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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

O retrato do velho, outra vez

 


Nada tem de novo e só aos tolos impressiona o “terrorismo das boas intenções” dos economistas neoliberais diante da atitude reiterada de Lula em proclamar que os compromissos sociais assumidos em sua campanha, dizendo na mídia que se apavoram diante da “possibilidade” de que seu governo seria irresponsável com as contas públicas.

Desde os anos 80, essas maluquices são usadas para ‘domar’ a vontade eleitoral dos brasileiros: o país ia “quebrar” com os direitos sociais instituídos na Constituinte, 800 mil empresários iriam deixar o Brasil se Lula fosse vitorioso nas eleições de 1989 e, em 2002, o “efeito Lula” na especulação lançou o dólar nas alturas. a um valor que, corrigido pela inflação, andaria na casa dos R$ 10.

O Brasil não quebrou, os empresários não fugiram e o dólar e os juros não vão subir, mas baixar. Sobretudo estes últimos, que estão absurdamente altos, mesmo descontada a inflação.

Nosso jornalismo econômico, salvo raras e excelentes exceções, comporta-se como papagaio de pirata do jogo financeiro, desprezando os fatos e criando, ciclicamente, novos altares nos quais se devem imolar as nossas pretensões e justiça e desenvolvimento. Já foi o “tripé macroeconômico”, foi o “teto de gastos” – já estuporado durante anos – como é agora a “responsabilidade fiscal”.

Tudo é pressão política nisso aí. E de curto prazo, porque, como antecipa o experiente José Paulo Kupfer, em artigo no Poder 360, “daqui a pouco, gente do mercado que ganha dinheiro com o suor do rosto e análises bem feitas dos fundamentos econômicos vai dar um basta na brincadeira especulativa.”

Até porque todos eles sabem que as perspectivas da economia, em lugar de serem ruins, têm sinais positivos para os próximos meses. Tanto para a produção quanto para a inflação, os preços da energia estão em trajetória de queda, há demanda reprimida e capacidade ociosa herdados da crise de 2020.

Lógico que não será também um mar de rosas, diante dos temores de recessão mundial e, particularmente, de estagnação da economia chinesa. Mas nem uma nem outra estão perto de irem muito além do que já foram.

Mas, como crise é oportunidade, também não é desprezível o fato de voltarmos a ser, como já está claro, uma das poucas possibilidades mundiais de investimento, exatamente por conta destes horizontes mais limitados.

Não dá para deixar de pensar que, em matéria de economia, é a ausência de um empresariado e de uma elite do pensamento econômico que tenham capacidade de enxergar a mais de um palmo do nariz – ou da “féria do dia”, como se fossemos um botequim de esquina – e saiba explorar os caminhos que estão abertos diante de nós.

É inacreditável que reclamem de um alívio do teto até para investimentos – pequeno e ainda por cima condicionado a obtenção de receitas extras – que possa apenas fazer frente à paralisia de obras e programas já existentes, e que minimamente ajudem a mover a economia e o emprego, além de – na própria linha de responsabilidade fiscal – evitarão que gastos já realizados fiquem parados, a dissolverem-se no tempo.

Mas não vão, porque ao botar “o retrato do velho outra vez”, o Brasil sinaliza que vai entrar num momento de dinamismo econômico. Passou a era da destruição.

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