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terça-feira, 22 de março de 2016

Mais de mil escritores e intelectuais assinam manifesto em defesa da democracia

terça-feira, 22 de março de 2016



#NaoVaiTerGolpe


Foi publicado, no início da tarde desta segunda-feira, o texto final do manifesto que reúne assinaturas de cerca de mil autores e profissionais do mercado livreiro em defesa da democracia. Desde sábado, um grupo no Facebook vem recolhendo assinaturas do setor em prol dos “valores democráticos” e o “exercício pleno da democracia em nosso país, de acordo com as normas constitucionais vigentes, no momento ameaçadas”.

Capitaneado pelos escritores e editores Alberto Schprejer (Ponteio), Daniel Louzada (Leonardo da Vinci), Haroldo Ceravolo (Alameda), Ivana Jinkings (Boitempo), Marcelo Moutinho e Rogério de Campos (Veneta), o manifesto reúne, até o momento, nomes como Antonio Candido e Chico Buarque.

Milton Hatoum, Bernardo Carvalho, Laerte, Slavoj Zizek, Leonardo Padura, Elisa Lucinda, Angelica Freitas, Lira Neto e Raduan Nassar também assinam o texto. O abaixo-assinado estará disponível para o público em geral no site de petições eletrônicas “Avaaz”.

Leia a íntegra do manifesto:

“Escritores e profissionais do livro pela democracia”

Nós, abaixo assinados, que escrevemos, produzimos, publicamos e fazemos circular o livro no Brasil, vimos nos manifestar pela defesa dos valores democráticos e pelo exercício pleno da democracia em nosso país, de acordo com as normas constitucionais vigentes, no momento ameaçadas.

Não podemos imaginar a livre circulação de ideias em outra ordem que não seja a da diversidade democrática, gozada de forma crescente nas últimas décadas pela sociedade brasileira, que é cada vez mais leitora e tem cada vez mais acesso à educação.

Ainda podemos nos recordar facilmente dos tempos obscuros da censura às ideias e aos livros nos 21 anos do regime ditatorial iniciado em 1964.

A necessária investigação de toda denúncia de corrupção, envolvendo a quem quer que seja, deve obedecer às premissas da legalidade e do Estado democrático de direito.

O retrocesso e a perda dos valores democráticos não interessam à maioria do povo brasileiro, no qual nos incluímos como profissionais dedicados aos livros e à leitura.

Ao percebermos as conquistas democráticas ameaçadas pelo abuso de poder e pela violação dos direitos à privacidade, à livre manifestação e à defesa, combinadas à agressividade e intolerância de alguns, e à indesejada tomada de partido por setores do Poder Judiciário, convocamos os profissionais do livro a se manifestarem em todos os espaços públicos pela resistência ao desrespeito sistemático das regras básicas que garantem a existência de um Estado de direito.

Dizemos não a qualquer tentativa de golpe e, mais forte ainda, dizemos sim à Democracia.”

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