 a 50 mil reais dependendo do ano, do tipo de motor e do modelo, sendo chamados de 'Limousine do Agreste'.


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