A manchete da Folha mostra que, para os Bolsonaro, os valores de família incluem, nos últimos anos, a formação de um respeitável patrimônio imobiliário que, em 30 anos – desde que o ex-capitão se elegeu vereador – multiplicou-se, em valores reais, 1.500 vezes.
A rigor, a matéria tem pouco de original, porque a grande imprensa sempre ignorou a expansão imobiliária do deputado, detalhada há quase dois anos pela Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual. Mas, como a mídia de esquerda “não vem ao caso” para os grandes jornais, vale o “antes tarde do que nunca” para a Folha.
O jornal aponta alguns negócios “esquisitos”, como comprar casas 30% mais barato do que haviam custado 4 meses antes e depois de reformas. Ao menos no valor declarado na escritura, o que abre a possibilidade de que seja a aplicação do conceito que o próprio deputado revelou em entrevista que sonega “tudo o que for possível”.
Claro que isso não vai produzir efeitos imediatos no outro patrimônio que lhe vem crescendo: o eleitoral. O que a mídia conseguiu fazer neste país não se reverte assim, facilmente: criou-se um exército de fanáticos, intolerantes, uma legião de pessoas que se guiam apenas por um ódio vazio, do qual Bolsonaro se aproveita.
Mesmo não encolhendo de imediato, porém, colocar Bolsonaro na chuva é sinal de que se inicia o movimento que complementa a ofensiva para excluir Lula da eleição, que é o de evitar que a besta-fera se consolide como, neste caso, o favorito nas eleições.
O episódio serve, mais que tudo, para provar onde nos leva o moralismo.
Aliás, a melhor providência a tomar quando aparecem os moralistas é por a mão na carteira, para evitar que ela se vá.
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