Há priscas era, um programa de televisão destes que vendiam carnês antes do Sílvio Santos tinha como atração um quadro onde o participante era fechado numa “cabine à prova de som” e tinha de responder a perguntas com um “sim” ou não” quando se ia oferecendo que trocasse o prêmio com que começava a brincadeira por outros, de menor ou maior valor.
A manchete de hoje do Estadão, dizendo que, em benefício de uma coligação nacional para Geraldo Alckmin, os tucanos abririam mão da cabeça de chapa para apoiar Márcio França, do PSB é destas que fazem lembrar a cena acima. Algo que, se não for apenas um “balão de ensaio” vai remexer os intestinos do PSDB, não só em São Paulo, mas em escala nacional.
Há hoje poucas dúvidas de que, com um candidato tucano, mesmo com um mau desempenho de Alckmin em escala nacional, o favoritismo para o Governo de São Paulo é do PSDB. Mas a colagem eleitoral dos pedaços que compõem o tucanato paulista quase que certamente não consegue resistir a um comando do governador para que entreguem a cidadela que lhes restou.
Já seria difícil se Alckmin estivesse no primeiro escalão dos participantes da disputa presidencial; no limbo em que se encontra não é difícil esperar que seja impossível. Até porque seria, como na cabine à prova de som daquele programa de TV, trocar tudo por um pé de alface.
O serpentário paulista, certamente, vai aumentar seu estado de agitação. Dória, mesmo tendo voltado a uma postura menos exibida, nunca arquivou suas ambições. O que resta do “serrismo”, também. O vizinho Skaf tem tempo de televisão para abrir portas e até o “mito” Bolsonaro tem cacife, em terras bandeirantes, para oferecer palanque.
Como tudo o que não faz sentido, a possibilidade tende a ser nula. Mas como no Brasil de hoje, onde o que não tem sentido vem se transformando em realidade, pode ser que isso vá além de uma simples acomodação de ambições.
E que jogue o maior colégio eleitoral brasileiro numa fragmentação inédita, ao menos desde que Collor venceu ali nos dois turnos de 1989.
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