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terça-feira, 22 de novembro de 2022

Economistas escrevem carta em apoio a Lula e dizem que essa exigência de teto de gasto é uma falácia...

 

Após Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central; Edmar Bacha, ex-presidente do BNDES; 

e Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda, que apoiaram a eleição do candidato petista Luiz Inácio

 Lula da Silva, terem feito uma carta criticando a postura do presidente eleito em relação ao teto

 de gastos, outros economistas publicaram, ontem, uma carta no jornal Folha de S. Paulo 

apontando que a ideia de que o teto de gastos é fundamental para garantir a disciplina fiscal 

é uma falácia.

Assinaram o texto os economistas José L. Oreiro; Luiz C. Magalhães; Kalinka Martins;

 o professor de economia do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do Geep/Iesp-

Uerj, Luiz Fernando de Paula; e o professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro

 da Fazenda (1987, governo Sarney), da Administração e da Reforma do Estado e da Ciência

 e Tecnologia (1995-1998 e 1999, governo FHC), Luiz Carlos Bresser-Pereira.

Para eles, a longo prazo, o teto esmaga o orçamento dedicado às áreas social e de investimento

 público porque, “ao congelar em termos reais por um período de 20 anos os gastos primários,

 o crescimento vegetativo dos gastos com Previdência Social de 3% ao ano faz com que os

 demais itens do Orçamento sejam comprimidos”.

Veja a íntegra da carta:

“Nossa intenção, além de parabenizar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela 

sua vitória, é fazer um contraponto à carta dos economistas Arminio Fraga, Edmar Bacha e 

Pedro Malan, publicada neste jornal.

Os referidos economistas se opõem ao seu compromisso de revogar o teto de gastos, já que 

esse desempenha um papel fundamental de garantir a responsabilidade fiscal, mantendo a

 inflação sob controle ao assegurar a confiança do “mercado” nas políticas do governo.

A ideia de que o teto de gastos é fundamental para garantir a disciplina fiscal é uma falácia.

 De fato, o teto se mostrou incapaz de impedir que o governo de Jair Bolsonaro (PL) realizasse

 um volume de gastos de R$ 795 bilhões extrateto em quatro anos e de criar de novos gastos

 públicos a menos de seis meses das eleições.

Os economistas argumentam que o Brasil paga taxas de juros altíssimas porque o Estado não

 é percebido com bom devedor. Essa afirmação está equivocada. A avaliação de mercado sobre

 o risco envolvido em emprestar dinheiro para governos soberanos pode ser medida pelo Embi+

 (a diferença entre o juro que um país emergente cobra em relação ao cobrado pelos EUA),

 calculado pelo JPMorgan.

No dia 2 de janeiro de 2003, primeiro dia útil do seu primeiro mandato como presidente da

 República, V.Exa. herdou do governo anterior um risco-país medido pelo Embi+ de 1.374 

pontos, ou seja, um spread de 13,74 pontos percentuais sobre a taxa de juros dos títulos da 

dívida pública americana. No dia 31 de dezembro de 2010 o risco país havia se reduzido 

para 189 pontos, prova da confiança do “mercado” na responsabilidade fiscal do seu governo.

O teto de gastos foi aprovado no Senado no dia 13 de dezembro de 2016, data na qual o risco

 país medido pelo Embi+ se encontrava em 324 pontos, valor 71,42% acima do registrado no 

último dia do seu segundo governo. No primeiro dia útil do governo Bolsonaro, o risco-país 

se encontrava em 275 pontos, valor apenas 15% inferior ao observado no dia da aprovação 

da emenda do teto, mas 45,5% superior ao verificado em 31 de dezembro de 2010. A avaliação

 do mercado é clara: o teto de gastos não foi capaz de reduzir o risco-país.

Fraga, Bacha e Malan afirmam ainda que a elevação da inflação ocorrida em 2021 e 2022 foi 

resultado do descontrole dos gastos públicos no governo Bolsonaro, que “furou” o teto em 

R$ 117,2 bilhões em 2021 e R$ 116,2 bilhões (previsto) para 2022. Esse é outro equívoco.

A elevação da inflação não foi um fenômeno restrito ao Brasil e tampouco deve-se ao desequilíbrio fiscal, mas sim resultado de eventos que geraram um enorme choque de oferta a nível mundial (pandemia de Covid-19 e Guerra da Ucrânia). A inflação acumulada em 12 meses na União Europeia em outubro de 2022 se encontra em 11,3%, quase o dobro do valor observado no Brasil.

Os referidos economistas sustentam que o problema da falta de recursos para área social e investimento público não são decorrência do teto, mas da falta de prioridade do governo. Contudo, o teto é um elemento que impõe um esmagamento a longo prazo sobre o orçamento dedicado a essas áreas, pois ao congelar em termos reais por um período de 20 anos os gastos primários, o crescimento vegetativo dos gastos com

 Previdência Social de 3% ao ano faz com que os demais itens do Orçamento sejam 

comprimidos.

Durante o governo Bolsonaro, além da redução do investimento público e dos recursos nas

 áreas de saúde e educação, os salários dos servidores foram reduzidos de uma média de

 4,4% do PIB dos governos FHC, Lula, Dilma e Temer para menos de 3% do PIB em 2022.

 Esse ajuste chegou ao seu limite, não sendo mais sustentável mantê-los comprimidos,

 tornando o teto inviável.

Concluindo, entendemos ser legítimo e viável abrir espaço no Orçamento para viabilizar

 gastos públicos para enfrentamento da crise social e econômica, que deverá ser combinado, 

quando empossado, com adoção de uma nova regra fiscal que combine flexibilidade

 orçamentária com sustentabilidade da dívida pública”.

Postado por Madalena França

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